Hic et nunc – Por Nena B.
Aqui e agora. Maldição ou profecia? O naturalista francês August de Saint Hilaire, durante bordejos tropicais no século XIX, escreveu que "talento e instrução só chegarão à província do Espírito Santo com extrema vagareza". Passados mais de cento e cinqüenta anos, o que vemos? A cultura intelectual continua na província. Incapaz de criar situações além do previsível. Falta invenção. Falta ousadia. Vivemos de acompanhar a história, muito longe de interferências radicais. A dança continua careta. A música insossa - ou é mpburra, ou é jazz comportadinho, ou é subproduto de rock. O teatro... ah! o teatro. É verdade que as artes plásticas e a literatura saíram da ignorância e deram um pequeno passo além da normalidade. Mas ainda é pouco.
Numa retrospectiva poderíamos identificar apenas dois momentos em que a cultura de ponta" tentou se impor. Primeiro nos anos adjacentes ao hoje já obsoleto ano de 1968. Vitória tinha um eficiente Museu de Arte Moderna. O cinema vivia o seu único ciclo através da produção de mais de dez filmes de ficção realizados com tecnologia precária, porém com conteúdo rico e original. O teatro tinha qualidade e público. A música propunha estéticas novas. A poesia idem. Mais recentemente tivemos uma segunda tentativa. Numa dimensão menor - pois restrito praticamente à Ufes - o fenômeno "Balão Mágico" também mantinha a intenção de ruptura e ousadia criativa. E não restou nada. Ou muito pouco.
Hoje, além do sonho da Fundação Krajcberg, não se consegue identificar sinais de transformação por perto. Talvez uma boa promessa seja o vídeo, pelo seu poder e baixo custo.
Mesmo que ainda timidamente, têm sido realizadas produções que despertam interesse. A amplitude de sua aplicação como meio pode colocar a província em sintonia com o universo na área de cultura intelectual, e, queiram os deuses, longe do conservadorismo das teses pós-modernistas. Lembramos que Mc Luhan, via Shakespeare, já esclareceu que com a televisão "o palco é o mundo". Mundo que vive atualmente o seu momento crucial de contraste entre tecnologia e miséria.
No plano político nacional, os possíveis benefícios sociais dos ares renovados não garantem necessariamente um melhor ambiente para a arte de invenção. Além de possíveis mentiras impregnadas nos discursos, sabemos que historicamente a grande maioria das esquerdas têm medo das revoluções estéticas, como já dizia a vovó Glauber Rocha. A coisa tende a ficar restrita à cultura popular e ao realismo social. Precisamos de um panorama mais amplo.
Aqui na província talvez uma dieta resolva. Deverá incluir entre outras coisas - arroz integral, soja, cerveja e antenas parabólicas. Se liguem. Ou descolem um ticket para o Japão.
O autor é artista multimídia.
Fonte: Painel – Informativo Cultural, maio-junho/1989, Departamento Estadual de Cultura – Ano III – nº 05
Autor: Nena B.
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016
Conhecendo a história conseguimos entender o nosso tempo
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