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Insurreição de Queimado

Igreja de Queimado, na Serra - ES

O professor Estilaque Ferreira, que se doutorou na Universidade de São Paulo (USP) e é professor de História do Brasil na Ufes, estuda Afonso Cláudio há dois anos. Há alguns anos descobriu um manuscrito inédito de 350 páginas do governador e historiador. "Se sabemos da existência do Quilombo de Queimados e da luta dos escravos é graças a Afonso Cláudio. Foi ele ainda quem descobriu que Domingos José Martins era capixaba", assinala o professor.

Afonso Cláudio foi estudar Direito em Recife, tornando-se abolicionista. De volta ao Espírito Santo, foi trabalhar no jornal "A Província do Espírito Santo", de Muniz Freire e Cleto Nunes. Estudou a história dos negros no Estado, particularmente a revolta do Quilombo de Queimados, na Serra.

A Insurreição do Queimado, escrito em 1884, é o mais esclarecedor documento sobre a revolta ocorrida na Serra, de autoria de Afonso Cláudio.

A Insurreição do Queimado aconteceu no município de Serra, em 1849. Vários escravos se rebelaram para cobrar uma promessa feita por Frei Gregório José Maria de Bene. Na época, o missionário italiano desejou construir uma grande igreja na região de Queimado, município de Serra. Para isso, Gregório convenceu os escravos a trabalhar na obra com a promessa que todos seriam alforriados.

Como o prometido não foi cumprido, durante cinco dias, liderados por Elisiário, os revoltosos percorreram as fazendas obrigando alguns donos de escravos a assinar cartas de alforria. O movimento foi contido pela polícia da província. Os rebelados foram presos e julgados, cinco deles foram condenados à morte.

Um milagre salvou o líder da insurreição. Elisiário escapou da cadeia, depois que a cela foi esquecida aberta. Os negros atribuíram o acontecimento a Nossa Senhora da Penha. Elisiário refugiou-se nas matas do Morro do Mestre Álvaro e nunca mais foi recapturado.

A insurreição foi o maior movimento em favor da liberdade registrado no Estado, que travaram uma batalha que culminou com centenas de mortos.

 

Fontes: Estação Capixaba, Século Diário e outros, 2001



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