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Jerônimo Monteiro - Capítulo XVIII

Jerônimo Monteiro acompanha o Presidente Nilo Peçanha na saída do palácio do governo (1910). APEES — Coleção Jerônimo Monteiro

A 23 de janeiro de 1909, o Dr. Jerônimo foi apresentar à Junta de Revisão Eleitoral sua petição para ser incluído, como eleitor, no município da Capital. Pessoalmente, com toda a simplicidade, compareceu na hora determinada, mas não encontrou ninguém para atendê-lo... É o que se lê no "Comércio do Espírito Santo”. Certamente, tratava-se de uma Repartição Federal. As estaduais andavam na linha!

Ao assumir o Governo, em 1908, precisou melhorar as condições do Palácio. Reformou toda a rede de esgotos, fez a canalização de água e instalou a luz, quando inauguradas na cidade. Alargou e melhorou diversos cômodos. Vimos que, no mesmo prédio, funcionavam diversas Repartições. Destinados ao Gabinete do Presidente e às audiências, receberam os salões do palácio os necessários melhoramentos e tornaram denominações representativas de homenagens a vultos e fatos da História do Espírito Santo e do Brasil. Assim, um foi denominado Henrique Coutinho; outro, Domingos Martins, em honra desses ilustres espírito-santenses. Outros denominaram-se Salão da Bandeira, dedicado ao símbolo de nossa Pátria; Salão Azul e Salão Róseo, conforme as cores que seriam instituídas para as Armas do Estado, pelo Decreto n° 456, de 7 de setembro de 1909. Essas cores deviam figurar em todos os papéis oficiais. Um dos salões, o dos Despachos, teve a "Galeria dos Presidentes do Estado", na qual, o Dr. Jerônimo colocou logo o retrato do Dr. Moniz Freire. Essa galeria foi inaugurada a 1° de janeiro de 1909. E como prova de seu espírito de conciliação devemos assinalar o seguinte fato: Quando, em fevereiro, março de 1909, o ex-Presidente esteve na Capital, anunciada sua recepção pelos antigos partidários, alguns governistas exaltados pretendiam fazer-lhe manifestação hostil, ou de desagrado. Ciente, o Dr. Jerônimo condenou tal ideia e declarou: "Se tal acontecer, eu serei o primeiro a descer as escadas do Palácio e dar o braço ao Dr. Moniz Freire".

A viagem do Senador estava anunciada pelo Manaus, que devia chegar, em princípios de fevereiro. O Dr. Jerônimo mandou seu Ajudante de Ordem recebê-lo a bordo.

Outros personagens ilustres figuraram nos salões preparados pelo Dr. Jerônimo, para o expediente do seu Governo: Domingos Martins, Rio Branco, Joaquim Nabuco, Benjamim Constant, Pinheiro Machado (que o hostilizava...), Quintino Bocaiuva, Francisco Sales, Henrique Moscoso, Costa Pereira, José Cesário, Gil Goulart, Alcindo Guanabara, José Carlos de Carvalho, Eliseu Martins, Galdino Loreto, Cleto Nunes, Domingos Vicente e Eugênio Amorim.

Quase todo o mobiliário do Palácio foi reformado. Para o salão de Honra, vieram da Europa três belos grupos de estilo clássico e dois ricos aparadores, um dos quais coberto de mármore da Rússia, todo marchetado de incrustações furta-cores, semelhantes a madrepérolas. Escreveu o Presidente

 

“que dão a ilusão de terem sido ali postas por algum artista muito hábil. Esta pedra esteve, por algum tempo, exposta no Museu do Louvre, onde foi muito apreciada e estimada.”

 

A mobília antiga do Salão de Honra passou para o Domingos Martins, depois de convenientemente retocada.

Aconteceu, porém, que o Palácio, em 1911, estava com o madeiramento do telhado a reclamar inteira reforma. Todo estragado! Contratou o Dr. Jerônimo, com o Eng. Justin Norbert, a reconstrução completa do edifício, mesmo porque seu aspecto geral contrastava com a transformação que se operava na cidade, a renascer e embelezar-se, consequente das novas construções. Estava, de certo, em flagrante infração das posturas municipais com a aparência de velho convento abandonado!...

A Lei n° 638, de 21 de dezembro de 1909, no seu § Único, autorizava o Presidente do Estado a negociar com o Bispado a desapropriação da Igreja de São Tiago, junto ao Palácio, a fim de reconstruí-la e adaptá-la a Repartições Públicas, que não mais se continham nas estreitas dependências, até então alojadas. Tratava-se, aliás, de um templo arruinado, cujo interior sofrera o pavoroso incêndio de 1796, que destruiu as esculturas e os dourados finíssimos, feitos pelo Irmão Domingos Trigueiros. Somente a frontaria e as torres eram obras jesuíticas. O Dr. Jerônimo mandou que se conservasse a torre principal, com os sinos e o relógio histórico e querido dos vitorienses, que marcava as horas e os quartos-de-hora. Na torre estava o Semáforo, com as bandeirinhas de aviso aos interessados pela chegada dos navios.

Todas as negociações relativas à Igreja de São Tiago realizaram-se, de acordo com a Nunciatura Apostólica e o Sr. Arcebispo do Rio de Janeiro, autoridades competentes para o julgamento do caso. Não houve, portanto, nenhuma iconoclastia, nenhum sacrilégio. As imagens, ali colocadas, após o referido incêndio, foram transferidas para a Igreja de São Gonçalo, que se tornou sede paroquial, a partir de 10 de novembro de 1911.

Homem culto, devotado à História, Dom Fernando exigiu, porém, que se conservasse o túmulo do Pe. José de Anchieta, conforme documento firmado, a 29 de novembro do mesmo ano.

A demolição da Misericórdia e da São Tiago era consequência da evolução das cidades! O Rio de Janeiro perdeu sua histórica e bela Igreja de São Pedro. O Passeio Público e o Campo de Santana sofreram reduções. O Parque Moscoso, um dos mais belos do Brasil, no primeiro quarto do século XX, vai-se destruindo com o maior prejuízo da área verde da cidade, tão preciosa para a saúde do povo, mormente das crianças!... Vitória, mesmo em nossos dias, perdeu o belo e majestoso Quartel da Polícia. E sua catedral de finíssimas obras de talha foi demolida, em 1918, sem se conservarem ao menos suas preciosas imagens históricas, tais como a de Nossa Senhora da Vitória, vinda após a guerra holandesa e reformada, em meados do século XIX, no Rio de Janeiro. Era conservada para as inesquecíveis procissões de 8 de setembro, Dia da Cidade.

No plano de reconstrução do Palácio entraram a elevação de todo o edifício, rasgamento de suas acanhadas portas e janelas, revestimento de toda a fachada, platibandas e cornijas, aberturas da entrada principal, na parte fronteira ao Cais do Imperador. Lembremo-nos de que só havia uma entrada ao lado da Igreja de São Tiago, de modo que a residência do Presidente era verdadeira prisão. Devia, ainda, o contratante reconstruir a escadaria de acesso ao Palácio. Começava na pracinha, junto ao Cais do Imperador, e terminava na antiga Praça Marcelino Tostes, hoje parte da Rua Nestor Gomes. Fez, ainda, o construtor a escada de acesso à Praça Dr. João Clímaco, ao lado do Congresso Legislativo.

Diz a "Mensagem" de 1912: — "Em substituição à antiga escadaria, reta e simples, foi construída ali uma nova, de bela perspectiva, capaz de fazer honra a qualquer centro civilizado".

Nos ângulos principais da escadaria, foram colocadas estátuas das quatro estações. E muita gente, ao passar diante delas, tirava o chapéu...

O mesmo Eng. Justin Norbert contratou a construção de um grande edifício, para as Escolas Normal e Anexas, ligado ao prédio do antigo Ateneu Provincial que foi todo reconstruído e adaptado ao plano da nova obra. Ficou, assim, a Capital do Estado do Espírito Santo dotada de um dos mais belos e bem aparelhados edifícios escolares do Brasil naquele tempo e que ainda podemos apreciar.

                                     * * *

Enquanto, porém, cuidava desses empreendimentos, voltava-se o Dr. Jerônimo para a Fazenda Sapucaia, visitada a 19 de maio de 1910; para o Quartel da Polícia e a cadeia, a fim de observar a situação dos detentos e levar-lhes uma palavra de conforto; para o Asilo Coração de Jesus, ao qual, de acordo com a Lei n° 673, de 12 de novembro de 1910, concedeu energia elétrica de forma gratuita. E, ainda, encontrava tempo de ser mordomo da Santa Casa da Misericórdia, cargo assumido a 1° de agosto do mesmo ano.

Seria esse ano (1910) de crescente atividade. A 20 de julho, inaugurou-se a luz na cidade do Espírito Santo, a histórica Vila Velha de todos os tempos! Entre os diversos festejos e manifestações de alegria do povo, destacou-se o recitativo "As Moedinhas", pela menina Iolanda Adnet.

Foi uma passagem feliz, para o Dr. Jerônimo, após a inauguração do trecho da Estrada Leopoldina a Matilde, com a presença do Presidente Nilo Peçanha.

A 23 de abril de 1910, o "Comércio do Espírito Santo" divulgava um telegrama do Dr. Florentino Avidos, Engenheiro da ex-Sul do Espírito Santo, que dizia estar concluída a ligação dos trilhos entre as estações Moniz Freire e Matilde, na mesma estrada, agora Leopoldina Ry.

Realizou-se festa, em Cachoeiro do Itapemirim, quando o retrato do Dr. Jerônimo foi conduzido pela mocidade das escolas nas ruas, aos acordes de uma Banda de Música e grande massa popular, até a redação do "Alcantil", onde foi posto junto ao retrato o Dr. Júlio Leite, fundador do jornal.

Na Vitória, promoveu-se uma subscrição popular para a feitura de um retrato do Presidente, em tamanho natural. Seus promotores foram os Srs. Clímaco Sales, Cirilo Tovar e Domingos Vicente Gonçalves de Souza.

A entrega do retrato realizou-se a 10 de maio de 1910.

No mesmo dia 23 de abril, o Congresso Legislativo Estadual, sob a Presidência do Sr. Júlio Leite, que, desde 20 de março do mesmo ano (1910), substituía o Dr. Paulo de Melo, elegeu, por unanimidade, o Cel. Marcondes Alves de Souza, 2° Vice-Presidente do Estado.

(O leitor vai guardar esse registro: — eleição por unanimidade).

Exercia o Cel. Marcondes o cargo de Presidente do Governo Municipal de Cachoeiro do Itapemirim.

                                     * * *

Preocupado com os trabalhos no interior do Estado o Presidente viajou para conhecer diversos empreendimentos. Assim, a 16 de maio de 1910, seguiu de trem para a estação de Fundão, na Estrada de Ferro Diamantina. Daí percorreu, a cavalo, grande extensão da estrada de rodagem em construção, que devia ligar a referida estação à Vila de Santa Teresa. Providenciou modificações, que a tornassem trafegável, por trole ou automóvel, para transporte de cargas e passageiros; favorecia a exportação de produtos daquela promissora zona. Assim, o Dr. Jerônimo antevia já o movimento de veículos mais rápidos e confortáveis, num tempo em que o Espírito Santo não conhecia um automóvel!

Carros de bois!... Tropas!... Cavalos e burros!... E ele já providenciava estradas para automóveis!...

                                     * * *

Foram preparados, no Palácio, cômodos especiais para a hospedagem do Presidente da República: dormitório, com saleta-secretaria e gabinete sanitário.

Festiva recepção teve o Dr. Nilo Peçanha, em Cachoeiro do Itapemirim, a 26 de junho, à noite. A 27, pela manhã, em companhia do Dr. Jerônimo, do Ministro da Viação, de auxiliares do Governo, jornalistas, autoridades municipais, etc., na cabeça da nova ponte, construída especialmente para a estrada, foi recebido pelo Dr. Artur César, representante da Diretoria da Leopoldina Ry., que proferiu o discurso congratulatório e descritivo do trabalho realizado.

Desfeito o laço verde-amarelo, os Presidentes e suas comitivas tomaram o trem, que seguiu para Vitória, onde, mais uma vez, o povo foi para as ruas e deu vivas!... A mocidade das escolas formou alas, desde o Cais do Imperador até a porta do Palácio, ainda ao lado da Igreja de São Tiago.

No dia 28, o Presidente da República, à noite, das janelas do Palácio, assistiu à festa veneziana. Linda festa, na Baía da Vitória, tão bonita, em tempos que se foram!...

O dia 29 de junho de 1910, assinalou o Governo do Dr. Jerônimo, com uma expressiva solenidade: a pedra fundamental das Obras do Porto, cujo lançamento foi presidido pelo Presidente da República. Discursou o Dr. Artur de Lima Campos, Fiscal do Governo, junto às Obras, e os Drs. Carlos Américo dos Santos, e Rwlins, diretores da Companhia Concessionária.

Após as visitas, as excursões e o banquete, o Dr. Nilo Peçanha entregou ao Dr. Jerônimo 200$000, para o Asilo Coração de Jesus.

No dia 18 de julho, iniciaram-se as viagens diretas do Rio de Janeiro ao Porto de Argolas, com a chegada, à noite, do primeiro trem de passageiros.

A inauguração do trecho Cachoeiro-Matilde, da Estrada de Ferro Leopoldina, proporcionou ao Dr. Jerônimo estreitar relações com o Governo Federal.

Conta-se que, ao desfazer o laço, na cabeça da ponte, o Dr. Nilo Peçanha dirigiu-se ao Presidente do Estado, à meia-voz: — "Jerônimo, mais uma fita".

Não se tratava, porém, de um gracejo, e sim de reconhecimento às obras realizadas e inauguradas, cujas fitas o Dr. Jerônimo punha, sempre, em outras mãos, para serem desfeitas. Jamais se adiantava ao Poder Legislativo, que lhe dava as Leis, para o Governo do Estado.

Assinalemos que, no banquete realizado no Palácio, ao agradecer essa homenagem, o Presidente Nilo Peçanha declarou que

 

“o Governo do Espírito Santo nem um favor tinha recebido de sua parte nem dos seus ministros.

Não foi, disse S. Exa., — a inauguração de um melhoramento de grande importância para o progresso da Nação que trouxe o Presidente da República à Capital do Espírito Santo: aqui veio, também, para dar um testemunho de apreço ao Dr. Jerônimo Monteiro, cuja administração laboriosa e fecunda tem sido de reais benefícios, para o progresso e o desenvolvimento do Estado.

 

A 12 de agosto, o Dr. Lima Campos comunicava ao Dr. Jerônimo estar de viagem, para as Obras do Porto, grande parte de material fixo e flutuante, procedente da Inglaterra.

Simultaneamente, o Loide Brasileiro deu despacho livre de direitos aduaneiros ao material destinado às referidas obras.

                                     * * *

Enquanto, porém, o Dr. Jerônimo estava nessa atividade festiva e compensadora dos seus esforços pela grandeza do Espírito Santo, o irmão Bispo Diocesano viajara para São Mateus, voltado ao trabalho missionário, entre brasileiros e imigrantes, até a Serra dos Aimorés, atualmente Nova Venécia, Santa Leocádia, Itaúnas... o chamado "fim do mundo", naquele tempo! "O povo aqui é muito pobre! — escreveu Dom Fernando.

Mas devia o Presidente do Espírito Santo suportar, ainda, seu calvário, como todos os que têm merecimento e, por isso, despertam a inveja e a oposição, em sua trajetória de idealismo e renúncia.

Decepcionado com a conclusão da Estrada Leopoldina Ry., o Dr. Moniz Freire movia campanha de descrédito, na imprensa do Rio de Janeiro, contra sua própria terra que chamava de Estado falido, além de outras referências demolidoras!

Vimos que o Dr. Jerônimo conservava-se em silêncio, diante das acusações diretas à sua pessoa. Evitava mesmo que os amigos o defendessem. Apenas "conversava com os olhos", nas visitas a Dom Fernando.

Agora, porém, que tão fortes acusações atingiam o próprio Estado, no "Jornal do Comércio", do Rio de Janeiro, ele e seus auxiliares protestaram pela imprensa, com a prova do funcionalismo em dia; água e luz, na cidade; esgotos quase concluídos; pagamento dos compromissos e outras iniciativas — providências que o ilustre Senador não tomara, em dois quadriênios de Governo. O "Diário da Manhã" apontava, em suas colunas, o Hospital do Suá, na areia, e o Quartel de Polícia, como habitação lacustre, enquanto a dívida interna do Estado, a 23 de maio de 1904, montava a importância de 6.127:229$451, conforme o Certificado do Contador interino, Francisco de Lima Escobar Araújo, a 3 de agosto de 1910. Entretanto, nessa data, faltava, somente, o pagamento de 123:110$889.

Extraordinária foi a reação do povo: Vila Rubim, em peso, protestou contra a atitude do Senador. Cachoeiro do Itapemirim, igualmente, a 4 de agosto de 1910, enviou Moção de solidariedade ao Dr. Jerônimo, assinada pelo Cel. Marcondes Alves de Sousa, Presidente do Governo Municipal, Custódio Moreira Fraga, Aguillar Freitas, Basílio Pimenta e Antônio Alves da Cunha.

Outros municípios foram aderindo à causa do Governo, à medida que as notícias se espalhavam (Lembremo-nos de que não havia rádio. Chegavam as notícias do interior, pelos viajantes, disse-me-disse, raramente os jornais).

                                     * * *

A 28 de agosto, o Dr. Jerônimo seguiu para o Rio de Janeiro, a fim de retribuir a visita do Dr. Nilo Peçanha. Se festiva realizou-se a partida, com a estação de Argolas, tomada pelos auxiliares do Governo e o povo que cercava sempre o Presidente, a passagem nas estações decorreu, em verdadeira apoteose! Desde Viana, estavam enfeitadas e repletas de gente! Flores! Vivas! Foguetes!...

Em Cachoeiro do Itapemirim, foi um delírio!... O Presidente desceu do trem, recebido com flores e vivas!

Em Campos, cerca de oito mil pessoas juntaram-se na estação, apesar da hora!... Discurso do Deputado Pereira Nunes!

Tudo porque, para saudar o Dr. Jerônimo, o povo não tinha hora; aguardava-o de pé, à noite e pela madrugada!

Chegou o trem a Maruí, às 7 horas, do dia 29, e ali estavam o Representante do Presidente da República, autoridades do Estado do Rio, amigos, etc. (Lembremo-nos de que a Estrada terminava em Niterói. Tomava-se a lancha, para o Cais Pharoux).

No Rio de Janeiro, foi o Dr. Jerônimo recebido, pelo Dr. Francisco Sá, Ministro da Viação e outras altas autoridades, além da bancada espírito-santense, na Câmara e no Senado. Bandas de Música dos Bombeiros, da Infantaria da Marinha e de três batalhões do Exército, em conjunto, executaram o Hino Nacional.

Às 9 horas, organizou-se o préstito para o Grande Hotel da Lapa, em cuja frente estava a Banda da Brigada Policial, para receber o visitante, aos acordes do Hino Nacional.

Ao sair do Cais Pharoux, o Dr. Jerônimo e o representante do Presidente da República tomaram o landolé presidencial. Formou-se, então, o cortejo de vinte e cinco automóveis até o hotel. Aí, no salão nobre, o Dr. Jerônimo ofereceu a todos uma taça de champagne e fez uma saudação de agradecimento ao Presidente Nilo Peçanha, representado pelo Ministro da Viação.

Às 14 horas, acompanhado pelo Dr. José Bernardino Alves Junior, esteve no Catete, em visita oficial, ao Presidente da República.

No dia seguinte, voltou para oferecer a S.Exa. a medalha de ouro comemorativa da visita ao Espírito Santo.

Banquetes, almoços e festas!...

No regresso à Vitória — já se sabe — o povo saiu para as ruas, a fim de receber o SEU Presidente, com flores, foguetes e vivas!

                                     * * *

Vimos que, no extraordinário trabalho da Reforma do Ensino, cuidou-se especialmente da formação cívica dos pequenos espírito-santenses; foram introduzidos nas escolas diversos hinos e, de modo especial, o culto à Bandeira. Devia o pavilhão nacional figurar em todas as salas de aula e tremular, nas paradas escolares.

O Ginásio Espírito-Santense recebeu sua Bandeira, entregue festivamente pelo Dr. Jerônimo, em julho de 1911.

Mas, entre esses atos de veneração ao lábaro nacional, destacou-se o dia 21 de abril de 1910, quando a Sra. Cecília Monteiro ofereceu uma Bandeira Nacional ao Batalhão Policial. Às 11:30 horas, formadas, na frente do Palácio, as aulas da Escola Normal do Estado, sob a direção do Dr. Diocleciano de Oliveira, aguardaram a passagem do Presidente do Estado, que desceu em companhia da esposa e dos filhos e dirigiu-se ao quartel. Na frente, o jovem Francisco Monteiro conduzia a Bandeira; Jerônimo Filho, o talabarte; enquanto o aluno Darcy Monteiro, do Batalhão Escolar, era o Ajudante de Ordens.

No quartel, a cerimônia foi tocante, dessas que deixam lágrimas jamais extintas nos corações!...

E todos cantaram o Hino Nacional, o Hino à Bandeira e o Hino Espírito-Santense.

 

Nota: 

A presente obra da emérita historiadora Maria Stella de Novaes teve sua primeira edição publicada pelo Arquivo Público do Estado do Espírito Santo -APEES, em 1979, quando então se celebrava o centenário de nascimento de Jerônimo Monteiro, um dos mais reconhecidos homens públicos da história do Espírito Santo.

Esta nova edição, bastante melhorada, também sob os cuidados do APEES, contém a reprodução de uma seleção interessantíssima de fotografias da época — acervo de inestimável valor estético-histórico, encomendado pelo próprio Jerônimo Monteiro e produzido durante o seu governo — que por si só, já justificaria a reimpressão, além do extraordinário conteúdo histórico que relata.

 

Fonte: Jerônimo Monteiro - Sua vida e sua obra, 2a edição Vitória, 2017 -  Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (Coleção Canaã Vol. 24)
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, julho/2019

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