Jesuítas bandeirantes e morte de Francisco de Aguiar Coutinho
Embora Misael Pena tenha escrito que Francisco de Aguiar Coutinho se retirara da capitania “sem deixar nenhuma outra notícia a seu respeito”,(22) sabe-se hoje que a seis de março de 1627 já estava morto, pois nessa data foi nomeado Manuel d’Escovar Cabral para governar a donataria.(23)
Em meio às atribulações trazidas ao Brasil pela presença dos holandeses em seu território, continuava presente no espírito de governantes e governados a preocupação das minas. No Espírito Santo, os jesuítas, que a princípio só tinham olhos e atenções para os índios e sua conversão, passaram a se interessar também – como toda a gente – pelas esmeraldas. Até mesmo um alvará, acompanhado de quatro mil cruzados, conseguiram os inacianos da Coroa.(24)
A expedição que organizaram, dirigida pelo padre Inácio de Siqueira, esteve no sertão entre 1636 e 1641.(25) Penetrou até o atual Estado de Minas Gerais e regressou sem ter alcançado seu objetivo – a Serra das Esmeraldas – “que, na verdade, não se descobriu nunca, porque, de fato, como tal, não existia, e era uma transposição telúrica da Lagoa Dourada amazônica, aliás fecunda como acicate permanente de entradas e bandeiras”.(26)
Os padres da Companhia voltariam novamente a perlustrar as terras das esmeraldas, em 1646. Acompanhavam-nos agora Domingos e Antônio de Azeredo,(27) filhos de Marcos de Azeredo. Como a anterior, a nova expedição não logrou resultados, atribuindo-se o malogro às desavenças entre os dois irmãos sertanistas e Antônio do Couto e Almeida, então capitão-mor do Espírito Santo.(28)
NOTAS
(22) - História, 64.
(23) - Diz a provisão de Diogo de Oliveira: “havendo respeito a estarem vagos os Cargos de Capitão-mor, Ouvidor, e Provedor da Fazenda da Capitania do Espirito Santo deste Estado por fallecimento do Donatario della, e pelas duvidas, que a Camara da Villa de Nossa Senhora da Victoria da mesma Capitania moveu a Francisco Garcia dos Santos sobre o provimento, que trouxe da pessoa, que sucedeu na dita doação ... hei por bem de prover ao dito Manoel d’Escovar Cabral dos ditos cargos de Capitão-mor, Ouvidor, e Provedor da Fazenda da dita Capitania do Espirito Santo para os servir misticamente” (DH, XV, 118-9).
(24) - FREIRE, Capitania, 54.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, junho/2017
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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