Luiza Grinalda X Cavendish
O acontecimento de maior relevância do governo de D. Luísa Grinalda – de que ficou notícia – foi o ataque de Thomas Cavendish, famoso pirata inglês, à baía de Vitória, em 1592. Notada sua presença a tempo de se organizar a resistência, Cavendish foi duramente batido nas praias vizinhas às vilas do Espírito Santo e Vitória.(44)
Valendo-se de substanciosa documentação jesuítica, Serafim Leite assevera que “a gente [da terra] construiu à pressa dois fortins perto da vila, armaram-se ciladas nos lugares mais altos para esmagar o inimigo com pedras e flechas”.
Como soía acontecer nas horas de perigo grave, os padres da Companhia “trouxeram os índios das aldeias”.(45) Diante da encarniçada e inesperada reação, os assaltantes recolheram-se aos seus navios, não sem perderem oitenta homens, segundo o depoimento de Antônio Knivet.(46)
Este assalto marcou o fim da carreira criminosa do pilhador de Santos – no atual Estado de São Paulo.
NOTAS
(44) - “Aos índios goitacazes, acampados nas proximidades de Vila Velha, fora feito urgente apelo, atendendo-o o seu cacique Jupiaçu, com duzentos homens.
Entre o astuto índio e o fidalgo português [Miguel de Azeredo] foi delineado o plano de defesa. Para iludir os inimigos e dar impressão de possuírem grandes recursos, mandaram acender nos morros circundantes à baía, a partir do Moreno e a terminar no Penedo, grandes fogueiras. Ardil que mais tarde se verificou ter surtido efeito, evitando o ataque noturno.
Na bocaina existente ao lado direito do Penedo e na parte fronteira, no morro em que noventa anos mais tarde ergueriam o Forte de São João, no mais apertado passo da Baía da Vitória, construíram apressadamente dois fortins de taipa e pedras soltas, disfarçados nos próprios matos” (MONJARDIM, Cavendish, 121).
(45) - LEITE, HCJB, I, 219-21.
(46) - “No nosso navio havia um português* que recolhêramos da embarcação apreendida, em Cabo Frio; este português, que fora conosco ao Estreito de Magalhães, e aí testemunhara a nossa falência, falou-nos duma vila chamada Espírito Santo, dizendo-nos que poderíamos chegar à frente da mesma com os nossos navios, e aí, sem perigo, lograríamos tomar muitos engenhos de açúcar e boa quantidade de gado.
As palavras deste português fizeram-nos renunciar ao projeto de ida a S. Sebastião, tomando o rumo de Espírito Santo; em oito dias chegamos à embocadura do porto, acabando por lançar âncora na baía e mandar nossos botes sondar o canal; não encontrando estes nem a metade da profundidade que o português nos dissera que encontraríamos, supôs o general que o luso nos havia traído e, sem nenhuma comprovação, fê-lo enforcar de imediato. Neste local, todos os fidalgos que restavam a bordo manifestaram desejo de ir à terra tomar a povoação. O general não o queria de modo nenhum, objetando-lhes diversos inconvenientes; nenhum argumento porém os convenceu, e foram os moços tão insistentes que o general, escolhendo cento e vinte homens dentre os melhores que possuía em ambos os navios, enviou ao capitão Morgan, praça de terra singularmente boa, e ao tenente Royden, como comandantes neste empreendimento. Desembarcaram, pois, diante dum pequeno forte com um dos seus botes e dele expulsaram os portugueses; o outro bote seguiu mais além, onde houve uma escaramuça muito violenta, e a vida destes moços depressa se abreviou, pois apearam num rochedo fronteiro ao forte e à medida que saltavam fora do bote, escorregavam com suas armas para dentro do mar; assim a grande maioria deles pereceu afogada. Em conclusão, perdemos oitenta homens neste lugar e, dos quarenta que se salvaram, nem um só voltou sem uma flechada em seu corpo, chegando alguns a ter cinco e seis ferimentos” (KNIVET, Vária Fortuna, 34-6).
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, junho/2017
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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