Mineração e mineradores - Terceira década do Século XVIII
Manuscrito coevo, divulgado por Lamego, traz inestimáveis informes sobre as atividades mineradoras na zona do Castelo. A respeito do arraial desse nome, diz o documento “que se compõe de mais de duzentas pessoas e suas respectivas casas de palha, em que habitam, abastadas de criações, e mantimentos de todo o gênero, que com grande providência se cultiva e cria naqueles lugares”.
Também se refere ao padre Antônio Dias Carneiro, o mais aparelhado dos mineradores, e que exercitava, nos seus trabalhos, métodos mais adiantados de prospecção, graças, principalmente, aos vinte e tantos escravos de que dispunha.
Atente-se, ainda, nestes dois trechos: “Em qualquer parte destas minas, que se faça experiencia se acha pinta geral de doze vintens, com relanciados de meia pataca; e não hé só isto, nos lugares experimentados pelos ditos moradores, se não em todo aquelle vastissimo sertão de que há certeza por tradição e roteiros dos paulistas que o sulcaram em os tempos passados, invadindo a gentilidade delle.
Neste mesmo sertão se acha a celebre casa da casca e ribeirão do Alvarenga onde os mesmos antigos descobriram minas de toda a grandeza, não se estabelecendo néllas por se estimar mais a prêsa do gentio que os descobrimentos de ouro. [...]
Por qualquer lugar do reconcavo destas minas e sertões se acharão grandeza de ouro, procurando-se como hé necessario e havendo para isso poder e esta hé a razão porque as minas do Castello não avultam, pois todos os que nella se acham são pobres, possuindo um, dois, três escravos e não usam senão os socavões que hé o peior modo de minerar e só o sobredito padre [Antônio Dias Carneiro] hé que tem maior numero de escravos e por isso mesmo tem muitas esperanças no serviço que intentou”.(76)
Enquanto isso, ao norte do rio Doce descobriam-se “algumas esmeraldas de muita dureza e de côr muito clara”.(77) Teria sido resultado da diligência do mestre de campo Brás Esteves Leme, a quem o vice-rei Vasco Fernandes, em 1728, concedeu o título de “Superintendente de todas as Minas que ele descobrir, ou por sua ordem descobrirem nos Distritos e Cabeceiras do Rio São Mateus”?(78)
NOTAS
(76) - Terra Goitacá, II, 280-4. No mesmo volume, outras valiosas notícias sobre o assunto.
– AFFONSO TAUNAY escreveu, a propósito daquele documento, palavras que valem por uma advertência: “Existem neste manuscrito uns tantos tópicos que bem revelam quanto deve seu autor ter sido desses eldoradomaníacos tão freqüentes no Brasil da primeira metade do século XVIII” (Ouro no Espírito Santo, in Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, nove de fevereiro de 1947). A nossa acolhida entusiástica, porém, visa àquelas outras informações que acompanham as notícias alusivas às minas.
(77) - DAEMON, Prov. ES, 152.
(78) - DH, XLVIII, 169-71.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, junho/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
Ver ArtigoA obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro
Ver ArtigoPara prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda
Ver ArtigoNo final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações
Ver ArtigoO nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto...
Ver Artigo