Movimento Estudantil ou AD USUM DELPHINI - Por Fernando Achiamé
Para se falar sobre movimento estudantil em nossa capital pode-se começar e terminar reproduzindo trechos do discurso proferido pelo padre diretor do Colégio Salesiano na formatura do curso ginasial em 1964. Por ser formando daquele ano ganhei e guardei uma cópia do discurso.
“Minhas senhoras, meus senhores, queridas famílias, caríssimos alunos.
(...) Lembro agora as palavras de um pai de aluno quando me falou orgulhoso: ‘ – Meu filho recebeu tantas medalhas que parecia o marechal Zhukov, herói russo da Segunda Guerra Mundial.’ Na verdade quem merece todas as medalhas colocadas nos peitos de vossos filhos são vós, pais e mães aqui presentes, que acompanharam a trajetória dos nossos alunos estes anos todos. (...) Somos vizinhos do Colégio Estadual do Espírito Santo, tradicional instituição de ensino desta terra, mas dele nos diferenciamos por ministrar educação religiosa. Lá existe a UAGES – União dos Alunos do Ginásio do Espírito Santo. Aqui oferecemos aos alunos os mais sadios princípios da moral cristã. (...) Que adiantam protestos, passeatas, este perturbar constante que agora nos anos 60 é moda se chamar de ‘movimento estudantil’ sob o pretexto de que serão conseguidas novas conquistas? Vitória é uma das poucas cidades do Brasil, se não a única, onde os estudantes gozam deste privilégio de passe escolar e meia entrada nos espetáculos e diversões públicas. Não se diga que isto é uma grande conquista! Assistir toda hora televisão, há pouco tempo disponível entre nós, ou se enfurnar em cinemas a pretexto de pagar entradas mais baratas não irá conduzir ninguém a bons caminhos de conduta moral ou mesmo profissional. (...) Pesa sobre os ombros de vós, jovens estudantes, o preparo para novos desafios que a Universidade, recentemente tornada federal, vos apresentará. Estes desafios não serão vencidos com as arruaças e festas dançantes promovidas pelos centros acadêmicos mas nos bancos universitários e nos estudos continuados. (...) O Céu para vós, caros formandos, está melhor e mais alto do que um CEU ( Casa do Estudante Universitário) que existia nesta capital e que prestou um desserviço a muitos rapazes vindos do interior; CEU felizmente acabado do com a Revolução de Março que no presente ano colocou as coisas novamente nos eixos em nossa pátria. Perseverai fazendo periodicamente exame de consciência e um bom retiro, como aqueles frequentados por muitos de nos em nosso Seminário de Jaciguá. (...) Na oportunidade em que me despeço deste colégio e desta cidade, auguro aos formandos e prezadas famílias os votos de muitas felicidades e um Católico e Santo Natal acompanhado de Próspero e Feliz Ano Novo.”
Para se falar sobre movimento estudantil em nossa capital pode-se começar e terminar reproduzindo trechos do discurso proferido pelo padre diretor do Colégio Salesiano na formatura do curso ginasial em 1964. Por ser formando daquele ano ganhei e guardei uma cópia do discurso.
“Minhas senhoras, meus senhores, queridas famílias, caríssimos alunos.
(...) Lembro agora as palavras de um pai de aluno quando me falou orgulhoso: ‘ – Meu filho recebeu tantas medalhas que parecia o marechal Zhukov, herói russo da Segunda Guerra Mundial.’ Na verdade quem merece todas as medalhas colocadas nos peitos de vossos filhos são vós, pais e mães aqui presentes, que acompanharam a trajetória dos nossos alunos estes anos todos. (...) Somos vizinhos do Colégio Estadual do Espírito Santo, tradicional instituição de ensino desta terra, mas dele nos diferenciamos por ministrar educação religiosa. Lá existe a UAGES – União dos Alunos do Ginásio do Espírito Santo. Aqui oferecemos aos alunos os mais sadios princípios da moral cristã. (...) Que adiantam protestos, passeatas, este perturbar constante que agora nos anos 60 é moda se chamar de ‘movimento estudantil’ sob o pretexto de que serão conseguidas novas conquistas? Vitória é uma das poucas cidades do Brasil, se não a única, onde os estudantes gozam deste privilégio de passe escolar e meia entrada nos espetáculos e diversões públicas. Não se diga que isto é uma grande conquista! Assistir toda hora televisão, há pouco tempo disponível entre nós, ou se enfurnar em cinemas a pretexto de pagar entradas mais baratas não irá conduzir ninguém a bons caminhos de conduta moral ou mesmo profissional. (...) Pesa sobre os ombros de vós, jovens estudantes, o preparo para novos desafios que a Universidade, recentemente tornada federal, vos apresentará. Estes desafios não serão vencidos com as arruaças e festas dançantes promovidas pelos centros acadêmicos mas nos bancos universitários e nos estudos continuados. (...) O Céu para vós, caros formandos, está melhor e mais alto do que um CEU ( Casa do Estudante Universitário) que existia nesta capital e que prestou um desserviço a muitos rapazes vindos do interior; CEU felizmente acabado do com a Revolução de Março que no presente ano colocou as coisas novamente nos eixos em nossa pátria. Perseverai fazendo periodicamente exame de consciência e um bom retiro, como aqueles frequentados por muitos de nos em nosso Seminário de Jaciguá. (...) Na oportunidade em que me despeço deste colégio e desta cidade, auguro aos formandos e prezadas famílias os votos de muitas felicidades e um Católico e Santo Natal acompanhado de Próspero e Feliz Ano Novo.”
Nota do Site:
AD USUM DELPHINI
Designação dada às edições de autores clássicos que o duque de Montasieur mandou fazer com intuito didático, “para uso do delfim”, o príncipe herdeiro. Estas edições eram censuradas, omitindo os passos licenciosos ou que pudessem constituir atentados ao pudor. Hoje aplica-se o termo a qualquer edição que, por ter fins didáticos específicos, procede a uma correção ou censura arbitrária do original. Aconteceu isso com Os Lusíadas, de Luís de Camões, desde a edição de Abílio César Borges, que suprimiu muitos versos, à de Otoniel Mota, que omite estrofes inteiras. Hoje pode-se utilizar também a expressão quando “adaptamos” algum texto para uso pessoal ou privado.
Carlos Ceia
Autor:Fernando Achiamé
Fonte: Escritos de Vitória, nº 16, Movimentos Sociais - Prefeitura Municipal de Vitória, agosto/1996
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2011
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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