Navegantes da costa do ES
O Barão do Rio Branco, nas "Efemérides Brasileiras", anota no dia 13 de dezembro de 1501, que "André Gonçalves e Américo Vespucci descobrem a baía, a que deram o nome de Santa Luzia e onde, em 1535, Vasco Fernandes Coutinho fundou a vila do Espírito Santo".
O Padre Raphael Maria Galanti S. J., no Tomo I do seu Compêndio de História do Brasil, referiindo-se à armada em questão, diz que "não se sabe ao certo quem foi seu comandante. A maioria dos cronistas afirmam com pouca exatidão que fora Gonçalves Coelho, e outros, Cristóvão Jacques. Varnhagen cita Nuno Manuel; parece, todavia, mais provável ter sido André Gonçalves, o qual tivera ocasião de conhecer parte da costa na viagem que acabava de fazer, levando a fausta nova do descobrimento.
Aires do Casal prefere dar essa missão a Gaspar de Lemos e confirma ter sido Gonçalves Coelho o encarregado do primeiro reconhecimento. Nessa frota, escreve o jesuíta, "a única vez que D. Manoel mandou pelo fim já mencionado, veio a primeira vez ao Brasil o célebre navegante florentino Américo Vespucci". Essa expedição batizou no dia 13 de dezembro o Rio de Santa Luzia, "talvez o Rio Doce", diz o jesuíta. Tanto o padre, embora mais cauteloso, como o prudente e erudito consolidador de nossas fronteiras, não documentam a marcação do acidente geográfico, assinalado no dia 13 de dezembro, de modo a nos convencer que se trata da baía de Vitória e não da foz do Rio Doce.
A dúvida denota prudência justificável. O dito rio, no diário de navegação, da armada atribuída a Américo Vespucci, está situado na latitude de 19º, figurando ao lado do Monte Pascoal, no mapa de 1507, publicado por Waldseemuller. Esse mapa foi elaborado pelas informações do florentino. O rio próximo ao Monte Pascoal, naquele documento é o Rio Pardo, cuja latitude demora no paralelo 16 e 30 minutos, na antiga capitania de Porto Seguro. Levando-se em conta a imperfeição dos astrolábios, a diferença de latitude não é apreciável, pois a de Regência Augusta (nome da foz do Rio Doce desde 1800 em homenagem ao governo de D. João VI, antes de acender ao trono) é de 19 e 35 e a de Vitória é 20 e 19. O chocante está, justamente, na aproximação do Rio com o monte famoso. A costa espiritosantense deve ter sido reconhecida por Cristóvão Jacques, opinião esposada também por Carlos Xavier Paes Barreto em "Feriados do Brasil". Mário Freire também diz: "Códice algum, ao que sabemos, permite afirmar, com segurança, quem primeiro contemplou a costa do atual Estado do Espírito Santo".
O que se pode afirmar é que, em 1532, todo o litoral brasileiro estava explorado.
Fonte: Biografia de uma ilha, 1965
Autor: Luiz Serafim Derenze
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