O donatário Francisco Gil de Araújo deixa a Capitania
Comércio e agricultura – Ocupou-se Gil de Araújo, também, dos assuntos ligados ao comércio e agricultura da sua governança, sendo disto amostra o “bando que mandou botar”, proibindo que se cultivasse algodão nas propriedades onde existissem mais de seis pessoas de serviço, “sob pena de dous annos de degrêdo fóra da capitania e quarenta mil réis em dinheiro pera sustento da infantaria e a lavoura perdida porquanto este genero de lavoura tem extinguido o commercio e extenuado as mais lavouras”.(31)
Limites – O donatário deixa a capitania – Nesta resenha dos principais acontecimentos do quadriênio governamental de Francisco Gil de Araújo, faz-se mister recordar, embora sem descer a detalhes, a questão por ele suscitada com a vizinha capitania da Paraíba do Sul, a respeito de demarcação de limites.
A matéria provocou reclamações do visconde de Asseca e de João Correia de Sá junto à Coroa, mais tarde contestadas pelo donatário do Espírito Santo.(32)
Decepcionado, talvez, com o fracasso das suas tentativas de encontrar as decantadas esmeraldas,(33) e depois de ter empregado aqui vultosos cabedais, Francisco Gil de Araújo embarcou para a Bahia,(34) onde faleceu em 1685.
Seu nome merece e deve figurar entre os das grandes figuras dos primeiros séculos da nacionalidade.
NOTAS
(31) - Registo de hu Bando que mandou botar o senhor donatario e governador Francisco Gill de Araujo, nesta Villa de nossa senhora da Conceição, vinte e seis de dezembro de 1682, apud MISAEL PENA, Apêndice da História da Província do Espírito Santo, 45.
(32) - Remetemos o leitor para a festejada obra de ALBERTO LAMEGO, A Terra Goitacá, I, 143 ss, onde, a par de uma exposição sobre as lindes das duas capitanias, se encontram peças do arquivo daquele historiador pela primeira vez publicadas.
(33) - No alvará pelo qual S. A. concedeu a Francisco Gil de Araújo autorização para que pudesse nomear um loco-tenente seu para o governo do Espírito Santo se lê: “em razão da perda mui consideravel que tem na assistencia daquella Capitania, por estar fora da Bahia onde tem a sua fazenda, e esta em sua ausencia não ter aquella administração conveniente” (DH, XXVII, 396).
(34) - Dizem, a una voce, todos os cronistas e historiadores, que Gil de Araújo regressou à Bahia em 1682. Efetivamente, a Informação de Manuel de Morais traz a data de vinte e sete de julho daquele ano. Como se sabe, aquele documento é uma espécie de folha de serviços passada ao fim da administração de que estamos nos ocupando. Entretanto, o bando sobre plantação de algodão (ver foot-note n.º 31), foi passado a vinte e seis de dezembro do dito milésimo de 1682. Simples advertência, porque o assunto não oferece maior importância.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2017
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
Ver ArtigoA obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro
Ver ArtigoPara prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda
Ver ArtigoNo final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações
Ver ArtigoO nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto...
Ver Artigo