Morro do Moreno: Desde 1535
Site: Divulgando desde 2000 a Cultura e História Capixaba

O Encilhamento

Caricatura de Agostini sobre a reforma bancária.

A política econômica do primeiro governo republicano foi semelhante à que foi tentada – com menos consciência – após a extinção do tráfico em 1850. Ela buscava facilitar a aplicação em empreendimentos industriais daqueles recursos antes imobilizados em escravos e que ficaram disponíveis após a Lei da Abolição.

O mecanismo dessa transferência era simples: com o aumento das emissões de moeda, os juros se reduziriam e tornariam as aplicações em empresas mais atraentes que o entesouramento no mercado financeiro – tanto menos vantajoso quanto menores os juros.

Havia um único senão: transferir renda dos ex-proprietários de escravos para os novos industriais significava também transferir poder e prestígio – algo com que os fazendeiros e os rentistas que os cercavam estavam longe de concordar. Essa mudança exigia tempo. Desse modo, o que parecia uma boa idéia revelou-se um problema. Os rentistas, habituados a ganhar dinheiro sem trabalhar – a regra básica do mundo escravista -, só substituíram o objeto de sua especulação para demolir na prática a boa intenção do governo.

Em vez de emprestar dinheiro a juros altos para cafeicultores ou especular com as safras de café, os donos dos capitais passaram a comprar e vender ações de empresa, sem se preocupar com sua potencialidade real. Em pouco tempo, o movimento de papéis era muito maior do que os empreendimentos efetivos. A euforia do ganho fácil com ações tomou conta do Rio de Janeiro – e ficou conhecida como “Encilhamento”, nome tirado da gíria das corridas de cavalo (no local em que os cavalos eram encilhados, apostadores privilegiados recebiam dicas de treinadores e proprietários que lhes permitiam fazer fortunas nas apostas).

Apesar dos avanços da indústria no primeiro período republicano, a política econômica do governo logo se tornou alvo de críticas. Ao assumir a Presidência, Floriano Peixoto entregou o controle da economia ao paulista Rodrigues Alves.

Fazendeiro de café, conservador, e monarquista até o fim do Império, o novo ministro implantou uma política econômica que seria seguida por mais de uma década: contenção das emissões de moeda, contratação de financiamentos no exterior, aumento dos juros, elevação dos gastos estatais – de modo a impedir que os capitais sem destino fossem aplicados em empreendimentos industriais. Tal como no Império, essa orientação econômica privilegiava um único grupo, o dos donos de capitais para investir e fazendeiros, pois toda a sociedade foi obrigada a paralisar os investimentos.

 

Fonte: Viagem pela História do Brasil – ano 1999
Autor: Jorge Caldeira, Flavio de Carvalho, Claudio Marcondes e Sergio Goes de Paula
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2014

Curiosidades

Tropeiros percorrem em 20 dias 650 quilômetros de história

Tropeiros percorrem em 20 dias 650 quilômetros de história

Ao longo de 20 dias, um grupo de 13 capixabas está revivendo parte da história do Brasil Colônia ao refazer os passos de Dom Pedro pelo interior do Estado

Pesquisa

Facebook

Leia Mais

Um e-mail da Mãe Natureza

Conhecendo a história conseguimos entender o nosso tempo

Ver Artigo
Praias - As 10 mais frequentadas por Eurípedes Queiroz do Valle

Iriri. Deriva de reri ou riri, ostras, mariscos que se encontra em toda costa espírito-santense. Irirí vem a ser portanto local onde há abundância de ostras

Ver Artigo
O Liceu: uma fábrica que virou escola - Por Gabriel Bittencourt

Assim nasceu o Liceu, no prédio da fábrica de papéis, na rua Moreira nº 170, depois do desmonte e alienação do maquinário daquele empreendimento industrial

Ver Artigo
Barra do Jucu – Por Seu Dedê

No ano de 1886, administrada pelo doutor Antônio Athayde, foram feitos os reparos, sendo a obra dividida em três lances unidos por um aterro

Ver Artigo
Lembranças, Presentes e Souvenires do ES - Os 10 mais curiosos (1971)

Biscoitos Alcobaça.  São produtos da Fábrica Alcobaça, de propriedade da firma “Rami­ro S.A. Indústria e Comércio”, instalada no Município de Espírito Santo (Vila Velha), com depósitos em Vitória

Ver Artigo