O ES em meados do século XVIII
Incúria da administração – Penúria do país
A importância estratégica da capitania obrigou não apenas à construção de custosa linha de fortificações, mas também ao aumento da guarnição militar (em 1736) para cinquenta soldados.(1)
O vice-rei conde de Sabugosa afirmou, certa feita, que “a capitania do Espirito Santo se conservou com melhor harmonia, sendo de donatários do que da Coroa”, atribuindo as “muitas desordens á pouca capacidade e má escolha de capitães mayores, desde o governo de Antonio Oliveira Madail”.(2)
Lado a lado daquelas desordens, a incúria das autoridades. Que fale um magistrado – o Dr. Mateus Nunes de Macedo, segundo ouvidor geral da comarca: “Aqui [Vitória] não há cadeia, nem Casa da Câmara, por terem caído de todo e não cuidarem os meus antecessores na sua reedificação, em tempo mais suave, se bem que a falta de meios seria então a causa, pois a Câmara não tem rendimento algum e por esse motivo, não tem alcaide por não haver dinheiro para se lhe pagar o seu ordenado, como não se paga o escrivão da mesma Câmara”.(3)
Seria o caso de se perguntar – em que estágio de civilização vivia o homem, neste pedaço de Brasil, em meados do século XVIII? Homem contemporâneo de uma brilhante fase da cultura européia e vizinho contíguo das mais ricas minas auríferas de sua época, pisando ele mesmo um solo generoso e ubérrimo, quase dois séculos mais tarde muito justamente batizado de Canaã...
NOTAS
(1) - “Fui servido determinar por resolução de catorze do prezente mez e anno, em consulta do meu Conselho Ultramarino que a Companhia [que] ali ha se complete logo com o numero de cincoenta soldados promptos e capazes, e que estes sejam pagos pela Provedoria mór dessa cidade da Bahia de socorros, fardas e farinhas, como se pratica com os dessa praça, ao que não chegar o rendimento dos dizimos daquella Capitania, e que para ella vá hum official pratico no exercicio da Artilharia, para ensinar os artilheiros e os possa pôr em bom metodo do serviço e juntamente, que de tres em tres annos vá dessa praça da Bahia hum engenheiro vêr e examinar as fortalezas e fazer as obras e reparos de Artilharia, indo dahi as ferragens” (Carta régia dirigida ao Vice-Rei do Brasil ... Lisboa, vinte de abril de 1736, ALMEIDA, Inventário, VIII, 439).
– As providências de que dá notícia essa carta régia têm, indubitavelmente, origem na carta, de quinze de outubro de 1732, do capitão-mor Cirne da Veiga (nota I do capítulo XI).
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, junho/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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