O pejorativo Canela-verde
Os europeus ao chegarem às “Américas” depararam com um povo que falava línguas desconhecidas. Enquanto aprendiam “a língua”, observaram que o nativo das Américas ao conversar, articulava palavras compostas. Assim, aqui no Brasil onde nosso índio falava o tupi-guarani não foi diferente. (1)
Talvez tenhamos herdado o seu costume ao apelidarmos pessoas e lugares, só que algumas vezes apelidamos às pessoas que queremos humilhar chamando-as de cambota, capenga, zarolho, caburé, coruja, perneta, barrica, grapuá, etc.
Existem os mimos que terminam em Zinho como Zezinho, Joãozinho etc.
Os apelidos Potiguares do Rio Grande do Norte, Goitacás de Campos, Cariocas do Rio seriam pejorativos da raça pura? Caipira (da roça, de pouca cultura) é parecido com o nosso capixaba (roça de milho, segundo alguns autores)
Com a mudança da sede da capitania do Espírito Santo para a Ilha de Santo Antônio, a antiga recebeu o nome de Vila Velha e a outra Vila Nova.
Segundo relatórios dos presidentes da província e testemunhos de alguns viajantes (2), houve a decadência de Vila Velha e seus moradores viviam da coleta de mariscos nos mangues e praias além do peixe que era sua principal alimentação. Usavam fogão, com a lenha que era colhida nas baixadas pantanosas.
Naqueles tempos, os catadores de mariscos andavam descalço, seus pés e canelas eram de fato encardidos (sujos), e, sob a luz das lamparinas refletiam a cor verde-azulada da lama que os cobria motivando o apelido de “Canela verde”, que chegou aos nossos dias.
O saudoso historiador capixaba professor Renato Pacheco, carinhosamente chamava de “Canela Verde” às alunas de Vila Velha, e quando perguntado, dizia que antigamente os moradores de Vila Velha viviam mariscando na lama e saiam da água com as canelas sujas de limo verde.
Terra de gente simples e humilde, seus moradores se apequenavam e perguntavam: você vai ou foi à cidade (Vitória)?
- Ontem estive lá...
Comércio pequeno, a maioria dos habitantes trabalhando em Vitória, Vila Velha era uma cidade dormitório, segundo as crônicas.
Alguns moradores emplacavam seus carros em Vitória porque Vila Velha não era conhecida fora do Estado.
Outros, quando perguntados de onde eram, diziam ser de Vitória.
(1) itaoca – ita = pedra, oca = casa (casa de pedra, gruta, caverna); Guarapari – guará = ave, pari = armadilha (armadilha para pegar guará);
Caçaroca – caa = mato, açã = galho, ramo de mato e oca = casa; (casa coberta de galhos de mato);
Maracaiaguaçu, que quer dizer Gato Grande, Jaraguaij (Cão Grande), Pirá-obyg (Peixe Verde) etc.
(2) - Quando o naturalista alemão, Maximiliano (príncipe de wied Neuwied) passou por Vila Velha em 1815, dizia que “Vila Velha do Espírito Santo, pequena e miserável vila aberta construída quase toda numa praça”. “Numa extremidade fica a igreja, na outra a casa da câmara...”.
Mais tarde, em 1818, Auguste de Saint-Hilaire de passagem por Vila Velha, comentou que a pretensa vila é apenas um aldeamento de cabanas semi-arruinadas.
Em 1865, esteve visitando nossas praias o geólogo canadense Charles Frederch Hart, onde encontrou a maior quantidade de corais jamais vista em outras praias e que a espécie mais vulgar era a conhecida como “cachimbo” ou “bergigão” que os habitantes da vila usavam para fazer cal.
Texto: Edward A. D’Alcantara
Conhecendo a história conseguimos entender o nosso tempo
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