Partidos políticos, Constituição, Início da República
Tão logo pareceu consolidado o regime inaugurado a quinze de novembro, os políticos começaram a coordenar o eleitorado. Em maio de 1890, o Partido Republicano reuniu-se em Vitória, com a presença de representantes de vinte localidades. O conclave pôs a descoberto divergências provocadas, no seio da agremiação, pela orientação do Executivo. A ala dissidente – chefiada por Antônio Aguirre – juntou-se ao barão de Monjardim e a Aristides Freire, chefes dos dois antigos partidos monárquicos, fundando a União Republicana Espírito-Santense. Os que permaneceram fiéis ao situacionismo e parte dos conservadores fundiram-se no Partido Republicano Construtor,(5) chefiado por José de Melo Carvalho Muniz Freire.(6)
Nas eleições que se processaram para o Congresso Constituinte Estadual, a União conseguiu maioria(7) e – antes mesmo de promulgada a Constituição(8) – elegeu o barão de Monjardim governador do Estado.(9)
NOTAS
(5) - Existia, também, em Vitória, no ano de 1890, o Partido Operário, de modesta expressão política.
(6) - Nos apontamentos mencionados na foot-note 3, Adelfo Poli Monjardim esclarece:
Fundou-se, em Itapemirim, o Partido Republicano Espírito-Santense, sob a direção de Torquato Moreira, Augusto Calmon, Antônio Borges de Ataíde Júnior, barão de Monjardim e Aristides Freire, representando, respectivamente, as três correntes políticas – os republicanos, ao lado dos antigos liberais e conservadores. Não foi possível, infelizmente, congregar nessa organização todos os políticos; e, na reunião convocada para aquele fim, alguns antigos liberais divergiram dessa idéia: organizaram o Partido Republicano Construtor.
A Folha da Vitória, nos seus dois últimos números, a vinte e vinte e quatro de julho de 1890, divulgou o programa da União; e cedeu o lugar ao periódico O Federalista, órgão dessa agremiação. O Estado do Espírito Santo passou a ser órgão do Partido Construtor. O Federalista teve pouca duração, e foi substituído pelo Comércio do Espírito Santo.
(7) - Ressalte-se que os membros do Congresso Constituinte foram eleitos quando o Estado tinha na curul presidencial Antônio Gomes Aguirre, nomeado por decreto federal de sete de março de 1891 e empossado a onze do mesmo mês. Aguirre, então aliado a Monjardim, foi conduzido à presidência do Estado quando o barão de Lucena – mal visto pelos republicanos e espécie de primeiro-ministro de Deodoro da Fonseca – pontificava na política nacional.
– JOSÉ CÂNDIDO assevera que a nomeação de Antônio Aguirre foi inspirada por intuitos de vingança do marechal Deodoro da Fonseca, em represália à atitude de Muniz Freire, que hostilizou sua candidatura à presidência da República (Governos Espírito-santenses).
(8) - A vinte de julho de 1891.
(9) - Monjardim foi eleito a seis de junho de 1891 e tomou posse no dia seguinte. Recebeu o governo das mãos de Antônio Aguirre, que sucedeu ao tenente-coronel Henrique da Silva Coutinho – segundo vice-governador – a quem Gomes Sodré entregara a direção do Estado no dia vinte de novembro de 1890.
– Adelfo Monjardim, nos apontamentos que vimos citando, escreveu: “A Assembléia, antes da Constituição [afinal promulgada a dois de junho de 1892], resolveu eleger o governador. Afastados os primeiros governadores Afonso Cláudio e Antônio Aguirre, republicanos autênticos, aos quais o Governo Provisório havia confiado o novo Estado, os políticos conchavados desprezaram outras figuras representativas da propaganda, como por exemplo Bernardo Horta, também signatário da Constituição, e confiaram o Estado à experiência do antigo chefe do Partido Liberal na província, titular agraciado nos últimos dias da monarquia – o barão de Monjardim. Já administrara a província, por várias vezes, como vice-presidente”.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, setembro/2017
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