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População e colonização no ES em meados de Século XIX

Santa Izabel - início do século XX

O recenseamento feito por Tristão de Alencar Araripe em 1856 – quando exercia as funções de chefe de Polícia da província – acusou 49.092 habitantes, dos quais 36.823 livres e 12.269 escravos. (IV)

Merece ser destacada a distribuição dos livres, segundo as profissões. Assim é que os empregados públicos somavam 161; os lavradores, 9.769; e os negociantes, 364. Apreciável o número de oficiais mecânicos: 889. Reduzidíssimo o de médicos: apenas quatro. Para três boticários, vinte e dois padres. Os duzentos e oitenta e nove pescadores constituem uma afirmação de prosperidade da indústria da pesca. (V)

Não obstante a campanha movida na Europa contra a emigração para o Brasil, em 1857 chegaram ao Espírito Santo cento e sessenta alemães, logo encaminhados para a colônia de Santa Leopoldina.(22) Enquanto isso, uma associação de que era diretor o major Caetano Dias da Silva empreendia a fundação da colônia do Rio Novo,(23) e o Dr. França Leite(24) lançava os fundamentos da Fransilvânia,(25) no rio Doce, nas terras adjacentes aos rios Pancas e São João.

Santa Isabel ia em progresso. O presidente da província já denunciava, porém, a resistência dos colonos a que fosse ministrado o ensino de português aos seus filhos, tendo até solicitado que o governo instalasse e mantivesse uma cadeira de língua alemã na escola local. (VI)

 

NOTAS

(22) - Informação colhida nos Mss. do Arquivo Nacional.

(23) - Autorizada pelo decreto n.º 1.566, de vinte e quatro de fevereiro de 1855.

(24) - Dr. Nicolau Rodrigues dos Santos França Leite, um dos beneméritos fundadores da Sociedade contra o tráfico e promotora da colonização dos indígenas, no Rio de Janeiro, em 1850 (PERDIGÃO MALHEIRO, A Escravidão, II, 60, nota 182).

(25) - Ou Franciliana, conforme MARQUES, Dicion. ES, 99.

IV – Ver foto abaixo da matéria.

V – Ver foto abaixo da matéria.

VI - “Julgo de meu dever comunicar a V. Ex. que convidado pelos colonos de S. Isabel para assistir a um Te-Deum, que mandaram celebrar no aniversário natalício de S. A. Imperial a senhora D. Isabel, lá me achei e tive mais uma vez de convencer-me, que a esta Província se fez um grande serviço com a fundação da Colônia.

Todos os seus habitantes, reuniram-se no templo católico, e se esforçaram para dar toda a solenidade à festa, via-se naqueles semblantes a satisfação; nenhum se mostra arrependido de ter adotado uma nova pátria, pois que se acham garantidos em seu futuro.

A capela não está de todo concluída, faltando forro e pintura, solicitaram-me uma quantia para concluí-la, e eu mandei dar a de 500$000 em duas prestações.

Aproveitando-me da oportunidade, percorri toda a Colônia, indo até os últimos prazos, em direção ao Chapéu, que são os dos sardos, que, seja dito, não se deixaram exceder em dedicação ao trabalho aos melhores colonos, têm feito grandes derrubadas, algumas já aproveitadas com plantações.

O desenvolvimento da Colônia muito tem aproveitado dos favores que, atualmente, vai recebendo do Governo Imperial, havia colonos, que se mostravam desanimados, se não desesperados, por falta de estradas, entretanto que hoje as têm boas, e mostram-se contentíssimos: o estabelecimento muito tem lucrado do zelo de seu atual diretor, que muito trabalho de estradas tem ali executado, os quais, a olhos vistos, prova que as quantias despendidas têm-no sido com suma vantagem.

Reconheci mais uma vez a vantagem da construção da ponte sobre o Rio Jucu, na estrada para Minas, e ao diretor recomendei urgência em levantar a respectiva planta, trabalho que ainda não está efetuado, pelo muito ocupado que tem andado.

Tive também de observar o inconveniente de que se tem já falado a V. Ex. de haver colonos possuidores de mais de um prazo, pois que atravessei por não pequena extensão de terrenos cobertos de matas virgens; a respeito pede-me o diretor uma providência; alguns desses prazos foram distribuídos a colonos que morreram apenas chegaram, sem que os houvesse beneficiado, e tendo filhos já estabelecidos noutros prazos, sucederam na herança, e portanto ficaram senhores de mais de um prazo, que não podem cultivar; pergunto se devem ser mantidos nessas posses, apesar de não haverem os originários concessionários, ou seus sucessores feito benfeitorias algumas nos respectivos terrenos?

Informado de que a escola não era freqüentada, tive de remover o professor, devo porém dizer a V. Ex. que não vem aquilo somente da ineptidão dos professores; os colonos recusam fazer aprender a seus filhos a língua do país; pois que mostraram-se muito desejosos de que lhes desse um professor alemão, o que lhes neguei formalmente, dizendo-lhes que o Estado não pagaria mestre, senão da língua portuguesa, a qual deviam aprender, visto como aceitaram o Brasil por nova pátria; julgo que não há senão um meio de obrigá-los a mandar seus filhos à escola, é tornar a instrução obrigatória, o que não estranharão; é uma disposição que deve vir no Regulamento de que muito necessita a Colônia; ponto para que peço licença a fim de chamar a atenção de V. Ex.” (Ofício do presidente Pedro Leão Veloso dirigido ao ministro do Império, conselheiro Sérgio Teixeira de Macedo, a doze de agosto de 1859, in Pres ES, IX).

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, novembro/2017



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