Por favor, respeitem o velho senador - Por Rogério Medeiros
É revoltante a forma como estão tratando o ex-senador Dirceu Cardoso por causa dos instrumentos de tortura de escravos em seu poder. Acusam Dirceu de haver se apropriado indevidamente de peças históricas do Estado. Tratam-no como se fosse um desses habituais ladrões de obras de arte.
As agressões ao ex-senador vêm de Itapemirim, partindo de um vereador da região. Este, certamente, nunca ouviu falar da vida pública do velho senador. Se a conhecesse não estaria apedrejando a figura imaculada de um político que honrou, como poucos, os mandatos que exerceu. Foi prefeito de Muqui, deputado estadual, deputado federal e senador.
Sem medo de incorrer em erro, Dirceu é o melhor símbolo de honradez de caráter deste Estado. Pode-se discordar dele politicamente em vários pontos de sua trajetória, mas jamais no campo da dignidade. Neste, ninguém a dignificou tanto como ele.
Além de haver desempenhado muito bem seus mandatos parlamentares, ficou conhecido no País pela campanha que fez para impedir, no Senado, o endividamento externo.
Dirceu é para ser celebrado, e não atacado. E para ser usado como exemplo de honradez para todos os políticos deste Estado. Convenhamos que é até muito a propósito, valendo-se deste momento em que a classe política vive na corda bamba, por causa de atos desprezíveis de muitos de seus integrantes.
Já dizia Nelson Rodriguez que “cada geração transmite à segunda todas as suas frustrações e misérias”. Ao que parece, ocorreu também com a geração do velho senador. Esqueceram de legar para as gerações seguintes os seus feitos. Preferiram o habitual que é transmitir os escândalos. Como neles jamais figurou o velho Dirceu, acabou ocasionando como agora, ataques inconsequentes e irresponsáveis a ele. Por desconhecê-lo totalmente.
Pois dizer que ele se apropriou de peças de escravos para si, é – desculpem os jovens que atiram pedras na figura do velho senador -, uma leviandade. Ao contrário do que eles dizem, o que ele fez foi salvar um pouco do que existia em matéria de peças de tortura de escravos no Estado.
Na década de 50, os maiores antiquários do Rio de janeiro e São Paulo percorriam o Espírito Santo comprando tudo que havia de peças de escravos. Os símbolos da cultura negra estavam desaparecendo. Iam ornar mansões em São Paulo e Rio de Janeiro.
Assaltado por esta situação, Dirceu perambulou meses pelas antigas fazendas escravocratas do Estado mendigando peças para construir um acervo da cultura negra.
Pois bem, se existe hoje um acervo dessas peças, encontra-se em seu poder em Muqui. Num museu que ele próprio fez para guardar esses instrumentos preciosos da História do Espírito Santo. Pelo que o meu caro leitor acaba de ver, só um espírito com a formação do velho senador seria capaz de se dar a tarefa de salvar um pouco da história dos escravos capixabas. Ele não devia ser inconsequentemente atacado. E sim homenageado.
Mas, infelizmente, costuma-se, neste Estado, com muita facilidade, jogar pedras na honra alheia. E soltar aplausos com muitas dificuldades. De minha parte, como velho repórter que acompanhou a trajetória do Dr. Dirceu Cardoso, peço humildemente uma reparação à honra do velho senador.
Vamos celebrá-lo, pois o velho senador é de uma raríssima espécie política, uma espécie extinta, infelizmente. Mas uma história notável de homem público.
Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo. Nº 45, 1995
Compilação: Walter de Aguiar Filho, setembro/2012
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