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Providência revolucionária – Governador Silva Pontes

Perspectiva da Vila de Vitória, Capitania do espírito Santo, 1805, feita por Joaquim Pantaleão Pereira da Costa, copiada do original no ano de 1811 por José Castanheda

Nomeado em 1797,(1) só a vinte e nove de março de 1800 Silva Pontes(2) tomou posse do cargo de governador da capitania.(3)

Doutor em Matemática pela Universidade de Coimbra, lente da Academia de Marinha de Lisboa, geógrafo experimentado em missão de relevo no Brasil, o novo chefe do executivo capixaba – subalterno, aliás, do governo da Bahia – “trazia especialmente recomendada a abertura e navegação do Rio Doce”.(4)

A nova atitude da metrópole em relação aos meios de comunicação entre o Espírito Santo e Minas Gerais bem merece o qualificativo de revolucionária. Repetidas vezes temos citado as providências determinadas pelas administrações coloniais proibindo as relações entre os habitantes das duas capitanias. Providências, é bem de ver, coerentes com a linha adotada pela Coroa frente ao seu domínio sul-americano. Ainda em 1773, o Real Erário expedia uma ordem ao governo de Minas proibindo que qualquer pessoa, sob pretexto algum, passasse pelo rio Doce.(5)

 

NOTAS

(1) - “Decreto de onze de novembro de 1797, Gazeta de Lisboa, de cinco de janeiro de 1798(suplemento)” (GARCIA, Notas à HG, de VARNHAGEN, V, 375).

(2) - Antônio Pires da Silva Pontes (Paes Leme e Camargo) – Natural de Mariana. Capitão de fragata, lente da Academia de Marinha de Lisboa e sócio da Academia Real de Ciências de Lisboa.

Condecorado com o hábito de Aviz. Membro (doutor geômetra) da comissão de demarcação de limites(de 1780, que tinha por comissário o capitão Ricardo Franco de Almeida Serra e o Dr. CosmógrafoFrancisco José de Lacerda e Almeida – todos brasileiros), a ele se deve, entre outros trabalhos, aCarta geográfica de projeção esférica ortogonal da Nova Lusitânia ou América Portuguesa e Estado do Brasil,que foi, em grande parte, reproduzida por Joaquim Nabuco no Atlas que acompanhou a primeiramemória, na questão de limites entre o Brasil e a Guiana Inglesa. Rodolfo Garcia informa que aBiblioteca Nacional e o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro possuem inéditos de Silva Pontes.Durante sua permanência na cidade do Salvador, antes de assumir o governo do Espírito Santo,por incumbência de D. Fernando José de Portugal, levantou “planta da barra e porto da Bahia, dasilhas adjacentes e de parte da Capitania dos Ilhéus” (ALMEIDA, Inventário, IV, 129, 144 e 157). Emhomenagem ao seu amigo conde de Linhares, deu a um filho o nome de Rodrigo de Sousa (da SilvaPontes). Este veio a ser ministro do Brasil na Argentina, onde teve ação destacada, principalmenteno conflito que terminou com a queda de Rosas. Outro filho de Silva Pontes – Manoel José Pires daSilva Pontes – presidiu a província do Espírito Santo de 1833 a 1835. Antônio Pires da Silva Pontesera casado com D. Caetana Herculina Malheiro e pertencia à família Caldeira Brant Pontes. Seufalecimento ocorreu no Rio de Janeiro aos vinte e um de abril de 1805. Jaz no claustro do conventode Santo Antônio (MORALES DE LOS RIOS FILHO, O Rio de Janeiro, 148).

(3) - Vale acentuar que Silva Pontes aportara à Bahia em 1799, pois de três de abrildaquele ano são os ofícios do governador D. Fernando José de Portugal para D. Rodrigo deSousa Coutinho, participando a chegada àquele porto do novo governante do Espírito Santo(ALMEIDA, Inventário, IV, 129).

(4) - Ofício do governador D. Fernando José de Portugal para D. Rodrigo de Sousa Coutinho,de três de abril de 1799 (ALMEIDA, Inventário, IV, 129).

(5) - XAVIER DA VEIGA, Efemérides, IV, 232. O mesmo autor relaciona nada menosque sete atos régios, entre 1725 e 1758, proibindo a abertura de caminhos em Minas Gerais (op. cit., IV, 48).

 

Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2018

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