Província do ES - Cidade de Vitória
Finalmente, a 2 de março de 1822, pela lei ditada pelas Cortes de Lisboa, de primeiro de outubro de 1821, foi instituída a Junta Provisória do Governo, eleita pelo povo para administração civil e política do Espírito Santo. Nova tentativa de rebelião, agora, pelos “corcundas”, chefiados pelos militares Coronel Inácio Pereira Duarte Carneiro, Julião Fernandes Leão, comandante das armas, Antônio Claudio Soído, ajudante de Linha, capitão Luiz Bartolomeu de Oliveira, e os civis João Antônio Pientznauer, juiz ordinário, e o oficial de Secretaria, Manuel dos Santos Ferreira.
Às portas do palácio do governo gritaram: “Abaixo a Junta! Morra a Junta”. Mas a Junta leu, da sacada, a proclamação do Rei D. João mandando que se obedecesse ao Governo Provisório. A tropa desobedeceu ao comando rebelado e o povo confraternizou com os soldados.
Firmava-se a Junta, com autoridade acrescida.
Compunham-na, como presidente o vigário de Guarapari, José Nunes da Silva Pires; secretário, Luiz da Silva Alves de Azambuja Suzano; Vogais; José Ribeiro Pinto, capitão-mor da Vila do Espírito Santo, Sebastião Vieira Machado, capitão de milícias e José Francisco de Andrade Almeida Monjardim, capitão de infantaria de linha.
Em boa hora o Grande Oriente do Brasil enviou o ouvidor, Manuel Pinto Ribeiro Sampaio, a difundir os princípios da independência nacional, propagados pela loja maçônica do Rio de Janeiro. O campo foi fértil ao propagandista.
Natural do Espírito Santo teve a melhor acolhida entre a pequena elite já dominada pelo sentimento nativista. Pereira Sampaio foi depois eleito à Constituinte de 1823. Fez carreira brilhante e alcançou uma cadeira no Tribunal Superior de Justiça, do qual chegou à presidência.
A proclamação da independência foi festejada com regozijo e a Junta credenciou o capitão José Francisco de Andrade Almeida Monjardim para representar o povo espírito-santense nas festas da aclamação de Pedro I, imperador do Brasil.
CIDADE DE VITÓRIA
Província do Espírito Santo
Proclamada a independência, Vitória, pela Lei de 17 de março de 1823, é elevada à categoria de cidade. Nenhuma festa comemorou o evento. Vitória vivia dias de agitação política. Todas as atenções estavam voltadas para os acontecimentos, que sacudiam a nova nacionalidade. O povo pobre e ignorante não opinava. A elite, pequena e dividida, orientava-se pelos líderes em expectativa. O novo predicamento do Município não trouxe fato novo à economia pública. Talvez autoridades mais convencidas de suas prerrogativas fiscais. Uma estatística, cinco anos depois, acusa, para a Cidade, 889 casas de telha, com elevado número de sobrados. A dízima, imposto predial, rendia 1:140$640. Com a nova divisão territorial do Brasil, as Capitanias passaram a Províncias, governadas por presidente de nomeação. Ampliam-se, porém, as liberdades com os Conselhos provinciais. O primeiro presidente provincial foi o bacharel Inácio Acióli de Vasconcelos. Governou de 24 de fevereiro de 1824 a 23 de novembro de 1829.
Seu longo período administrativo foi uma exceção. Seus sucessores pouco ou nada se demoravam no cargo.
Manoel Antônio Galvão, que o substituiu, permaneceu cinco dias, tempo escasso para se refazer da viagem desconfortável.
O PRIMEIRO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA
Acióli Vasconcellos tinha cultura e demonstrou certa intuição administrativa. Minucioso na análise das necessidades da Província registrou dados bastante interessantes. A receita, estimada em 46:231$852, tinha, como contrapartida, despesas da 46:312$647, com a tropa, e 12:862$933, com os civis e eclesiásticos. A situação econômica não era mais alentadora.
A lavoura já não produzia farinha suficiente. As escolas estavam em "relaxação e abandono". Os mestres em atraso de pagamento, ganhando tão pouco que os bons não queriam ensinar. O Hospital Militar era "mais um calabouço do que o restaurador da saúde". As cadeias pareciam "sepulturas dos que nelas entraram". As estradas cobertas de mato e as pontes caídas. O rebanho bovino era de cem cabeças. O comércio de Vitória compunha-se de trinta e cinco "lojas de fazendas secas e quarenta e cinco de molhados e tavernas". Um boi valia 30$000, uma galinha $480, a cachaça era monopólio do "contratador", que obtinha a exclusividade de compra e venda do produto, arrematando o imposto em hasta pública, por período determinado. Não se fixava o preço de venda. "Rameiro" era o apelido do revendedor da "pinga". A produção de 200 pipas não era suficiente. Importava-se bagaceiras e bebiam-se 150 pipas de vinho a um conto e quinhentos a unidade ou três cruzeiros, moeda de hoje, o litro. O vinho encarecera, em relação ao ano de 1780, de cem por cento. As ruas, sempre esburacadas e mal iluminadas. Muitos lampiões eram custeados pelos moradores. A montaria era o cavalo. O transporte terrestre se fazia em carros de bois, bem cantantes. Espantava o efetivo militar de 1849 praças. Uma barbaridade em relação à população da Província. Medo do que se restabelecesse o regime colonial.
Fonte: Biografia de uma Ilha, ano - 1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2014
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