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Quando o Penedo falava, 1927 - Por Elpídio Pimentel - Parte XI (Última)

Capa do Livro: Quando Penedo falava, 1927 - Autor: Eupídio Pimentel

Décima Narrativa – Coutinho Filho

- Gostaste do passeio?

- Muito. E lá, subindo a ladeira da Penha, quando íamos silenciosos, me lembrei de sua palestra, antes de nossa saída: vi os portugueses desembarcando e, na praia, enraivecidos, os botocudos a flechá-los desapiedadamente.

- Tens imaginação viva e criadora e o quadro que ela te forneceu daquele agitadíssimo período de nossa história, quando se firmavam no nosso solo as primeiras raízes da coletividade...

- Vovozinho, faça-me o favor...

- ... da população espírito-santense, sem duvida, foi exato. Mas, agora, escuta-me na conclusão de minhas narrativas. Disse-te, ontem, que Vasco Coutinho se estabeleceu no lugar, que é, hoje, a cidade do Espírito Santo. Coutinho trouxe, para auxiliá-lo nos trabalhos ásperos da colonização, além de umas cinqüenta pessoas, alguns fidalgos, como Simão Castello Branco, Jorge de Menezes e Duarte de Lemos, mas, devido ao seu gênio folgazão, à sua constante jovialidade e a sua escassez de recursos pecuniários...

- E que são recursos pecuniários, meu bom vovozinho?

- São os que se referem a dinheiro. Devido aquelas circunstancias, portanto, e também às perseguições freqüentes dos índios, foram mesquinhos os progressos da capitania, sob o seu governo. Alguns dias depois de iniciada a povoação do Espírito Santo – A Emboaba dos bugres – alguns colonos subiram pelo canal, que trás ao porto de Vitória e que supuseram fosse a foz de um grande rio, em 13 de janeiro...

- Dia de Santo Antonio.

- Exato. Nesse dia encontraram uma grande de ilha, a que deram o nome daquele santo. Essa ilha foi logo doada, por Coutinho, ao seu amigo Duarte de Lemos, que não se demorou em abrir nela pequeno núcleo de população. Ficou, então, se chamando – Ilha Duarte de Lemos, ao passo, que todos davam à sua povoação a nome de Vila Nova, enquanto a outra ficou sendo, desde essa época – há quase quatrocentos anos – Vila Velha, onde o pobre Coutinho se desesperava, perseguido pelos selvagens, que não lhe davam folgas. A tal ponto subiram esses ataques, que ele se viu forçado a transferir sua residência para a Vila Nova, na ilha de Duarte de Lemos, e, aí reunindo todos os esforços possíveis, iniciou valente campanha de extermínio contra os íncolas. Mas, como os seus haveres e meios de defesa fossem, dia a dia, mais fracos, embarcou-se para Portugal, em busca do que lhe faltava, deixando a Jorge de Menezes no seu lugar. Na sua ausência, os bugres amiudaram as suas investidas, matando, além de numerosos colonos, Jorge de Menezes, Castello Branco e Fernão de Sá, sobrinho do grande Mem de Sá, o governador geral do Brasil, que viera propositadamente da Bahia para auxiliar os colonos espírito-santenses na resistência ao gentio, cruel e sanguinário, sucumbindo, sob suas flechadas, em terras do Cricaré, mais ou menos, onde está hoje a cidade de S. Matheus. A capitania cada vez mais se atrasava e parecia que os selvagens, dentro em pouco, seriam, novamente, os dominadores de nossa terra, quando, em 8 de setembro de 1558, o bravo guerreiro do Cricaré, Diogo de Moura, vindo das margens de S. Matheus e reunindo os últimos e escassos elementos para a derradeira tentativa de desforra sobre os bárbaros botocudos, conseguiu exterminar-lhes grande quantidade e afugentar o restante de suas hordas destroçadas. Em memória daquele dia venturoso, passou a Vila Nova a se chamar Vila da Vitória, designação que se estendeu, por fim, a toda a ilha. Nesse mesmo ano, vindo da Espanha, o leigo franciscano, frei Pedro Palácios...

- Lembro-me desse nome, porque, há poucos dias, o senhor me contou que ele fazia milagres e tinha fama de santo: aplacou o mar enfurecido, atirando sobre ele o seu manto milagroso; ia pedir esmolas e deixava, na sua gruta, para o cãozinho e o gato, que lhe vigiavam a morada, as rações separadas, de tal forma que os animaizinhos só comiam, por dia, o alimento que ele lhes destinara, em quanto durasse a sua ausência.

- Estou muito satisfeito contigo, porque não te esqueces das minhas lições. Pois bem, o franciscano abrigou-se naquela gruta, no sopé do monte da Penha...

- Aquela que está tapada com uma grade e tem uma placa com uma porção de palavras, que eu não soube ler?

- Sim, aquela mesma: a inscrição da placa é em latim e refere-se ao frade Pedro Palácios. Em cima dessa gruta há um nicho, onde o franciscano expunha à devoção dos fiéis um belo quadro da Virgem Santíssima, que trouxera de sua pátria. Mas, a santa não se agradava do local, de modo que, todas as manhãs, o padre tinha que ir buscar-lhe o painel no alto da montanha. Foi assim, que ele compreendeu a necessidade de lhe dar, no topo do monte, um pouso adequado às suas sacratíssimas virtudes. Com o auxílio dos colonos e de alguns bugres já mansos, Palácio pôs-se ele mesmo, a construir lá, na grimpa da rocha, ente duas palmeiras, modesto cenóbio, que se ficou denominando – passo ou ermida das palmeiras.

- E é essa ermida, que chamamos, hoje, Convento da Penha?

- É; e tão grandioso é esse templo, que tem sido cantado por diversos poetas brasileiros eminentes. Mucio Teixeira fez-lhe linda poesia onde disse:

“É belo e é solene o prisco monumento

Exposto, dia e noite, aos gorgolões do vento,

Na solidão do monte, ao frio das alturas

Perto do Criador – longe das criaturas!”

- E que formosos panoramas se vem lá de cima, no píncaro da pedra, onde está engastado o Convento?!

- Mas precisas compreender que, no seu principio, ele não tinha as proporções de agora, resultantes de várias reformas. Logo depois da morte de Palácios, que sucumbiu serenamente e ligou o seu nome aquele maravilhoso templo – uma das mais grandiosas, legitima e indestrutíveis tradições brasileiras – seu substituto, o religioso Nicolau Afonso, ampliou largamente as proporções da gloriosa ermida, onde, mais tarde, já transformada em Convento, estiveram dois dos maiores vultos religiosos e literários de nossa pátria – frei São Carlos e Frei Monte Alverne. Quiseram canonizar o franciscano Pedro Palácios pela sua grande piedade e virtude santa. O venerado padre Anchieta chamou-lhe “varão evangélico, que viveu e morreu santamente”. No tempo de Vasco Fernandes Coutinho, também chegaram aqui os jesuítas Afonso Brás, que construiu grande colégio, onde hoje está o palácio presidencial, Diogo Jacomé, habilíssimo marceneiro, e Brás Lourenço, infatigável catequista, que fundou a Aldeia dos Reis Magos, hoje Vila de Nova Almeida; a Aldeia Velha, hoje cidade de Santa Cruz, onde viveram os famosos caciques, ou chefes de índios mansos, Maracaiaguaçu e Araribóia...

- Este último, já o vi num belo quadro do pintor espírito-santense Levino Fanzeres, na sala das sessões do Congresso Legislativo do Estado.

- Então é preciso saberes ainda, que, esses dois bugres tupiniquins foram daqui, do Espírito Santo, quando a capitania estava sob os cuidados de Coutinho Filho, no veleiro de Santa Clara, acompanhados por Belchior de Azeredo, a pedido de Estácio e Mem de Sá, com mais de duzentos dos seus ágeis flecheiros, auxiliar a expulsão dos franceses da baía de Guanabara e a fundação da linda cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, capital do Brasil. E é também preciso que não te esqueças do seguinte: quando Mem de Sá, naquele tempo, veio ao Espírito Santo, encantou-se tanto com a nossa terra que, na sua alta qualidade de governador geral do Brasil, chegou a escrever ao Rei de Portugal, lembrando-lhe a conveniência de estabelecer, em nosso território, a capital do futuro império brasileiro.

- E por que não se realizou essa lembrança?

- Por vários motivos, que, mais tarde, quando te aprofundares na história nacional, saberás. Mas se és – como acredito – um verdadeiro amigo de nossa boa terra, estuda, trabalha e pede aos teus amiguinhos, que, quando puderem, a tornem digna de suas riquezas e tradições. O velho Coutinho, amargurado, paupérrimo e esquecido, acabou miseravelmente, os seus dias em 1561, tendo, antes de morrer, na falta de um substituto legal, confiado à Coroa os interesses de sua terra, até que um de seus legítimos herdeiros a reclamasse. Mem de Sá, por isso, em nome d’el-rei de Portugal, mandou que Belchior de Azeredo a dirigisse. Foi curto e cheio de lutas e sobressaltos o seu governo: os índios e os piratas não o deixaram tranqüilo. Repeliu, com o auxilio dos jesuítas e dos caboclos mansos, dois ataques de franceses. Não tendo querido tomar posse da capitania o fidalgo Jorge de Mello, filho legitimo do primeiro donatário, passou o governo do Espírito Santo para o seu irmão bastardo, mas legitimado, o vitoriense Vasco Fernandes Coutinho Filho – filho de Ana Vaz com o velho Coutinho. Foi uma administração fecunda em boas iniciativas: fez prosperar as lavouras, desenvolveu os núcleos populosos, retalhou o nosso território em sesmarias, permitiu que os bandeirantes, doidos por esmeraldas, percorressem nossos sertões: em 1573, Sebastião Fernandes Tourinho, que veio de Porto Seguro, na Bahia, com muitos outros aventureiros, navegou pelo Rio Doce acima, encontrando turmalinas, esmeraldas e safiras; nesse mesmo ano, Antonio Dias Adorno, com 150 bandeirantes portugueses e 400 selvagens, renova a proeza de Tourinho e volta cheio de pedras preciosas; depois Diogo Martins Cão, o matante negro, também percorre, em busca das sonhadas jazidas de ouro, rubis e esmeraldas, as florestas espírito-santenses; e ainda, por último, já morto Coutinho Filho, em 1612, Marcos Azeredo torna a subir pelo Rio Doce em busca de nossas selvas e faz, na sua volta, o primeiro mapa da capitania do Espírito Santo, indicando os lugares das minas...

- E para onde foram essas nossas grandes riquezas?

- Para lugar nenhum: ficaram conosco – são o nosso solo fecundo, as nossas cachoeiras poderosas, os nossos rios navegáveis, as nossas matas opulentas. Foi também no tempo do governo de Coutinho Filho que, aqui, aportaram os sacerdotes franciscanos ou seráficos, Frei Antonio dos Mártires e Frei Antonio das Chagas, que deram começo, ao convento de São Francisco, hoje em ruínas, não obstante de ser uma das nossas mais preciosas relíquias do passado.

Nele estão guardados – se é que ainda existem – os ossos do grande santo Pedro Palácios, a quem a nossa terra deve alta porção de inesquecíveis benefícios. Também aqui chegou, no tempo de sua administração, que durou vinte e cinco anos, o ilustre e célebre jesuíta Padre José de Anchieta...

- Mas já ouvi pronunciarem Anquieta.

- Não é exata essa pronúncia: deves dizer essa palavra como eu a disse – Anxiêta. Esse insigne catequista ou, para que me entendas melhor, esse carinhoso amigo e educador dos índios, depois de ter prestado seus generosos serviços à Bahia, São Paulo e ao Rio de Janeiro, escolheu a capitania do Espírito Santo para sua residência, até a morte. Auxiliou-nos muito esse santo missionário: pacificou índios e aldeou-os, formando as povoações de Guarapari e de Iriritiba, onde morreu. Essa aldeia é, hoje, a próspera cidade de Anchieta, no município de igual nome. Foi ele ainda quem reorganizou a povoação abandonada do Cricaré, dando-lhe o nome de S. Matheus.

- Aqui, no Espírito Santo, em seus últimos doze anos de vida, escreveu grande parte dos seus livros, que lhe dão o direito de ser indicado como iniciador da literatura brasileira. Morto o donatário Coutinho Filho, a nossa terra entrou na herança de uma viúva, dona Luisa Grinalda...

- Já o senhor me falou a respeito dela.

- É exato, Glauro. Agora sabe toda a história do Espírito Santo, desde os seus dias atuais até a época distante de suas origens. Está cumprida a minha promessa: contei-te tudo o que me ensinou, a minha infância, o Gênio maravilhoso, que, de dentro do Penedo, espreita todos os passos e atos de nossa vida, gloriando-se, quando beneficiamos ao Espírito Santo, e revoltando-se, se nos desinteressamos de seu futuro. Quero, pois, que sejas muito amigo de nossa terra, de cujos heroísmos, tradições e glórias te podes ufanar. Porque, meu Glauro – escuta-me bem e ouve meu derradeiro conselho – quem não ama o solo, onde nasceu, não chora com os seus infortúnios e não vibra com os seus heroísmos, comete a mais nefanda das ingratidões: o repudio da terra materna, onde lhe decorreram os dias tranqüilos da meninice, os sonhos festivos da infância, as feiticeiras ilusões da juventude!

FIM

 

Opiniões valiosas

O ilustre e brilhante polígrafo, Dr. Carlos Xavier Paes Barreto, quando redator-chefe do Diário da Manhã,  nesta cidade, em 1º de agosto de 1925, na sua secção Ementas, referiu-se ao presente livro nestes termos:

“Quando o Penedo falava...”

Elpídio Pimentel, espírito de escol e, incontestavelmente, um dos mais vigorosos intelectuais da atual geração espírito-santense, acaba de escrever um trabalho de alta valia para a infância de nossa terra.

Trata-se de uma história do Espírito Santo por meio de contos próprios á inteligência infantil.

É personagem principal do livro o Glauro, inteligente e viva criança de 10 anos, educado sob os cuidados do avo, que para atrair-lhe a atenção, ensina-lhe toda a história do Espírito Santo, dando a feição de lenda, narrada por um gênio encarcerado no coração do Penedo.

Preferiu Elpídio Pimentel começar do presente para o passado, naturalmente para prender melhor o pequeno leitor. Dá uma noção perfeita da organização social e dos poderes públicos, mostrando a ação do presidente do Estado, dos representantes do poder legislativo e judiciário e dos colaboradores do chefe do Executivo na ação administrativa.

Explica onde habita esse chefe, que, no momento, é o Dr. Florentino Avidos, cujos trabalhos de governo salienta.

As demais narrativas contém ensinamentos sobre os atos dos presidentes republicanos, que antecederam ao atual, desde o Sr. Coronel Nestor Gomes até Graciano Neves, dos presidentes de Província, membros da Junta de Governadores e dos capitães-móres.

Dá a conhecer os nossos grandes vultos, seus feitos notáveis na literatura, nas artes e nas armas e a ação do Espírito Santo em todos os grandes movimentos em que se agitou a alma nacional.

As histórias, contadas no quintal, pelo avo de Glauro, são bem interessantes.

Elpídio, sem pregar o regionalismo mesquinho, soube, entretanto, no seu livro, estimular o amor a esta pequenina e nobre terra brasileira, que, por tantos títulos, se impõe ao respeito e a admiração.

Mas de espaço pretendemos analisar o livro de Elpídio Pimentel.

Por hoje queremos, apenas, levar-lhe perfaças pelo seu trabalho, que é mais uma valiosa contribuição trazida pelo ilustre capixaba as terras pátrias.

C.X.

 

Na sessão do dia 28 de janeiro de 1927, nesta cidade de Vitória, sob a presidência do exmo. Sr. Secretário da Instrução, Dr. Ubaldo Ramalhete Maia, e presentes os conselheiros Drs. M. Lopes Pimenta, Arnulpho Mattos e prof. Aristóbulo Leão, foi por este lido o seguinte parecer, de sua lavra, a respeito deste livro, logrando aprovação unânime:

“Exmo. Sr. Presidente do Conselho Superior de Ensino do Estado:

Dando desempenho á grata e honrosa tarefa que v. exa. houve por bem competer-me, de exanimar a obra do nosso ilustre confrade, prof. Elpídio Pimentel, intitulada “O búzio encantado”, cumpre-me comunicar a v. exa. que, apesar de ser do numero dos que desejariam que o dia tivesse 48 horas, a ver se assim conseguiria desafogar-me de inesgotáveis labores, lancei tudo de lado, para ler atentamente, página por página, linha por linha, palavra por palavra, o original da referida obra. E me dou por muito bem recompensado do tempo que empreguei nessa leitura, por verificar que o trabalho em foco representa uma contribuição valiosa do nosso digno colega as letras pedagógicas e a história do nosso Estado.

Se não é original do gênero didático e literário – visto não ser o prof. Elpídio Pimentel o criador do diálogo recreativo, como meio de instruir divertindo – esse trabalho o é, sem dúvida, quanto ao caráter particular, que o assinala, o assunto de que trata e os fins a que se propõe.  Na verdade, enquanto o prof. Amancio Pereira, o desembargador Afonso Cláudio e outros esforçados conterrâneos tenham tratado, com proficiência e devotamento, de homens e fatos espírito-santenses, será o nosso distinto confrade, ao que me é dado colher, o primeiro que, sob a forma de um compendio de leitura, escrito em estilo simples, ameno e escorreito, vestindo narrativas interessantes, em que a sucessão fluente dos fatos cada vez mais vai atraindo e encantando o leitor – será o Prof. Elpídio Pimentel, dizia eu, o primeiro a introduzir, por esse meio, em nossas escolas, o conhecimento da história capixaba, tão cheia de ensinamentos e de glórias e que não se confina nos estreitos limites de mero regionalismo, visto se achar ligada, por laços íntimos e indissolúveis, a história da pátria comum, a cujo conhecimento necessário e conseqüente conduz. E falo da introdução do precioso livrinho nas escolas, porque o governo da nossa terra, certamente, há de acolhe-lo com entusiasmo e reconhecimento, mandando adaptá-lo no 3º ou 4º ano do ensino primário e promovendo, por todos os meios possíveis, a sua vulgarização, de modo a não ficar valendo apenas como obra didática, mas como um manual do povo, que nele muito há de aprender e tem mesmo o dever moral, patriótico e cívico de se empenhar por isso, pois, conhecendo melhor a história do seu torrão e, sobretudo, as lutas, os revezes, as fases adversas, mas felizmente vitoriosas por que tem passado,  para chegar ao seu grau atual de adiantamento, há de redobrar, naturalmente, de interesse e amor por este abençoado torrão e, em conseqüência, de dedicação e zelo pela nobre causa do seu progresso, que é o progresso de todos e o de cada um em particular.

Resta-me agora, fazer votos para que o editor e o revisor do interesse livro do nosso ilustrado confrade sejam um pouco mais cuidadosos do que o copista datilófrago do original, além disso, que o seu indefeso autor aplique ao seu inspirado trabalho algumas pequenas modificações – substituindo por outra, no titulo, a palavra búzio que, em certas localidades, dizem ter sido pejorativo; encurtando e simplificando um ou outro período de extensão um tanto inconfortável para o fôlego de uma criança; e omitindo, na pagina 126, aquela referencia aos amores de D. Anna Vaz com o velho Coutinho, referencia que, sobretudo, quando lida em voz alta, em plena aula, pode favorecer idéias indesejáveis e piadas importunas e esudantinhos maliciosos e brejeiros.

Remato, finalmente, estas desvaliosas considerações, com sinceros parabéns ao nosso valoroso colega, prof. Elpídio Pimentel, por ter logrado realizar na sua produção o ideal formulado pelo velho Horácio – utile dulci; e, pela parte que me cabe, cordiais agradecimentos pelo excelente concurso que, mais uma vez, presta á instrução e a literatura de nossa terra.

Vitória, 28 de janeiro de 1927.

Aristóbulo Leão.”

 

Em virtude desse parecer, foi o livro, agora impresso, adotado em todas as escolas primárias do Estado, por ato do governo.

 

Fonte: Quando o Penedo falava, 1927
Autor: Elpídio Pimentel
Compilação: Walter de Aguiar Filho, junho/2015

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