Teatro no ES
O padre José de Anchieta foi, possivelmente, o primeiro a fazer teatro no Espírito Santo, no intuito da propagação do catolicismo por meio da arte, entre as grandes massas da população, particularmente a indígena, para quem o teatro anchietano cumpria um dos grandes objetivos da contra-reforma, de levar a arte ao povo, para levar o povo a Deus, afastando-o, neste caso, de seus deuses pagãos.
Nesse intuito, ensaiou em Vitória, no Colégio de São Tiago, em 1586, a peça de sua autoria denominada “Auto de São Maurício”. Também em Vitória, por ocasião da chegada das relíquias das “Onze Mil Virgens”, fez representar no Colégio o seu “Auto de Santa Úrsula”. Igualmente marcante em sua vida foi a entronização na igreja de Reritiba, no dia 15 de agosto de 1590, da imagem de Nossa Senhora da Assunção, quando foi realizada pomposa festa, cujo auto assistido por milhares de pessoas, proclama a fé no catolicismo e na Virgem Maria convidando-a a tomar posse da aldeia e ali permanecer, depois da expulsão do diabo que queria convencê-la do contrário.
Relacionadas ao teatro anchietano encontramos ainda os autos: Na Noite de Natal, São Lourenço, São Sebastião, Diálogo do P. Pero Dias Mártir, Na Aldeia de Guaraparim, do Crisma, Recebimento do Pe. Marcos da Costa, Da Visitação de Santa Isabel; peças escritas em Castelhano, português e tupi, e, a exceção dos dois primeiros, que estrearam no Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, todos os demais autos foram encenados no Espírito Santo.
A visitação de Santa Isabel, considerada última obra do jesuíta, é um diálogo em espanhol que narra o encontro da Virgem Maria com sua prima, Isabel (mãe de São João Batista). Finalizada por uma procissão solene, a encenação era para celebrar a construção de uma Santa Casa de Misericórdia, com data e local de representação obscuros.
Auto (latim: actu = ação, ato) é um sub-gênero da literatura dramática. Tem sua origem na Idade Média, na Espanha, por volta do século XII. Em Portugal, no século XVI, Gil Vicente é a grande expressão deste gênero dramático. Camões e Dom Francisco Manuel de Melo também adotaram esta forma.O auto era escrito em redondilhos e visava satirizar pessoas. Como os autos de Gil Vicente deixam perceber claramente (vide, por exemplo, O Auto da Alma e O Auto da Barca do Inferno), a moral é um elemento decisivo nesse sub-gênero.
Fonte: Palácio Anchieta: de colégio à casa da governadoria, 2000
Autores: Gabriel Bittencourt e Nádia Alcuri Campos
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