A antiga localização de Santa Catarina das Mós
Desde a criação da vizinha capitania da Paraíba do Sul, o limite do sul do Espírito Santo foi estabelecido além do Rio Itabapoana e se chamava Santa Catarina das Mós que desapareceu do mapa no século XIX. A grande questão é saber onde Catarina das Mós estava situada, à margem do sul do Rio Itapemirim ou à margem, também sul, do Rio Itabapoana.
Em pesquisas encontramos um documento datado da Vila da Victoria, onze de julho de 1790, que nos informa sobre o assunto. O documento é uma informação do capitão-mor do Espírito Santo, Ignácio João Mongeardino, ao Governo da Bahia sobre a representação da Câmara de Vila de Nossa Senhora da Victoria e das outras vilas da capitania do Espírito Santo.
Vem ele acompanhado de três mapas coloridos e dá, inicialmente, informações sobre a economia regional, o ensino e as necessidades mais prementes do Espírito Santo. Fala ainda sobre todas as vilas da capitania, iniciando pela da Victoria e depois sobre a Vila de Nova Almeida, Vila do Espírito Santo, Vila de Grapararim (Guarapari), e Vila Nova de Benavente (Anchieta), sempre relatando suas atividades econômicas, população e informações de outras de interesse histórico. Fala ainda o documento sobre todo o litoral da então capitania, dando informação sobre a geografia local, informando sobre rios, montanhas, portos, barras, aldeias, de forma interessantíssima e com valiosas informações sobre a vida e a região com passagens curiosas. Ao quase findar o documento, após dar todas as informações possíveis para a época sobre o vale do Rio Itapemirim, fala o capitão-mor sobre a região entre este rio e o Itabapoana referindo-se à fazenda de Muribeca que pertenceu aos jesuítas. Após dissertar sobre a barra do rio Itabapoana diz ele textualmente: “E desta dita barra, distância de mais de legoa, no lugar chamado S. Catarina das Mós; limita a jurisdição desta Capitania...”
Esta informação é preciosa por estabelecer que Santa Catarina das Mós estava situada ao sul do rio Itabapoana, portanto, em território do atual Estado do Rio de Janeiro e era este local o ponto limite sul da Capitania do Espírito Santo no final do século XVIII. Entretanto cumpre informar que o Dicionário Histórico, Geográfico e Estatístico da Província do Espírito Santo, editado pela Topografia Nacional, no Rio de Janeiro, em 1878, diz o seguinte: “Santa Catarina das Mós – assim se chama o campo entre a Ponta de Manguinhos e o rio Itabapoana perto da Ponta do Retiro onde se acham vestígios de antiga povoação. Em cima da Ponta existe um comoro, com umas Mós, e daí vem o nome para este campo.”
No mapa oficial do Império Brasileiro, datado de 1868 e elaborado por Cândido Mendes, a localidade de Santa Catarina das Mós situava-se imediatamente ao sul da foz do rio Itabapoana. O rio Itabapoana chamava-se na língua tupi Managé que significa “reunião do povo”. Santa Catarina das Mós desapareceu da geografia no século XIX.
Fonte: Espírito Santo: História, realização Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (IHGES), ano 2016
Coleção Renato Pacheco nº 4
Autor: João Eurípedes Franklin Leal
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2016
Nota sobre a foto do Mapa:
Mapa com o título atribuído como “[Mapa de parte do Rio de Janeiro e Espírito Santo, descrevendo os Campos de Goytacazes]” foi feito por volta do século XVIII por autor anônimo.
Ele mostra Campos de Goytacazes – campos cheios de gado, além de mostrar São Salvador, paróquia que depois veio pertencer a Campos; a Ilha da Âncora, a Ilha de Santana, o Cabo de São Tomé; a lagoa da Paraíba; a Vila da Paraíba; o rio Paraíba do Sul; o rio Iritiba; a Ilha de Guarapari; o rio Guarapari; a Ilha Escalvada e a Ilha do Espírito Santo.
A região de Campos era, originalmente, habitada pelos índios Goytacazes, que significa, em tupi-guarani, para alguns, “corredores da mata”, para outros, “índios nadadores”, definição que bem se enquadra a essa nação, habitante das lagoas.
Campos dos Goytacazes começou a ser desbravada com a doação da Capitânia de São Tomé a Pero de Góis da Silveira, que havia chegado ao Brasil com a expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza, em 1530, e posteriormente a seu filho Gil de Góis. No entanto, devido aos constantes ataques dos Goytacazes, que haviam destruído a população da Vila da Rainha, fundada em 1538, e depois Vila de Santa Catarina das Mós, próxima ao Rio Itabapoana, Pero Góis da Silveira acabou abandonando a povoação e retornando a Portugal, em 1570.
A efetiva colonização da região somente iria começar em 1627, quando o Governador-Geral, Martim Corrêa de Sá, doou algumas glebas da capitânia a sete capitães: Miguel Maldonado, Miguel da Silva Riscado, Antônio Pinto Pereira, João de Castilhos, Gonçalo Corrêa da Sá, Manuel Corrêa e Duarte Corrêa, que construíram, em 1633, currais para gado, próximos à Lagoa Feia e à Ponta de São Tomé em reconhecimento pelo seu heroísmo nas lutas contra os índios e piratas na colonização das terras.
Dos sete capitães, apenas Miguel Riscado se estabeleceu nas terras recebidas. Os demais alugaram as áreas que lhes cabiam a colonos ou as doaram aos padres jesuítas e beneditinos.
O Governador do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, em 1648, conseguiu a doação das terras da Capitânia de São Tomé, que, desde 1615, passara a chamar-se Capitânia da Paraíba do Sul, para seus filhos Martim Corrêa de Sá e Benevides, Primeiro Visconde de Assecas, e João Corrêa de Sá. Em poucos anos, a povoação prosperou, sendo elevada à categoria de vila em 1677. Os limites originais da Capitânia não foram respeitados e os impostos e taxas criados fizeram com que muitos colonos fossem expulsos.
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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