A Fonte da Capixaba – Por Maria Stella de Novaes
Uma linda cunhã, da tribo que dominava a Ilha de Duarte de Lemos, hoje Cidade da Vitória, ralava-se ao amor de um bravo guerreiro lusitano, ádvena, porém, que se desinteressava das belezas indígenas, — fossem paisagens ou mulheres. Suspirava pela sua terra natal, que ficava distante, e, saudoso, concentrava-se no que lá deixara, com o seu coração. Tencionava, talvez, acumular riqueza, no Brasil, a fim de regressar, aparelhado para a aquisição de terras e outros bens, antes mesmo de procurar o seu primeiro amor.
Ao coração da índia, entretanto, cruciava a indiferença do guerreiro branco. Ignorando a causa de tal atitude, aos seus carinhos puros e sinceros, ela chorava, chorava, até que, impressionado, um pajé, seu avô, resolveu providenciar algo, para resolver a situação. Numa concha, semelhante ao búzio encantado do Penedo, recolheu as lágrimas daquela paixão e, numa noite destinada à celebração dos mistérios de Jurema, — invocando Janaína, a cabocla sereia do mar, e o caboclo das encruzilhadas, fez brotar da terra a maravilha de uma fonte belíssima, cujos predicados eram a doçura de uma carícia e o murmúrio de um suspiro de amor, na espessura agreste da mata!
No trabalho intenso de sindicar recursos de defesa da Ilha, certo dia, o guerreiro sentiu-se abrasado e procurou dessedentar-se, na fonte misteriosamente originada, naquele sítio, pelo amor, desfeito em lágrimas, de uma índia capixaba. Logo, seus olhos, deslumbrados, descortinaram as belezas, que o cercavam, e o jovem lusitano, subiu, subiu, cada vez mais fascinado pela magia do meio, encanto acentuado, com o murmúrio indefinível da água.
Mais uns passos e, na espessura da mata, a suavidade de uma melodia, quase imperceptível, guiava-o para o sombreado de uma fronde rósea de uma sapucaia secular. Já, o guerreiro se esquecera do amor distante, em Portugal. Inebriara-se, pelos atrativos da terra capixaba. Quedou-se, por isso, estático, perante a visão fascinante de um vulto de mulher recostado no tronco recoberto de ipoméias floridas. Era a índia forte e bela, filha da selva capixaba.
Então, o guerreiro, antes, excêntrico e indiferente, sentiu o milagre do Amor! ...
Nunca mais, o seu pensamento se alou às plagas lusitanas...
A Fonte da Capixaba continuou, porém, a guardar o sortilégio haurido, na bênção do velho pajé: — "Quem bebe da sua água não mais se afasta do Espírito Santo".
Torna-se capixaba, — de coração!
"Esta lenda nos foi descrita, pelo Dr. Heráclito Amâncio Pereira".
Fonte: Lendas Capixabas, 1968
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2015
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