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A morte do Asceta - Por Maria Stella de Novaes

Frei Palácios

Dobrava, tristemente, o novo campanário,

despertando, em surpresa, o índio, o donatário,

o jesuíta e o escravo, em noite enluarada.

— Seria um gênio mau? Uma alma atormentada,

a suplicar a prece, em transe doloroso,

naquela solidão? — Seria o frei piedoso,

que, a meditar feliz, sentisse a inspiração

de concitar o povo ao fervor da oração

à Senhora da Penha, — a soberana Guia

da vida espiritual, nesta Capitania?

 

A plangência, porém, suave, suavemente,

perdia-se, no espaço. . . E a turba impaciente

aguardava, em silêncio, o dealbar da aurora,

em rude inquirição. O servo não demora

a descer da montanha à Vila incipiente

e dar a triste nova à multidão, que sente

o borbulhar do pranto, ao pungir da saudade,

que repontar parece, à dura realidade: —

perder seu benfeitor, após a linda festa

de uma entronização! Doce lembrança resta

ao povo contristado: — a serena alegria

do santo anacoreta, e sua profecia

de partir, para o Além, assim que a santa Imagem

da sua Protetora acolhesse a homenagem

das almas, na capela, — o mirante do incerto

navegador, ao porto ideal, ali perto

predestinado à glória, — o Espírito Santo,

a terra que Anchieta enaltecia tanto.

 

E vai a multidão, a subir a montanha,

sentindo, na alma, em pranto, a sensação estranha

de um vácuo, ou mesmo um tom sigular, na folhagem

como se o meio todo, imerso em fria aragem

da madrugada triste, à dor se associasse .

 

E, lá, na ermida em que se deu o desenlace,

ajoelhado ainda e mãos postas no altar,

Frei Palácios parece, enlevado, a rezar!

 

Fonte: Lendas Capixabas, 1968
Autora: Maria Stella de Novaes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, agosto/2015

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