As casas – Iluminação das ruas – Século XIX
Já reproduzimos aqui impressões de várias pessoas sobre a cidade de Vitória da primeira metade do século passado. A Memória informa que quase todas as suas casas mediam vinte e cinco a trinta palmos de frente e possuíam salas de visitas e jantar, dois quartos, cozinha e quintal. As de sobrado, que “andarão por mais da terça parte”, seguiam o mesmo risco, com pouca diferença.
As ruas eram iluminadas por lampiões, para os quais, no ano financeiro de 1832-1833, foi destacada a verba de 600$000.(73)
Assistência social
Já tratamos da fundação da Santa Casa da Misericórdia deVitória e, quando da resenha das realizações do governo Rubim, fizemos referência à restauração da piedosa irmandade, levada a efeito por aquele administrador. Agora graças aos esclarecimentos contidos no trabalho de Inácio Acióli podemos abordar novos aspectos de sua vida.
A instituição retirava suas rendas da contribuição paga pelos comerciantes locais,(74) dos aluguéis dos prédios que possuía, da venda de esquifes, diárias dos soldados que hospitalizava, legados, esmolas e do que recebia dos doentes não indigentes.
Além do Hospital, tinha sob seus cuidados a criação dos expostos. Sendo o único estabelecimento de caridade da província, portanto, necessariamente sobrecarregadode encargos, conseguia operar milagres orçamentários – tinha (em 1828) 8:000$000 emdinheiro, no cofre. E pagava salários a um boticário seu, capelão e mais empregados.
População
O recenseamento de 1827 acusou uma população estimada em 35.879 almas, incluídos índios (aldeados) e escravos (XIV). Comparando o quadro censitário com o de 1824, o presidente apontava o recrutamento como causa da diminuição do número de pretos forros e índios. Quanto aos cativos, cuja redução era também acentuada, vinham sendo “remetidos para fora da província para boleiros, caixeiros etc.” (75)
NOTAS
(73) - Em documento relativo ao ano financeiro (primeiro de julho de 1832 a trinta de junho de1833), constante do volume V, série Presidentes do Espírito Santo (Mss. do Arquivo Nacional), encontra-se a seguinte anotação: “Despesa para a iluminação da Cidade – 600$000”. E mais: “A iluminação que existe nesta Cidade foi estabelecida pelos antigos governadores, e se compõem de dez lampiões, sendo vinte (sic) sustentados por particulares e seis às custas da Fazenda; e convindo estender-se a iluminação com mais trinta e cinco lampiões, por ser a cidade situada sobre montes, com ruas estreitas e cheias de buracos, por falta de calçadas, e devendo esta capital da Província ser beneficiada com mais esta graça, como desejam os seus habitantes, contemplei esta despesa no presente orçamento. Cidade da Vitoria, dez de janeiro de 1831. a) Gabriel Getúlio Monteiro de Mendonça, Presidente da Província.”
(74) - Ver foot-note n.º 56 do capítulo XIV.
(75) - “O último censo que foi o do ano de 1824 dado no ano de 1826 não é mais rico,não obstante dele se infere alguma coisa. A população em três anos tem aumentado na razão de seis para 409, razão bem pequena na verdade o que prova imigração, e esta bem se manifesta na classe índios e pretos forros onde o aumento nestes três anos é negativo podendo-se atribuir quanto aos índios ao recenseamento para a força de terra, Arsenal e Marinha da Corte para onde se tem remetido por várias vezes não poucos; e quanto aos pretos forros não há outra razão para ocultarem-se dos róis eles mesmos, ou aqueles que os deviam declarar, sendo igualmente certo terem sido mandados em 1825 alguns para o segundo corpo de artilharia de Posição da primeira linha. A tropa da 1.ª linha mantida por esta Província no seu estado completo deve ser oitocentos e doze entrando o 6.º corpo de artilharia de posição com noventa e quatro praças. Ora se do total da população se tiram os pretos de ambas as condições e sexos e os pardos cativos se vê que restam vinte e quatro mil e quarenta e nove que na razão de dois por cento que deve dar para a primeira linha não deve exceder a quatrocentos e oitenta, logo o recrutamento para mais foi violento. Nos pardos cativos também a diferença é negativa, ignoram-se as causas e só se sabe que muitos deles têm sido remetidos para fora da Província para boleiros, caixeiros etc. e que se não acabou a mania de velhas e velhos da Província de forrarem todos os escravos especialmente os mulatos, chegando depois a pedirem esmolas. Muitas conclusões mais se poderiam tirar se os dados (mapas) fossem verdadeiros, o que entra em muita dúvida, não só porque muitos se subtraem dos róis, como também pelo pouco escrúpulo com que tais alistamentos se fazem, só para descargo de consciência, tomando por objeto de curiosidade pedidos desta natureza quando os não envenenam, ignorando as conseqüências úteis que deles se podem tirar para utilidade dos povos” (Memória).
XIV - MAPA DA POPULAÇÃO DA PROVÍNCIA DO ESPÍRITO SANTO DO ANO DE 1827
Ver imagem abaixo da matéria.
Os nascimentos, mortes, e casamentos são de 1827. As diferenças negativas levameste sinal –.
INÁCIO ACIÓLI, Memória.
* Devia ser 337 para fechar as somas. Diversos números desta tabela foram corrigidoscom base na transcrição do original existente na Memória Estatística da Província do EspíritoSanto escrita no ano de 1828 por Ignácio Accioli de Vasconcellos. Vitória, Arquivo PúblicoEstadual, 1978. [Nota do editor].
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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