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Barras, rios e confluentes - Por Basílio Daemon

Riacho Doce, 2010

Possui a província ótimas barras e excelentes ancoradouros, com rios navegáveis até a extensão de 6 quilômetros a 180, havendo ainda ribeirões e córregos que desembocam no mar, alguns tendo fundo suficiente para a entrada de canoas, sendo uns e outros aqui descritos com os seus confluentes, descrevendo-os  do sul ao extremo norte do litoral da província.

Rio Itabapoana: possui uma barra um pouco ruim na entrada, oferecendo algum perigo em consequência de um cordão de recifes que lhe fica em frente, mas com fundeador regular, sendo navegável até o alto Itabapoana por pequenos vapores, barcas e lanchas de pequeno calado, numa extensão de 72 quilômetros, pouco mais ou menos; nele deságuam os rios Preto, Muqui do Sul, ribeirão do Café, ribeirão do Veado, rio de Santa Joana e outros.

Rio Itapemirim: barra má em consequência de um cordão de recifes que ali existe e a formação de bancos de areia que são mutáveis de sul a norte, conforme a estação, mas prestando-se a barra a ser melhorada e com facilidade; o ancoradouro fora é bom, com NE fica o mar bravio, com SO torna-se calmo; dá a barra entrada unicamente a navios de pequeno calado, sendo navegável até São Pedro do Cachoeiro, numa extensão de 70 quilômetros, pouco mais ou menos, por pequenos vapores, barcas e lanchas; neste rio desemboca o canal do Pinto ou Piabanha, o rio Muqui do Norte, ribeirão do Frade, ribeirão da Ortiga, ribeirão de Santana, ribeirão de Itaoquinha, ribeirão do Salgado, ribeirão da Itaoca, ribeirão de São Felipe, rio Castelo, ribeirão da Vala do Souza, ribeirão do Alegre, rio do Norte, rio Pardo e outros de menos quantidade d’água.

Rio Piúma: não tem propriamente barra e sim ancoradouro, só podendo entrar navios de pequeno calado; é navegável por pequenas barcas e já por ele subiu até a colônia do Rio Novo um bonde marítimo ou barca-vapor; nele deságuam o rio Iconha, o rio Itapoama, o rio Novo e alguns córregos.

Ribeirão Iriri: desemboca no mar entre Piúma e Benevente, não tem barra e só pequeno fundeador para canoas, recebe em seu curso alguns córregos.

• Rio Perocão: entre Benevente e Guarapari, é de pequena extensão, não tem barra e somente fundeador para canoas, recebe em seu trânsito alguns córregos.

Rio Una: entre Benevente e Guarapari, nas mesmas circunstâncias do antecedente, com pequeno fundeador para canoas, recebendo em sua passagem alguns córregos.

Rio Benevente: em consequência de um banco de areia que se estende a perto de uma légua, não dá entrada senão a navios de pequeno calado, tendo pequeno porto, mas sofrível fundeador fora da barra; nasce este rio nas serras do Castelo, é navegável a um e meio quilômetro até a cachoeira de Benevente por canoas e barcas; são seus confluentes o ribeirão do Brejo das Salinas, ribeirão do Pongal, o ribeirão Jueba, o ribeirão do Guatinga, o rio Cabeça Quebrada e muitos outros.

Rio Guarapari: barra pequena mas franca para todo e qualquer navio, porto muito bom e fundo e fundeador abrigado; são seus confluentes o ribeirão de Aldeia Velha, o ribeirão Piacira, ribeirão do Engenho, o rio Jabuti, ribeirão da Fazenda e muitos outros de pequena nomeada.

Peixe Verde: ribeirão entre Jucu e Vitória, sem barra nem fundeador, nele desembocam o ribeirão Braço do Sul, o Formate ou Taquari.

Rio Jucu: não tem barra nem fundeador, sendo desde a foz navegável por canoas e podendo ser por pequeno vapor até pouco acima de Caçaroca, na distância talvez de 20 quilômetros; nele desembocam os rios Araçatiba, Jucunema e alguns ribeirões e córregos.

Baía da Vitória: é formada pelo mar, não sendo propriamente rio, embora os antigos dessem a toda a sua extensão o nome de rio Santa Maria, nela receba muitos outros rios e sua nascente seja o mesmo rio acima; é esta baía larga e franca, sendo considerada uma das primeiras do mundo por ser manso o mar e poder-se entrar a qualquer hora. A profundidade encontrada na barra, segundo sondagens feitas diversas vezes, e ultimamente pelos engenheiros Dr. César de Rainville e C. Cernadack, em marés secas é de 5,5m d’água, e em marés cheias de 7,37m, havendo a diferença de uma a outra 1,87m. Nas marés de lua no preamar e a maré pode-se dizer que a diferença é de 1,87m, e nas marés mortas, 0,88m, sendo nas marés naturais sua profundidade 6m. O porto é extenso e largo, muito abrigado dos ventos, podendo conter em si desde a barra até o Lameirão duas a três esquadras, sem receio de garrarem os navios pelos temporais.

Deságuam nesta baía os rios da Costa, um braço-de-mar com o nome de Passagem, o qual recebe parte do rio Santa Maria, sendo dela confluentes os rios Aribiri, Marinho, Cariacica, Santa Maria e outros diversos ribeiros e córregos.

É navegável por navios e vapores de grande calado até o Lameirão, e daí para cima até o Cachoeiro de Santa Leopoldina por pequenos vapores, lanchas e lanchões de pequeno calado e numa extensão desde a barra até o dito Cachoeiro de Santa Leopoldina

no total de 70 a 72 quilômetros, havendo ainda pequena navegação nos rios Aribiri, Marinho, Cariacica e Santa Maria com a dita baía.

Há nesta baía lugares com a profundidade de 10 a 15m, como por exemplo junto ao granito chamado Penedo, e no centro da baía, onde se forma um canal percebido na ocasião em que se dá a vazante das marés. Existem até o presente alguns pequenos recifes e calhaus disseminados que, com facilidade, se destruiriam, mas que por incúria até hoje têm sido deixados.

Córrego da Praia Mole: desemboca no mar entre a baía da Vitória e o córrego de Carapebus, sem importância digna de menção.

Córrego de Carapebus: desemboca no mar entre o córrego da Praia Mole [no original, córrego de Carapebus] e o rio de Nova Almeida, igualmente sem importância alguma a ser aqui mencionada.

Córrego do Bicanga: desemboca entre a [baía da] Vitória e o córrego de Manguinhos, sendo de pouca importância.

Córrego de Manguinhos: desemboca entre o córrego do Bicanga e o rio Jacaraípe, sendo de pouca importância.

Rio Jacaraípe: entre o córrego de Manguinhos e Nova Almeida, não tem barra, só dá entrada a canoas; são seus confluentes e o formam o rio Novo, Camburi e Jucunema e alguns córregos.

Rio Nova Almeida ou dos Reis Magos: não tem propriamente barra, e só podem entrar canoas, catraias, lanchas e bondes a vapor; nele desembocam o rio Timbuí, o Furado e diversos pequenos ribeirões.

Rio Preto: é um ribeirão que desemboca no mar entre Nova Almeida e o ribeirão Gramatu, recebendo diversos córregos.

Rio Gramatu ou Gramuté: pequeno ribeirão que desemboca no mar entre o rio Preto e Santa Cruz, recebendo em sua passagem diversos córregos.

Rio Santa Cruz: tem barra franca e boa nas enchentes de marés, dando entrada a navios não de muito calado; o fundeador é regular e tem bom porto; são seus confluentes os rios do Destacamento, Piraquê-açu ou Suassuna, Piraquê-mirim ou das Perobas, assim como diversos ribeiros e córregos.

Saué: pequeno ribeirão que desemboca no mar entre Santa Cruz e ribeirão Guaxindiba.

Guaxindiba: pequeno ribeirão entre o ribeirão Saué e o Saí.

Saí: pequeno ribeirão entre Guaxindiba e o Riacho.

Rio do Riacho: possui somente bom ancoradouro para barcos de pequeno calado no lugar denominado Concha; tem este rio sua origem na lagoa de Aguiar, sendo seus afluentes os rios de Santa Joana, Pavão ou Pavônio, Jemuuna, Cachoeirinha, Quilombora, Brejo Grande, Araraquara, Comboios e pequenos córregos.

Rio Doce: tem excelente barra, dando nas marés grandes 3,85 metros, e nas marés pequenas 2,64 até 3,08 metros, com porto para conter muitos navios; é talvez este o segundo rio do Brasil pela sua grandeza; é navegável até 180 quilômetros acima, no lugar denominado cachoeira das Escadinhas; são ubérrimas as suas margens e ricas de soberbas matas; tem sua nascente na província de Minas Gerais, entre as serras de São José e Barbacena, onde recebe diversos confluentes, nele deságuam o rio Preto, o Juparanã, nascido na lagoa do mesmo nome, rio Juparanã-mirim, o ribeirão de Santa Maria, o ribeirão das Lajes, o ribeirão do Mutum, o ribeirão de São João, o rio Guandu, o rio de Santa Joana e muitos outros nesta e na província limítrofe. Tudo o que se há dito deste rio é falsíssimo.

Ribeirão de Monserrat ou Monserás: entre o rio Doce e São Mateus, mas de pouca importância.

Rio da Barra Nova ou Seca: entre o rio Doce e São Mateus, comunicando com este rio pelo rio Mariricu.

Rio São Mateus: tem unicamente barra com 2 metros de fundo, dando entrada a navios de pouco calado: não sendo a mesma barra franca, por isso às vezes é difícil rompê-la. É navegável por pequenos navios e vapores até 60 a 61 quilômetros no lugar chamado Atalaia e Jacarandá, 27 quilômetros acima da cidade de São Mateus, assim como por canoas até as primeiras cachoeiras, 48 quilômetros acima do Jacarandá. Neste rio desembocam o canal de Itaúnas, rio São Domingos, rio Santa Ana, rio Mariricu, rio Preto, rio da Pedra d’Água e alguns ribeiros e córregos.

Rio Itaúnas: com pequena barra no lugar chamado Guaxindiba, dando entrada a canoas e a pequenas lanchas em determinadas estações, nele desemboca o ribeirão Angelim e outros pequenos riachos e córregos.

Riacho Doce: entre Itaúnas e Mucuri, desembocando nele pequenos córregos.

Riacho  das Ostras: entre Itaúnas e Mucuri, nele desembocam pequenos córregos.

Riacho da Barra Nova: entre Itaúnas e Mucuri, este riacho comunica-se com o Mucuri pelo rio Gamboa.

Rio Mucuri: está nas mesmas circunstâncias que o rio São Mateus, tendo um fundo de 2 ½ metros, nele desemboca o rio Gamboa, riacho Grande, Mucurizinho e outros ribeirões e córregos. É o ponto terminal ao norte desta província com a da Bahia.

 

Nota: 1ª edição do livro foi publicada em 1879
Fonte: Província do Espírito Santo - 2ª edição, SECULT/2010
Autor: Basílio Carvalho Daemon
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2015

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