Indústrias – Construção naval – Artes e ofícios
Além de alguns curtidores de couro – que juntavam esta habilidade à profissão de sapateiro – “mastão miseráveis que não merecem o nome de fabricantes e não curtem nem para oconsumo da terra”, havia preparadores de cal de ostras.
As fábricas de açúcar e aguardente andavam por sessenta e oito, sendoque a maior produzia, anualmente, cento e cinqüenta caixas de quarenta acinqüenta arrobas.
Olarias – em número de oito – faziam telhas, tijolos e utensílios para cozinha.
Embora não existissem estaleiros, até sumacas se construíam aqui e, commaior facilidade, lanchas de doze e dezesseis toneladas. Mas eram raras essas obras,não obstante dispor a província de florestas riquíssimas de madeiras próprias eoperários especializados.
Alguns ourives, rábulas, carpinteiros, marceneiros, sapateiros, seleiros,pedreiros, alfaiates, ferreiros, carniceiros, tecelões, latoeiros, em boa parte,cativos. Nem um dentista, “mas é suprida esta falta por um ferreiro curioso”, explica o presidente.(68)
A pescaria vinha decrescendo por vários motivos: diminuição do peixe, emprego das lanchas de pesca no transporte de farinha, falta de proteção aospescadores contra o recrutamento e, mais, a presença de piratas no Atlântico Sul. Deste modo, as dez embarcações de outros tempos estavam reduzidasa duas, e o pescado era insuficiente para o consumo local. Utilizavam-se alinha, a rede, fisgas, tarrafas e muzuás. Também aqui concorria o trabalhodos escravos.(69)
NOTAS
(68) - “As artes liberais são mui pouco ou nada cultivadas na Província. A música daCapital se compõe de oito pessoas quase todas da mesma família e que tocam as mesmas peçasem todas as festas, que compõe um rabecão, dois violinos, uma flauta e quatro cantores e sesucede isto com esta arte divina o que acontecerá com as outras! Em suma, há seis ourives,um pintor e dois aprendizes; cinco rábulas, dois armadores. De ofícios mecânicos cincomestres de carpinteiros, três oficiais e um aprendiz; sete oficiais de calafates; dez carpinteirosda Ribeira; dez mestres de marcenaria, vinte e quatro oficiais e dezesseis aprendizes; trintaoficiais de pedreiros; dois cabouqueiros; trinta e oito mestres de sapateiros, trinta e umoficiais e quarenta aprendizes; vinte e quatro alfaiates, vinte e cinco oficiais e vinte e umaprendizes; treze ferreiros; quatro carniceiros; trinta e sete tecelões; um latoeiro, três seleiros.
De todos estes são cativos quinze. Não há dentista, mas é suprida esta falta por um ferreiro curioso. Não há encadernador, mas serve de tal um rábula e assim se suprem e se remedeiamas faltas como se podem” (Memória).
(69) - “O costume dos pescadores é cada um pescar para si e dar a quinta parte do peixeao dono da canoa ou lancha, à exceção do mestre que não paga quinto; e quando pescamcom rede metade do pescado é para o dono dela” (Memória).
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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