Instrução Pública - Período Provincial no ES
Dois fatores concorreram para que os passos do Espírito Santo fossem curtos no vencer a distância entre as necessidades fundamentais do povo e a grandeza econômica da Província: - Educação e Saúde.
Faltavam-lhe escolas e médicos. As epidemias castigavam impiedosamente os habitantes: febre amarela, peste bubônica, paludismo, disenteria, varíola, E o povo a sofrer sem recursos materiais que lhe minorassem a miséria.
O curso primário era ministrado em dois anos, O secundário, elementaríssimo consistia em aulas de Latim, Filosofia, Retórica, Matemática, Geografia, História e Música. De Ciências, nem sombra. O Presidente Dr. Luiz Pereira Couto Ferraz, depois agraciado com o título de Visconde de Bom Retiro, no seu Relatório de 1846, comunica haver na Província vinte e sete aulas das quais duas de latim, uma em Vitória, outra em S. Mateus, com vinte e sete matrículas, nesses cursos, e 1847 alunos, com frequência nas aulas primárias. O Conselheiro Presidente Costa Pereira, em 1864, lamenta haver apenas cinquenta alunos nos cursos secundários para uma população de 45.000 almas. Nesse Relatório à Assembleia Provincial faz esplêndida dissertação sobre a importância das letras clássicas e encarece a necessidade do estudo da língua portuguesa. Havia na capital duas aulas masculinas, uma regida pelo professor Veríssimo Manuel Aguiar, com 93 matrículas, e outra, por Frei João Nepomuceno Valadares com 68. Uma escola feminina, regida por Vitória Antunes da Penha, com 44 meninas. Nesse ano, foi criada a Diretoria da Instrução Pública, cujo titular vencia o ordenado de 1:000$000 por ano.
Passou o ensino a ter relativa organização, com inspetores escolares (Delegados Literários), classificação de escolas por entrâncias e material escolar. O mecanismo foi-se aperfeiçoando aos poucos, principalmente, sob os governos dos Drs. João Tomé (1873) e Eliseu de Souza Martins (1880). Professores particulares cooperam com eficiência e aparecem as primeiras iniciativas privadas, algumas das quais se tornaram famosas como veremos mais adiante, no último quarto do século.
A fumaça espessa, que encobriu a Província do Espírito Santo, do cenário político nacional, plenamente justificada, origina-se na fraquíssima percentagem de alfabetizados. Em 1871, cinquenta e cinco anos após a proclamação da Independência, o Espírito Santo apenas superava as Províncias de Mato Grosso, Amazonas e Piauí em números de escolas e alunos matriculados,
O quadro abaixo define, por si só, o panorama educacional brasileiro:
Províncias |
Escolas |
Matrículas |
1 – Minas Gerais |
601 |
13.949 |
2 – São Paulo |
423 |
11.562 |
3-Pernambuco |
419 |
13.443 |
4-Rio de Janeiro |
401 |
10.880 |
5-Rio Grande do Sul |
361 |
12.139 |
6-Bahia |
322 |
13.560 |
7-Ceará |
244 |
14.520 |
8-Alagoas |
188 |
6.311 |
9-Pará |
187 |
5.685 |
10-Município Neutro |
185 |
14.426 |
11-Maranhão |
177 |
6.509 |
12-Sergipe |
169 |
4.817 |
13-Santa Catarina |
132 |
4.150 |
14-Paraíba |
118 |
3.545 |
15-Paraná |
92 |
1.621 |
16-Goiás |
78 |
1.998 |
17-Rio Grande do Norte |
70 |
2.805 |
18-Espírito Santo |
69 |
1.414 |
19-Piauí |
69 |
1.400 |
20-Amazonas |
43 |
887 |
21-Mato Grosso |
29 |
1.032 |
Total |
4.428 |
147.621 |
A política e os favores administrativos seriam, naturalmente, monopolizados pelas províncias mais cultas, Foi o que aconteceu.
Fonte: Biografia de uma Ilha,1965
Autor: Luiz Serafim Derenzi
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2012
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