Jerônimo Monteiro: o culto à personalidade
Por contraditório que pareça, Jerônimo Monteiro, mesmo tendo arruinado as finanças do Estado, firmou-se como líder político. Seu nome converteu-se numa grife. Ele próprio tinha consciência da importância de projetar para a posteridade uma imagem de político inovador e moderno. Com esse intuito, criou uma espécie de departamento de marketing e propaganda. Todas as suas obras eram fotografadas, para futuras exposições itinerantes pelo Estado. Nas cerimônias públicas, uma chuva de pétalas de rosas recepcionava-o.
Para estabelecer o seu governo como início de uma nova era, criou os primeiros símbolos do Estado: selo, brasão das armas e distintivo presidencial – o hino e a bandeira tricolor estadual foram oficializados depois, em 1947. O branco, o azul e o rosa deveriam ornamentar todas as insígnias estaduais e, seguindo a filosofia positivista do lema nacional, “Ordem e progresso”, determinou a inscrição da divisa “Trabalha e Confia” nos símbolos do Espírito Santo. De acordo com a tradição, tal slogan foi inspirado na sua formação religiosa em colégios jesuítas: “Trabalha, como se tudo dependesse de ti. Confia, como se tudo dependesse de Deus”. Stella de Novaes classifica o lema como “belo, profético, vibrante e glorioso”. Tamanha exaltação é, em parte, compreensível, pois a historiadora é sobrinha de Jerônimo Monteiro.
Ícone maior da República Velha no Espírito Santo, Jerônimo Monteiro praticamente nasceu (1870) e morreu (1933) com ela. Hoje, além de seu nome “batizar” uma cidade inteira, no sul do Estado, em muitas outras a avenida principal traz a sua marca. De certa forma, fazemos, mesmo que inconscientemente, o culto à personalidade e à memória de um “coronel ilustrado” que conseguiu sua própria grandeza. O monteirismo sobreviveu ao seu fundador.
Fonte: HISTÓRIA DO ESPÍRITO SANTO – UMA ABORDAGEM DIDÁTICA E ATUALIZADA 1535 – 2002
Autor: José P. Schayder
Compilação: Walter de Aguiar Filho, outubro/2012
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