Muniz Freire
Quando assumiu a presidência do Estado pela primeira vez, em 1892, Muniz Freire anunciou que suas duas prioridades seriam o povoamento do solo espírito-santense e a construção de linhas ferroviárias.
Sua primeira meta foi cumprida em parte, tendo sido interrompida, em 1895, em virtude do escândalo provocado pelo Dossiê Nagar. As denúncias do cônsul italiano levaram o governo de seu país a proibir a migração para o Espírito Santo.
Para a construção da tão desejada Estrada de Ferro Sul do Espírito Santo, que ligaria Vitória a Cachoeiro pela Região Serrana, foi negociado um empréstimo com bancos franceses. Não suportando o ônus da obra, o Estado privatizou a ferrovia, em 1896, transferindo-a para a Leopoldina Railway Company. Para os cofres públicos estaduais, ficou um enorme prejuízo, em dívidas. Arrependendo-se da iniciativa, Muniz Freire declarou que "estava longe de supor que metia ombros à empresa gigantesca de construir uma das vias férreas mais caras e mais difíceis do nosso país".
Com o governo mineiro, foi assinado um protocolo de intenções para construir uma ferrovia ligando Alegre até a fronteira com Minas Gerais e outra de Vitória a Teófilo Otoni. Em 1903, já no segundo mandato de Muniz Freire, a Estrada de Ferro Vitória a Minas começou a ser construída e, nesse mesmo ano, a Leopoldina Railway terminou a conexão entre Rio de Janeiro e Cachoeiro.
Fora suas duas grandes metas, Muniz Freire investiu em outros projetos, buscando modernizar o Espírito Santo e, especialmente, a capital.
Por intermédio de uma historiadora da arte, Almerinda Lopes, ficamos sabendo que o Estado era considerado, na época, um dos mais atrasados da federação brasileira, "onde faltava tudo, até cemitérios dignos para sepultar os mortos". Vitória era uma cidade pacata e insalubre, com ruas estreitas e tortuosas, cercada por "pardieiros infectos". Por isso, o presidente Muniz Freire deu início a um processo de expansão do centro urbano da capital, com um trabalho de drenagem, saneamento e aterro de áreas pantanosas e alagadiças. Esse projeto urbanístico foi chamado de Novo Arrabalde.
O Teatro Melpômene foi construído, transformando-se em importante casa de espetáculos.
O porto de Vitória, que era um simples cais de madeira com instalações precárias, recebeu uma primeira tentativa de estruturação. Projetou-se a montagem de um engenho central de cana, no vale do Itapemirim, e a criação de duas fábricas de tecidos: uma em Vila Velha e outra na Serra. Eram projeções otimistas, que os fatos não consumaram.
Em 1900, quando foi eleito pela segunda vez, Muniz Freire encontrou o orçamento do Estado em condições caóticas. Além das dívidas acumuladas de sua primeira gestão (1892-1896), em 1898 o presidente Marcelino Vasconcellos, para tentar saldá-las, fizera um novo empréstimo, dessa vez com os banqueiros ingleses. Fora isso, a agricultura estava em crise: o café não encontrava boa cotação no mercado externo naquele momento. Para piorar, uma seca prolongada agravava o quadro econômico.
Isso posto, a solução encontrada por Muniz Freire foi solicitar uma moratória aos credores internacionais. Foi preciso “congelar as contas” externas do Estado, negociando novos prazos de pagamentos. Na esfera federal, o presidente Campos Salles (1898-1902) enfrentava o mesmo problema, que foi resolvido com o funding loan, ou seja, com a suspensão momentânea do pagamento da dívida externa, renegociando juros e prazos com as casas bancárias estrangeiras.
Fonte: Livro História do Espírito Santo - uma abordagem didática e atualizada 1535 - 2002
Autor: José P. Schayder
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro/2014
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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