Novas insurreições dos íncolas na Capitania do ES
Outra matéria que ocupou logo a atenção do donatário foi a guerra que os índios da capitania reiniciavam naqueles dias contra os brancos. É outra valiosa notícia contida na carta do padre Luís da Grã. Comunicava este aos da sua confraria os excelentes resultados obtidos por Brás Lourenço nas suas atividades junto aos moradores brancos, no seio dos quais conseguira “enxergada mudança”, lamentando, outrossim, que “com os Indios não se pode ateguora assi fazer, porque estão mui apartados”. Atribuía tal conduta à “grande cobiça que teem quá os brancos de lhos averem por escravos”. A guerra começou no princípio daquele milésimo, conseguindo os atacantes, logo nos primeiros assaltos, levar sete pessoas.(34) Viviam em pé de guerra, esperando, para qualquer momento, a investida dos bárbaros, e isto, “no Brasil,” acentuava o jesuíta, “era o mais forte da guerra, este sobressalto em que estão, com que não ousão ir às roças nem a pescar”.(35)
Prata, ouro e “certas pedras”
Preciosa por todos os títulos, a epístola do famoso jesuíta contém, ainda, esta notícia sensacional: “Estão os moradores mui contentes, porque alem do metal, que se na mesma Villa achou que se quá tem por prata, e muito ferro, mandou o Capitão Vasco Fernandez Coutinho descobrir, pello sertão, e acharão ouro e certas pedras, que dizem que serão de preço, e que dum e doutro aa muita copia”.(36)
É surpreendente que as notícias desses achados não tenham provocado grande afluência de aventureiros, como se verificou nas outras capitanias. Pelo menos não se conhecem informações.
NOTAS
(34) - “...ainda que nenhuma era algum dos brancos, senam um moço mamaluco” (GRÃ, Cartas, II, 224).
(35) - GRÃ, idem, ibidem.
(36) - Encerrando o parágrafo, escreveu estas palavras judiciosas: “Cousa hé por que devemos de dar muitas graças a Deus, porque além de ser bem commum, temos quá todos por mui averiguado que o fructo neste gentio aa-de ser com vir tanta gente a estas terras que os possão sugiguar” (Cartas, II, 225).
– Até certo ponto valem pelo reconhecimento de que o Evangelho era insuficiente para conquistar o gentio.
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, julho/2018
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