Periodização da História do ES
REPUBLICA VELHA (1889-1930)
Durante a República Velha, as elites do Espírito Santo, independente de seus pequenos desentendimentos no campo político, tentaram dar um impulso à economia local.
As preocupações dos presidentes estaduais, tomadas em seu conjunto, foram basicamente quatro:
- dar continuidade ao processo de povoamento do território capixaba, abrindo novas frentes de imigrações;
- sanear e urbanizar Vitória;
- modernizar a economia capixaba, criando indústrias;
- criar uma infra-estrutura destinada a escoar o potencial econômico do interior do Estado.
O café, cujos índices de exportação oscilaram entre 81% e 95% da balança comercial do Estado, financiou parte dos projetos governamentais do período. Outras vezes, o governo recorreu a empréstimos, contraídos diretamente com banqueiros franceses e ingleses – a Constituição da época autorizava este tipo de transação financeira com credores estrangeiros.
Conhecidas tais diretrizes gerais, esse programa de governo aconteceu com mais eficácia nas administrações de Muniz Freire, Jerônimo Monteiro e Florentino Avidos. Os três são os que melhor ilustram a primeira fase republicana no Espírito Santo. Gravitando ao redor deles, estiveram os outros presidentes estaduais.
PERÍODO REPUBLICANO
Começa com a proclamação da república, em 1889, e vem até os nossos dias. Caracteriza-se, politicamente, pelo governo dos presidentes do Estado (até 1930, quando termina a República Velha, com a Revolução de 30), e dos governadores (com a fase dos interventores, durante a ditadura de Getúlio Vargas).
O café continuou sendo o elemento básico da economia capixaba. Sua alta ou queda no mercado internacional afetava diretamente a política administrativa dos presidentes do Estado, designação que tiveram os governantes na fase da república Velha. Este panorama econômico somente seria definitivamente alterado no final do século, a partir dos anos 70 em diante, quando se instalaram, na região da Grande Vitória, os grandes projetos de siderurgia e portuários. São projetos que marcam o processo de integração do Espírito Santo à política de desenvolvimento industrial e de expansão comercial do Governo Brasileiro, e que têm hoje, no Corredor de Transporte Centroleste, sua expressão máxima.
O século XX, que forma a maior parte do Período Republicano, assistiu ainda à ocupação das terras da região norte e noroeste do Estado, realizada por capixabas, mineiros, baianos e descendentes de antigos imigrantes. O século viu também a população urbana suplantar a rural, fenômenos cujos efeitos sociais ainda se fazem sentir de forma alarmante, nos dias que correm.
SÉCULO XIX
Este século traria mudanças importantes no curso da História do Espírito Santo. As duas mais assinaláveis foram a chegada e a expansão da lavoura do café, em terras capixabas, e a introdução dos colonos imigrantes, a partir da metade do século, em regiões desabitadas e selvagens.
O café, que entrou no Espírito Santo pela mão de colonos vindos do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, expandiu-se, primeiramente, pelas terras do sul, na bacia do rio Itapemirim, antes de atingir outras áreas. Fazendas surgiram e se desenvolveram à base do trabalho de escravos negros. Pelo rio Itapemirim escoava-se a produção cafeeira com destino ao Rio de Janeiro.
A chegada de colonos europeus, de diversas nacionalidades, predominando, dentre eles, os alemães (principalmente os pomeranos) e italianos, estes da região do Vêneto e do Trento, no norte da Itália, iria representar fator de grande influência na formação do povo capixaba e na ocupação de regiões até então desabitadas do nosso território. Localizados, a princípio, na zona montanhosa e nos vales dos rios Santa Maria da Vitória, Timbuí e Piraqueaçu, os colonos e seus descendentes desbravaram o centro e o norte do Espírito Santo, e fizeram do plantio do café sua principal fonte de sobrevivência. Já na fase provincial, o café passou a ser o principal produto de sustentação da economia capixaba, principalmente antes da proclamação da república e, daí, até o final do século.
SÉCULO XVIII
A descoberta do ouro, na região das Minas Gerais, que compreendia inclusive parte da capitania do Espírito Santo, teve reflexos decisivos na história capixaba. Preocupado com a defesa da região das minas e com possibilidade de contrabando do ouro pelo litoral do Espírito Santo, o governo português proibiu a abertura de caminhos em direção às Minas Gerais e militarizou a vila de Vitória, onde foram erguidos fortes e sediados destacamentos de soldados. A capitania conheceu então uma fase de estagnação até porque a Coroa Portuguesa a havia comprado, em 1718, a um dos herdeiros de Gil de Araújo, passando a ter sobre ela, controle absoluto.
SÉCULO XVII
Dois célebres incidentes marcam a História do Espírito Santo no século XVII: o primeiro ataque holandês a Vitória e Vila Velha, em 1625, em que se destacaria, na resistência aos invasores, a figura de Maria Ortiz, e o segundo ataque, em 1640. Ambos tiveram como motivação a produção de açúcar do Espírito Santo. A partir, porém, da metade do século, esta produção caiu em declínio, como aconteceu com o açúcar fabricado no Brasil, prejudicado pela produção açucareira das Antilhas. Francisco de Aguiar Coutinho, um dos herdeiros de Vasco Fernandes Coutinho, é o donatário que se destaca no começo deste século e que, inclusive, governava o Espírito Santo quando da primeira invasão dos holandeses. A regra geral, porém, foi a capitania ficar entregue a capitães-mores, não pertencentes à família dos donatários.
Em 1674, um fazendeiro da Bahia, Francisco Gil de Araújo, adquiriu a capitania do Espírito Santo a Antônio Luís Gonçalves da Câmara Coutinho, herdeiro de Vasco Fernandes. O interesse de Gil Araújo fixava-se nas esmeraldas e minas de ouro, já buscadas nos sertões da capitania desde o final do século XVI. Diversas expedições sertanistas ocorreram desde então, mencionando-se, dentre elas, as que foram organizadas por Domingos e Marcos de Azevedo. Apesar disso, somente no século seguinte é que o ouro seria explorado de forma compensadora em Portugal.
SÉCULO XVI
No século XVI Portugal impôs ao Brasil o Pacto Colonial, que vigoraria durante todo o Período Colonial. O Pacto, resultante de política então praticada pelas nações da Europa em relação às suas colônias, consistia em obter o máximo de produtos tropicais e riquezas minerais dessas colônias. Inerente ao Pacto, o monopólio comercial obrigava a que todo o comércio colonial fosse explorado exclusivamente pela metrópole.
Quando terminou o século XVI, o Espírito Santo apresentava um quadro geral de colonização consolidada, na faixa litorânea. O açúcar tornara-se o principal produto de exportação para Portugal devendo-se a sua produção ao trabalho indígena, administrado pelos padres jesuítas, e o emprego da mão de obra de escravos africanos, importados para a capitania. Aldeias jesuíticas, de índios convertidos ao Cristianismo, situavam-se ao norte e ao sul da vila de Vitória.
Neste século, a capitania passou pelos governos dos donatários Vasco Fernandes Coutinho e do seu sucessor Vasco Fernandes Coutinho Filho (substituído, temporariamente, depois de falecido, por sua esposa, Luíza Grimaldi). É dessa época também o início do desmatamento da Mata Atlântica, para a extração do pau-brasil, que atraiu à capitania piratas e corsários franceses, cujas naus chegaram a ameaçar, mais de uma vez, a vila de Vitória. Dentre os Corsários ingleses, a ameaça maior veio de Thomas Cavendish, em 1592.
Período Colonial
O que caracteriza o Período Colonial na História do Espírito Santo é a criação de uma estrutura econômica envolvendo o plantio da cana e a fabricação do açúcar para exportação para Portugal e o esforço dos colonizadores, a partir de Vasco Fernandes Coutinho, para conquistar a terra, explorá-la e se apossar de suas riquezas.
Segundo os termos da Carta de Doação, a capitania de Vasco Fernandes tinha cinqüenta léguas de costa e entrava pelo sertão adentro até onde fossem as da Coroa Portuguesa, no continente americano, cabendo ao donatário a missão de conquistar e colonizar este vasto território.
Mas durante o Período Colonial a ocupação e povoamento do Espírito limitaram-se a um grupo reduzido de vilas e povoações criadas à beira-mar ou em suas proximidades: Vila Velha, Vitória, São Mateus, Nova Almeida (fundada pelos jesuítas com o nome de Santo Inácio dos Reis Magos), Serra, Guarapari e Reritiba (depois Benevente, hoje Anchieta). Viana e Linhares surgiram somente no começo do século XIX. A primeira, como colônia de açorianos trazidos para o Espírito Santo no governo do príncipe regente D. João, e Linhares como quartel avançado nas do rio Doce para proteger dos botocudos a navegação e a colonização daquele rio.
Fonte: Espírito Santo Nossa História Nossa Gente, 1997.
Autores: Luiz Guilherme Santos Neves, Lea Brígida Rocha de Alvarenga Rosa e Renato José Pacheco.
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