Teatro Melpômene
O Teatro e a sua concepção
O Melpômene, a mais importante sala de espetáculo do século XIX, surgiu em 1896, já na República.
A construção foi iniciada no dia 14 de dezembro de 1895, pelo Governo Moniz Freire (1892-1896), no antigo largo da Conceição (atual Costa Pereira), no local onde está hoje o Hotel Império, na entrada da Rua 7 de setembro, esquina com Graciano Neves.
O Projeto foi elaborado pelo engenheiro italiano Felinto Santoro, Diretor de Obras do Estado. Segundo André Carloni, depois de deixar o cargo, Santoro saiu de Vitória, tendo voltado à Europa. Este também dirigiu as obras, auxiliado pelos engenheiros e colegas do órgão público, Leopoldo Cunha, Antônio Francisco Atayde, Rossi e pelo arquiteto Guilherme Oatis.
Era todo construído em pinho de Riga importado da Suécia e possuía iluminação elétrica de geração própria, quando ainda não havia energia elétrica em Vitória. Tinha capacidade para 1200 pessoas.
Participou de sua construção o carpinteiro italiano Giuseppe Giovanotti, chegado a Vitória em 1894. A cobertura era de telhas francesas, importadas de Marselha. As colunas e grades das frisas e dos camarotes em ferro forjado, bem como os operários especializados vieram do Rio de Janeiro e São Paulo. Recebeu o apelido de "Teatro de pau".
O principal decorador foi Spiridione Astolfoni, natural da província de Pádova, Itália, chegado a Vitória em 1895, aos 42 anos de idade. Teve como ajudante o jovem patrício André Carloni, então com 13 anos. Este último continuaria pintando os cenários e os cartazes para o Melpômene, durante o seu funcionamento.
Ele ocupava o terreno onde, mais tarde, ficou erigido o Hotel Império, na Praça Costa Pereira, então Largo da Conceição. O Melpômene sofreu um princípio de incêndio durante exibição de filme, em 8 de outubro de 1924, causando grande pânico por ser de madeira. A partir desse episódio, foi o teatro vendido a André Carloni que aproveitou as colunas de ferro fundido para sustentáculo do Teatro Carlos Gomes, por ele iniciado. Este último, foi inaugurado em 1927, no Governo Florentino Ávidos.
A polêmica criada com o nome
Pela Lei N.º 44, de 27/11/1872, era "concedida à Sociedade Dramática Particular, denominada "Melpômene", o empréstimo que solicitou seis contos de réis (6:000$000), em quatro prestações semestrais para a construção de um Theatro nesta capital, com 60 palmos de frente e 100 de comprimento, conforme plano já organizado." O nome Melpômene era uma homenagem à musa da tragédia grega. Contrariou a opinião de alguns homens públicos da época, que pretendiam que se chamasse TDP - Theatro Dramático Público". Segundo alguns articulistas, a mudança do nome para Melpômene foi uma forma de evitar o escárnio da oposição que traduziu imediatamente a sigla TDP, como "Teatro de Pau", ironia ao fato do mesmo ter sido construído de pinho-de-riga. Entretanto, a mudança daquela para outra sigla TM, inserida no frontispício (Theatro Melpômene), passou a ser lida, pelos opositores ao Governo, como "Theatro de Madeira". Tais adversários criticavam o "dispêndio de 402 contos de réis, gastos com a construção de teatro e a desapropriação da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha.
Pelo Decreto N.º 57, de 19 de maio de 1896
A antiga e já arruinada Igreja de Nossa Senhora da Conceição (século XVIII), do largo da Conceição ou da Prainha (chamada primitivamente Porto da Lanchas), era vendida por 50 contos de réis e demolida, para permitir o alargamento do espaço em frente ao Teatro.
Em abril de 1913, o Teatro Melpômene era transferido à empresa Trinxete & Cia e a Getúlio Simões. Mas, pela Lei N.º 961, de 6/12/1913 era aprovado o contrato de transferência do arrendamento a Getúlio Simões e Raulino Pinheiro, firmado a 4 de setembro de 1913. A última apresentação no Melpômene foi a revista "Só Orso", escrita por Deocleciano Coelho, depois do fracasso da Companhia Pinto Filho, cujo repertório não agradou ao público.
Sem ajuda dos governos estaduais, que não patrocinavam reformas e conservação, nem temporadas artísticas, nem davam apoio ao teatro amador, o Melpômene acabaria por ter desvirtuado o fim específico para o qual foi construído. O Governador Moacir Avidos instalava no Teatro, os "Serviços de Melhoramentos de Vitória".
O Incêndio e a sua demolição por André Carloni
Transformado em cinema, no dia 8 de outubro de 1923, quando da exibição do filme "Ordens Secretas", em sessão noturna, houve início de incêndio na cabine de projeção, o que acarretou a interdição do Melpômene e a sua venda, em 1925, a André Carloni, por 60 contos de réis. O novo proprietário demoliu o Edifício, no mesmo ano da compra, transferindo as colunas e outros materiais para o Teatro Carlos Gomes, que começava a construir em terreno nas proximidades. "O madeiramento de pinho-de-riga foi todo desperdiçado na construção de barracões de emergência." (Derenzi, 1965, p.218).
Nota do Site: Sua capacidade de 1200 pessoas, também é citada por alguns autores como de 400 pessoas e 800 pessoas/ a data do incêncio de 8/10/1923, aparece citada em outros trabalhos como de 9/10/1924, posteriormente essas correções observadas na compilação poderão ser corrigidas em novos trabalhos de pesquisa sobre o Melpômene.
Compilação: Walter de Aguiar Filho em 09/06/2011
FONTES: Castiglione, Aurélia e Reginato, M (org.). Banco de Dados sobre imigração italiana. Vitória, Arquivo Público Estadual, s.d.
Feitosa, Edgard. "Você conhece Vitória antiga?"
A Gazeta, Vitória, 19 de março 1972, p.6
Commercio do Espírito Santo, Vitória, 16 e 22 de maio de 1896, p.1.
Derenzi, Luiz Serafim. Biografia de uma ilha. Rio de Janeiro, Pongetti, 1965.
O Cachoeirano, Cachoeiro de Itapemirim, 29 de março, p.2 e 31 de maio de 1896, p.3.
O Espírito- Santense, Vitória, 06 de julho de 1871, p.1
Novaes, M.S. História do Espírito Santo. Vitória, Fundo Editorial do ES, s.d.
LOPES, A.S. Arte no Espírito Santo, do século XIX à Primeira República. Vitória, A1, 1997
Gabriel Bittencourt e Nádia Alcuri Campos. Palácio Anchieta: de colégio à casa da governadoria, Vitória, 2000
Projeto de Modernização e Administração Fazendária - PROMAF/ES
GALERIA:
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
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