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Viagem de D.Pedro II por Linhares – Lagoa Juparanã e ilha do Almoço

Descrição da Imagem: Contra capa do livro Viagem de D. Pedro II ao Espírito Santo, com dedicatória do autor: Para Anna Graça, oferece Levy Rocha. Vitória, 20 de abril de 1961

Os botocudos escolheram uma barranca, em meia-lua, à margem esquerda do rio Doce, quatro léguas acima do mar, para aí se recrearem, concertarem as brigas, celebrarem as vitórias, ou descansarem dos seus transes e correrias, conforme escreveu Eurípides Pedrinha.

No local tão sedutor, não só pela qualidade do terreno, de barro vermelho, como pela proteção das enchentes, o governo da província estabeleceu um destacamento de pedestres, no início do século XIX.

Conhecido nas referências mais antigas como Coutins, o aldeamento passou a chamar-se Linhares em homenagem ao conde do mesmo nome, seu grande incentivador.

Mas, o perigo do botocudo, que não se conformava em abandonar a região, o pavor da febre tremedeira e a sensação de isolamento naquela selva, distante catorze léguas de Vitória, dificultaram o povoamento do lugar que começou como degredo e refúgio de desertores e criminosos.

Contudo, a sua prosperidade inspirou o Conselho da Província a elevá-lo a vila, em 1838.

Na época em que se preparava para receber a visita imperial Linhares tinha esta fisionomia, segundo o correspondente do Jornal do Comércio: “Quase toda composta de casas cobertas de palha; todavia, não apresenta aspecto desagradável pela vastidão e regularidade de sua praça, assim como das ruas; sua prosperidade é nula, pois que a população respectiva não passando de 900 a 1000 almas, quase toda se ocupa no tiramento de madeiras, levando nisto uma vida nômade, e sem produzirem nem ao menos para o consumo.”

A estimativa populacional era um pouco otimista e ultrapassou a anotada por S. M.:

O município de Linhares tem 700 almas.

Mas a descrição não destoava do bosquejo de Sua Majestade:

Bordaram as ruas da praça que é grande e cheia de relva, de coqueiros, que iluminaram de noite, e a vila poucas mais casas tem que as da praça sendo por todas 60 e tantas e de telha também a casa do Anselmo Calmon, onde me hospedo e outra menor.

Naquela noite de 3 de fevereiro (sexta feira), D. Pedro II, ao atravessar a mata, guiado pela luz de archotes e do luar, passou o rio Doce em canoa e desembarcou em Linhares precisamente às vinte e quarenta e cinco, conforme ele anotou. E acrescentou:

Ao atravessar a canoa o rio; uns mosquitos que chamam aqui fincudos atormentaram-me.

É fácil imaginar o contentamento do povo, formando duas alas desde o desembarcadouro, na margem do rio e barranca acima, até a grande praça. Muitos foguetes; muitos vivas; iluminação profusa, ajudada pelo quarto crescente lunar; mobilização completa dos recursos da terra em sincera demonstração da reverência do povo ao seu bom monarca. O capitão Antônio Fernandes de Andrade muito trabalhara nos preparativos e lançara mão até do seu crédito pessoal no comércio da vila.

As autoridades conduziram S. M. diretamente à casa de Anselmo Calmon Nogueira da Gama e o fato de trocarem o pálio por umbela não escapou à observação do monarca.

O diário prossegue:

A casa onde estou é pequena e térrea, como todas segundo creio das quais a maior parte coberta de palha.

Já vi o Anselmo filho de João Felipe Calmon de que fala Saint Hilaire; parece boa pessoa e o presidente elogia-o muito pelo [seu] caráter. Veio para o Rio Doce com 10 anos e o pai era baiano de Santo Amaro. O Rafael Pereira de Carvalho que foi [com] a canoa esperar-me, disse que o rio está bom de subir. Reside no Rio Doce.

De manhã, avistei o Mestre Álvaro.

Evidente equívoco de Sua Majestade, pois as montanhas que emolduram a paisagem, na região, são a Aricanga, a Mucurutá e a Pelada.

Conforme o costume, na manhã seguinte, sábado, cedinho, já S. M. se encontrava de pé, não obstante a noite mal dormida.

4 h.

6 h – Choveu muito de noite, e os fincudos perseguiram-me.

Os cavalos que vieram do pouso do Riacho parece que se perderam e as cargas talvez ainda estejam no quartel de Aguiar.

Dentre os súditos e curiosos mais madrugadores que se ajuntavam em frente à casa da hospedagem, D. Pedro II observou os índios, desenhou alguns tipos, e com o auxílio do interprete oficial, ou língua, colheu um pequeno vocabulário. Anotou S. M.:

Apareceram os botocudos alguns com beiço e orelhas furadas, e uma velha com um tremendo batoque no beiço, e outra de menos idade, com batoques no beiço e nas orelhas.

Palavras colhidas do língua que é branco e chama-se Benjamim Antônio de Matos:

Índios mutuns: (nak-ne-nuk)

Rio Doce: Munhan-uatú

rio = uatú

Macaquinho de cara branca: Anhiknhik (assim chamaram logo ao Sapucaí)

Nome: Juntchak

Fumo: Angnang

Milho Jauatá

[Feijão]: [Jauantá]

Árvore: [Chon]

Pássaro: Bakun (u de but)

Caçar: Nhokná

Barbado: Kupirík

Relâmpago: Tarúmrémré

Frecha farpada: Uajikpok

Frecha de ponta de matar pela pancada: Moknhác

Cipó cuja casca prende as penas da frecha: Mré

Batoque: Métó

A jataí: Marék

Os minutos de espera dos aprestos das canoas para o passeio pelo rio, foram, assim, proveitosos. Afinal, partiu o cortejo.

7 menos 20 embarcamos para ver o Juparanã.

O Carlos José Nogueira da Gama é filho de Antônio Joaquim irmão de Manoel Jacinto (marquês de Baependi) e nascido em Portugal; estabeleceu-se no rio Doce em 1825.

O rio estava na época das cheias reguladas até o mês de março; bom para viajar, não só devido ao maior volume d’água, como pela menor incidência das febres palustres nessa época. Se estivesse vazio, aflorariam, ao encanto da vista, as ilhotas de areia, onde os tiradores de jacarandá levantavam palhoças para se abrigaram, às vezes, até pela metade do ano, com suas famílias, provisionados apenas de pólvora, chumbo, linha, anzóis, farinha e sal, confiantes na abundância da caça e do pescado.

A canoa subiu pelo canal sinuoso e profundo, chamado rio Juparanã, que liga a lagoa ao rio Doce.

 D. Pedro detalhou os episódios do passeio:

Sítio do Carlos José Nogueira da Gama em colina continuação da [da] vila; sobre a margem esquerda do Juparanã; margem oposta baixa e depois ambas havendo mais [arvoredo] da direita. O rio é fundo e uma vara ordinária não chega ao fundo; não é estreito; corre muito, e tem voltas grandes; mas por ora não são ásperas; vêem-se nandaias, periquitos de cabeça encarnada; pau-de angélica, com belas flores amarelas; o arvoredo torna-se espesso em ambas as margens.

9 ¼ – choupana arruinada num alto da margem esquerda; lugar sem mato. Vi voar um boguari [ou baguari]. Derrubada na margem esquerda; pertence ao Monteiro, popeiro da canoa em que vou, a qual é comprida, dum só pau de vinhático, pertencente ao Rafael Pereira de Carvalho e chamada Nova Emília; nome duma filha dele. Por [ora] há poucos paus e árvores caídas no rio que em nada embaraçariam a passagem do Pirajá.

10 h duas choupanas num alto na margem esquerda sem mato.

Apareceu uma canoa com o Alexandre Campos e o Chagas, dous cães atrelados para caça e espingarda que tomei.

Evidentemente, o monarca não alimentava pretensões ou veleidades de caçador; do contrário, sentir-se-ia embaraçado para narrar esta proeza:

Já dei 3 tiros e creio que matei um anu.

E o caboclo, se ousasse a sua apreciação, diria que ele era “desinfeliz” na caçada...

O diário prossegue:

Outra canoa com Carlos José Nogueira da Gama e outros, donde dão tiros e atiram foguetes 11 h. Mato rasteiro nas margens.

11 e 7 expande-se a lagoa, circulada de morros, com matos e habitações; é um mar de água doce, tendo 7 léguas de comprido e muita largura. O Pirajá podia subir até a lagoa. Vamos pela margem esquerda, à vara, com 5 palmos a 10 de fundo. A montanha, que se vê mais distante, [muito] longe, fica para o lado da lagoa de Paraná-mirim. Praia de areia chamada do Mosquito que beiramos 11 e 33 m.

Dizem que há tubarões grandes e cações de espada na lagoa que é muito piscosa, pescando-se de rede. A continuação do Juparanã chama-se São José: tem comunicação, pelo lado do S., com a lagoa dos Paus, que vaza nesta, e recebe por esse mesmo lado o rio das Capivaras; forma muitas enseadas. Vejo as mesmas flores amarelas, sem serem as já mencionadas que no rio, mas não vi ainda as brancas. O mato não apresenta por ora árvores belas como o rio, nem se vêem tantas flores. No rio há muitos ingazeiros; mas a fruta não está sazonada.

Canto do Canivete, enseada pequena, com seu tijupá pequeno.

12 e 35m – Três Pontas, com uma colina alta sobre a qual está um sítio, com sua choupana.

Se não fossem os disparos para o ar, das espingardas, os tiros dos foguetes e os constantes vivas dos passageiros das outras canoas, esquentados pelo entusiasmo e pelos repetidos tragos da caninha, seria vista a rica avifauna da lagoa apanhada de surpresa: patos silvestres, marrequinhas, frangos d’água, piaçocas, garças, irerês, ao nível das águas e sobre a verdejante ramagem das árvores: araras, papagaios, maitacas, tucanos e tantas outras espécies, de coloridas e formosas plumagens. Eram abundantes os macucos, os mutuns pinima, jaós, capoeiras, juritis e inhambus. E nem se fale da fartura da caça de pele e couro por aquelas bandas: jacarés, antas, capivaras, veados, tamanduás e onças até. Mas o tempo não era de caçadas, conforme registrou o diário, em trecho que transcrevo à frente.

A Nova Emília contornava de perto a margem da lagoa, deslizando mansamente ao impulso das varas e remos. Levava provisões de boca, das quais S. M. se serviu, para esperar o almoçojantarado que o aguardava na ilha. A comodidade do encosto macio e o cansaço do dia anterior, mal reparado na noite, devido aos pernilongos, convidavam a um cochilo.

Acabo de passar pelo sono.

Canto do Barro Vermelho, com a sua choupana [e rocinha]. Canto do Jacu pouco reentrante. Canto do Jacaré Pequeno. Praia do Jacaré Grande; enseada mais funda com areia. A praia é estreita e vem logo mato com algumas árvores bonitas. Árvores semelhantes a mangues em terreno arenoso. Chama-se tudo Jacaré Grande até uma ponta além da qual se encurva a praia da Onça. Bonita flor roxo-claro que me parece trepadeira.

Atirei duas vezes a umas garças e creio [que] uma foi chumbada; o chumbo é muito grosso; para veado.

Ponta da Onça, onde acaba a praia deste nome; 1 ¾. Canto do Guaxe até aqui chama-se Onça, é fundo este canto e com bela mataria. Há um canto fundo que ainda se chama Guaxe e também é muito bonito com belas árvores. Há muito tempo que não vejo nenhuma casa em qualquer das margens.

Praia do Goitizeiro; acaba aqui [o que] se [chama 8] Guaxe; em junho e julho é que frutifica o goitizeiro – tem areia; bando de periquitos; bando de maracanãs. Canto das Barreiras; grande e bonita enseada com belo mato. Vamos endireitando para ilha do Pedreira onde está o almoço e que pertence ao Rafael Pereira de Carvalho.

Subindo o rio São José, alguns dias, disse-me o Presidente que se encontram bugres, tendo o feitor do Rafael Pereira de Carvalho encontrado há pouco vestígios deles numa exploração, que fizeram pelo rio acima, no 2º ou 3º dia de viagem.

Os tiros da ilha formam longo eco bastante tempo depois de dados nos morros da margem esquerda da lagoa.

8 Provável palavra omitida por Pedro II [Nota do editor].

Barreira vertical, na margem esquerda, quase defronte da ilha. A primeira ponta além da barreira chama-se Ponta do Ouro. O desembarque da ilha é pela parte superior. Formaram degraus na terra da ladeira ornada de coqueiros, e uma ponte de pau para desembarque.

Desembarcamos às 4 menos 20 m.

Receberam-me com o hino em realejo; [já] em Linhares vieram ao desembarque com umbela em lugar de pálio.

A formação da ilha é granítica, e do alto tem bela vista para o lado de baixo.

Gostei muito de estar assentado na ribanceira de pedra do lado da barreira da margem esquerda da lagoa, em cujos 2/3 contando da boca do rio Juparanã da banda da lagoa está situada a ilha.

Havia no cimo da ilha um bom barracão coberto de sapé e outros 2 menores.

O dito barracão, construído por Rafael Pereira de Carvalho, que era um dos integrantes da comissão nomeada para preparar a recepção ao monarca, tinha quarenta palmos de comprimento por vinte e cinco de largura, sendo a terça parte assoalhada um palmo acima do solo, ligada a uma rampa de madeira para a atracação das canoas. Nesse grande rancho estava preparada uma farta mesa, mas D. Pedro II preferiu comer assentado sobre uma pardacenta pedra no alto da ilha, espelhando-se nas águas da lagoa.

Após o almoço, desejando perpetuar a memória do acontecimento, alguém lembrou de enterrar uma garrafa de champanha esvaziada nos brindes, o que foi feito, fornecendo o imperador uma cédula da sua algibeira para ser colocada dentro da garrafa junto a outras pequenas lembranças.

Quase duas horas se deteve o monarca naquela encantadora ilha de Santa Ana e esquadrinhou as suas vinte braças em circunferência, cultiváveis, muito se distraindo com um papagaio palrador do Amorim, que aprendera a repetir os vivas ao seu augusto nome.

Daquela data em diante ficou resolvido que a ilha passaria a chamar-se ilha do Almoço e é com esta designação que ela figura no mapa da província, organizado pelos engenheiros Cintra e Rivière e impresso em 1878.

Mas, posteriormente, firmou-se em definitivo a designação de ilha do Imperador.

Voltemos aos apontamentos de S. M.:

Há uma ilha pequena de pedra entre a margem direita da lagoa e a ilha do Pedreira com que se comunica com um istmozinho de terra. O rio de São José navegava-se 1 légua da foz, e o feitor do Pereira de Carvalho subiu por ele 5 dias encontrando 14 a 18 cachoeiros sendo o 1º maior. Parece que vai em direção de Minas Novas, e dista pouco de São Mateus. A lagoa não é de Paraná-mirim mas Juparanã-mirim, e deságua no rio Doce pouco acima da grande por um rio que não é navegável na seca, e tem muitas voltas. O Pereira de Carvalho diz que as margens da lagoa de Juparanã são saudáveis.

Regresso às 5 e 25 m. Margem direita. O Nogueira da Gama diz que defronte da ilha do Pedreira pertence essa margem à Marquesa de Baependi. Praia dos Cágados, com bela mata. Da margem esquerda da lagoa ouve-se a pancada do mar. Vi outra vez a trepadeira de bonita flor roxo-claro. Há muitas jabuticabeiras e cambucazeiros; mas os cambucás não [são] tão bons como os cultivados; em ambas as margens da lagoa a melhor jabuticaba do tamanho da do Rio; mas de forma de pêra, branca e preta, é a Sacaminhan; também há grumixameiras.

Canto Montemor, com entrada para lagoa não pequena navegável. O tempo da cheia é o da fome, porque não pesca nem caça – dura de dezembro até março.

Há muitos jacarés e grandes na lagoa. A água das lagoas apodrece guardada o que não sucede à do rio Doce, que quanto mais guardada melhor; pois deposita muito.

Saco do Gambá. Barra da lagoa dos Paus, não é navegável por causa dos paus. Saco das Estacas; Lençol Grande, Lençol Pequeno, entrada do rio; 9 h, chegada a Linhares perto das 11. A noite [estava] de belíssimo luar durante a maior parte da viagem. Trouxe das flores roxo-claro.

Ouvi ontem ao Presidente que frei Búbio missionário lhe dissera que as madeiras tiradas para a capela [no] Guandu, são de má qualidade.

O Carlos José Nogueira da Gama é original, estando rouco de dar vivas gritou ao povo que os desse que estava cansado, e já tinha dado a norma dos vivas por ter gritado viva à rainha mãe. Parece que se riem dele por aqui. Tem cara de bom velho; mas [turrista]; é o presidente da Câmara.

As cargas chegaram à 1 da tarde.

 

 

Fonte: Viagem de Pedro II ao Espírito Santo, Vitória, 2008
Autor: Levy Rocha
Compilação: Walter de Aguiar Filho, novembro,2011

 

 

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>>  D. Pedro II em Linhares
>> Colher de prata que D.Pedro II lançou na Lagoa Juparanã em 1860


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