A segunda delimitação do ES
A Carta Régia de 1534 delimitou assim a donataria de Vasco Fernandes Coutinho:
"... cinquenta léguas de terra na dita costa do Brasil, as quais começarão na parte onde acabarem as cinquenta léguas de que tenho feito a Pedro de Campos Tourinho e correrão para a banda do sul tanto quanto couber nas ditas cinquenta.
As quais cinquenta léguas entrarão na mesma largura pelo sertão e terra firme a dentro tanto quanto puderem entrar e for de minha conquista."
Analisando a segunda parte dessa delimitação, a Capitania devia ir "até onde puderem entrar" desde que não ultrapasse o que "for de minha conquista", isto é, o meridiano de Tordesilhas.
Muitos foram os obstáculos opostos à penetração. Por todo o século XVIII houve a proibição da interiorização; não se deviam abrir estradas, não devia haver tráfego, nem circulação.
Segundo assinala Saint Hilaire, ao raiar do século XIX, a faixa povoada não ultrapassava a média de 4 léguas a partir do mar, assim mesmo dividida em duas partes, distantes 80 quilômetros entre si, que tal é a menor distância que vai do Rio Doce ao Rio São Mateus, em linha reta.
A divisão das capitanias foi semelhante às zonas de influências adotadas pelas nações européias no século XIX. Assim, conclui-se que todas essas circunstâncias não deixaram o ES ir além. Só faltava demarcar a linha da nossa ocupação, o que foi feito num processo iniciado com o Auto de Demarcação de limites de 8 de outubro de 1800, e terminado com o acordo firmado entre os Governos do Espírito Santo e Minas Gerais em 15 de setembro de 1963.
Foram 163 anos de desacordos e divergências na fixação de limites das nossas divisas com Estados vizinhos.
A linha fixada no decurso desse extenso período é aquela que corresponde à segunda parte da delimitação estabelecida em 1534: "até onde puderam entrar".
Fonte: Espírito Santo - História de suas lutas e conquistas, ano 2002
Autora: Neida Lúcia Moraes
Compilação: Walter de Aguiar Filho, dezembro/2010
Link Relacionado:
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
Ver ArtigoA obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro
Ver ArtigoPara prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda
Ver ArtigoNo final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações
Ver ArtigoO nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto...
Ver Artigo