As aldeias e os jesuítas no ES – Por Celso Perota
Um tema que está para ser estudado com maior profundidade é a atuação dos jesuítas na Capitania do Espírito Santo.
O Instituto Histórico e Geográfico publicou, em sua revista de número 13, em 1940, o artigo do bispo João Baptista Nery sobre as anotações a respeito da obra inédita do padre Pires Martins, que na realidade é considerado o Livro Tombo de Itapemirim. Essa obra, em que o referido padre faz um relato da organização jesuítica na Capitania do Espírito Santo, foi sistematizada pelo mesmo bispo.
Por essa sistematização, sabemos que os jesuítas tinham uma série de missões que são referidas como "Missões da Companhia de Jesus" (no Sul do Espírito Santo). Estruturalmente elas se parecem com as missões jesuíticas do Sul do Brasil. Ao contrário de Serafim Leite, que privilegiou a estrutura econômica (que existiu), o outro autor deu ênfase às fazendas jesuíticas (de Muribeca, de Araçatiba, de Itapoca e de Carapina).
Pelos relatos do padre Pires Martins, no Sul da Capitania do Espírito Santo as missões estavam organizadas em uma igreja, que funcionava como o centro do trabalho, e uma relação de aldeias que estavam sob a sua jurisdição. A técnica de catequização consistia em manter os índios em suas aldeias. Assim, recebiam os ensinamentos da religião e continuavam produzindo bens de consumo para a sua subsistência. Eles só vinham à missão, ou seja, à igreja sede, para receber o sacramento do batismo.
São relacionadas as seguintes missões:
Missão de Guarapary
Fundada em 1585.
Estimativa de habitantes: 6.000 índios.
Aldeias que pertenciam à Missão de Guarapary:
Aldeia de Guarapary (sede), Aldeia do Campo, Aldeia do Una, Aldeia de Perocão, Aldeia de Meahype e Aldeia de Mãe-bá.
Missão de Rerigtiba
Fundada em 15 de agosto de 1579.
Estimativa de população: 7.000 índios.
Aldeias que pertenciam à Missão de Rerigtiba:
Aldeia de Rerigtiba (sede), Aldeia de Cutinga ou Quatinga, Aldeia de Jabaquara, Aldeia de Araquara, Aldeia de Monte-Urubu, Aldeia das Salinas, Aldeia de Obu e Aldeia de Iriri.
Missão de Orobó
Fundada em maio de 1.580.
Estimativa de população: 5.000 índios.
Aldeias que pertenciam à Missão de Orobó: Orobó (sede), Piúma, Iconha, Tapuama ou Itapuama, Itinga, Imbitiba, Agha, Taipaba ou Itaipava, Taoca ou Itaoca e Piabanha.
Missão de Muribeca
Fundada em 1581.
Estimativa de população: 5.000 índios.
Aldeias que perteciam à Missão de Muribeca: Muribeca (sede), Tapemirim ou Itapemirim, Marathayzes, Calculucage, Siri e Camapuam ou Itabapoana.
Missão de Montes Castelo
Fundada em novembro de 1625.
Estimativa de população: 3.000 índios.
Aldeias que pertenciam à Missão de Montes Castelo: Montes de Castello (sede), Caxixa ou Caxixe, Ribeirão, Barra do rio Castelo e Salgado.
Além das citadas aldeias, para a catequese, os jesuítas mantinham no Espírito Santo uma estrutura econômica: fazendas de Muribeca, em Presidente Kennedy, onde havia criação de gado; Araçatiba, em Viana (cana-de-açúcar); de Itapoca, provavelmente em Cariacica, que produzia farinha de mandioca; e a de Carapina, para legumes. E as grandes igrejas e residências, como N. S. de Assunção, em Anchieta, N. S. da Conceição, em Guarapari, N. S. da Ajuda, em Araçatiba (Viana), e igreja de São Tiago, em Vitória.
Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 19/08/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico: Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2016
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