Padre Brás Lourenço, o pioneiro
Entre os jesuítas que atuaram no Espírito Santo, destacaram-se Brás Lourenço, Diogo Jácome, Pedro Gonçalves e Manuel de Paiva, além do Padre José de Anchieta
O Padre Brás Lourenço nasceu na região de Coimbra, Portugal. Muito jovem, aos 24 anos, entrou na ordem religiosa da Companhia de Jesus. Já era padre, mas se submeteu a uma longa preparação de estudos e doutrinações para integrar-se ao grupo de Jesuítas do Padre Inácio de Loyola. Veio para o Brasil na frota que trouxe o segundo governador-geral. Dom Duarte da Costa. Dom Duarte, que prezava a ordem religiosa dos jesuítas, chegou a confessar-se com o sacerdote Brás Lourenço. Desembarcaram na Bahia, sede do Governo-Geral.
Na Bahia, onde possuíam uma casa, os jesuítas se ocupavam de ensinar as primeiras letras aos meninos da terra e aos meninos órfãos vindos de Portugal. Também criavam filhos de índios e de portugueses com índias, os chamados mamelucos. A religião católica era ensinada com as primeiras letras.
Os jesuítas procuravam aprender a língua dos índios e ensinavam-lhes o português. Era um trabalho constante, ativo, dia após dia, num desdobramento de assimilação de culturas.
Brás Lourenço demorou pouco na Bahia. Foi enviado para o Sul com outros padres. Antes ficou um mês em Ilhéus. Foi ainda a Porto Seguro.
Chegou ao Espírito Santo depois de uma viagem tumultuada. Uma tempestade o alcançou em alto mar. Foi um deus-nos-acuda! Os viajantes rezaram terços e uma ladainha e pediram perdão dos pecados.
O jesuíta foi muito bem acolhido em Vitória. A Capitania do Espírito Santo já havia recebido a visita do Padre Leonardo Nunes, que fez belos sermões, muito apreciados pelos habitantes locais.
Dessa maneira, a chegada do jesuíta Brás Lourenço foi também motivo de satisfação.
Afonso Brás já deixara a Capitania. Brás Lourenço veio substituí-lo como Superior, cargo que ocupou durante dez anos.
Foram anos de trabalho árduo. Os índios viviam em constante confronto com os colonos.
A catequese prosseguia, mas, muitas vezes, com resultados negativos, pois os nativos voltavam à prática de atos de sua cultura, condenados pela Igreja Católica.
Bastante curiosa foi a Confraria contra a maledicência, instaurada pelo Superior Brás Lourenço. Eram tantas e tão acirradas as desavenças, intrigas e calúnias, entre os colonos, que a Confraria trouxe, afinal, resultados benéficos.
Em uma das suas cartas, original em espanhol, o Padre Lourenço descreve a fartura da terra: "É muito pródiga; há também muita caça, como porcos, veados, antas, muitas aves, muito pescado, muitos bons peixes, que pesam 15, 20 arrobas, e alguns, 30 à 40". Reclama das formigas que "no quieren dexar criarse nada". (Arquivo Histórico Ultramarino - Lisboa).
O padre jesuíta impôs normas para os habitantes: confissões de oito em oito, ou de quinze em quinze dias. Ele morava na Casa de São Tiago, em companhia do irmão Simão Gonçalves, que estava ali desde a sua fundação.
Visitas importantes, em termos de colaboração nos ensinamentos cristãos, foram as do jesuíta Luis da Grã, do irmão Antônio e do irmão Fabiano de Lucena. Este último falava muito bem o tupi e, portanto, ajudou muito no entrosamento com os índios.
Em 1564, chegou novo grupo de jesuítas, chefiados pelo Padre Manoel de Paiva, que veio substituir Brás Lourenço. Deixando a Capitania do Espírito Santo, Brás Lourenço foi para Porto Seguro, onde serviu como Superior. Mais tarde tornou-se Reitor do Colégio do Rio de Janeiro.
Fonte: Jornal A Gazeta, A Saga do Espírito Santo – Das Caravelas ao século XXI – 19/08/1999
Pesquisa e texto: Neida Lúcia Moraes
Edição e revisão: José Irmo Goring
Projeto Gráfico: Edson Maltez Heringer
Diagramação: Sebastião Vargas
Supervisão de arte: Ivan Alves
Ilustrações: Genildo Ronchi
Digitação: Joana D’Arc Cruz
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2016
Um edifício como o Palácio Anchieta devia apresentar-se cheio de lendas, com os fantasmas dos jesuítas passeando à meia-noite pelos corredores
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