Complexo Sarmarco – Depoimentos
Samarco: fator de impulso da economia terciária
Oswaldo Vieira Marques, ex-secretário da Indústria e do Comércio e atual presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) analisou o projeto, sintetizando:
"No nosso entendimento, o projeto da Empresa Samarco, inobstante o seu porte, não tem tanta importância em termos regionais se considerado sob o enfoque de grande beneficiador direto da economia capixaba. Muito mais que isto, ele deve ser visto e entendido como um empreendimento de vital importância para a economia brasileira notada-mente no que se refere ao aspecto de mercado exterior, para onde será carreada sua produção. Isso significa, portanto, tendo em vista o montante dessa produção, uma identidade de metas desse projeto com as atualmente perseguidas pelo Governo Brasileiro, qual seja o equilíbrio de nossa balança de pagamentos.
"E, é importante ressaltar, este objetivo estará sempre mais próximo de ser alcançado quanto maior for a contribuição de cada uma das unidades da Federação. O equilíbrio do balanço há de ser obtido através do comércio exterior e com a participação conjunta dos Estados. E exatamente sob esta ótica que deve ser vista a importância maior da Empresa Samarco. A regionalização dos benefícios só pode ser feita de modo indireto, uma vez que Samarco não apresenta efeito multiplicador industrial, assim como também não gerará I.P.I.
"Seus efeitos sobre a economia local, repetimos, se farão indiretos, à proporção que atrai. aloca e absorve mão-de-obra à proporção em que essa demanda de mão-de-obra faça reverter os benefícios eminentemente sociais em benefícios econômicos. De acordo com esses pressupostos é mais fácil antever-se nele um fator de impulso da economia terciária local do que propriamente um elemento de indução de nosso processo de industrialização".
Rebelo: fluxo de gente e recursos
— A inauguração da Samarco representa, para a área de comércio, um importante e decisivo passo, em virtude das múltiplas atividades de serviço que se desenvolverão na região por força da sua grande capacidade polarizadora de trabalhadores. — A afirmativa é do presidente da Federação do Comércio do Estado do Espírito Santo, Sr. Hamilton Azevedo Rebello.
O presidente da Federação do Comércio considerou como imprevisível a transformação que se operará, no decurso dos próximos anos, na região de Anchieta, onde se localiza o empreendimento, sendo que até mesmo Guarapari, pela sua proximidade, tem recebido um fluxo de gente e recursos como nunca recebeu em outras ocasiões.
O Sr. Azevedo Rebello considerou também que, em termos de desenvolvimento, a área de prestação de serviços será a mais bem favorecida pelo projeto da Samarco, uma vez que ela, a empresa já está constituída, mas a multiplicação de atividades de comércio terá uma seqüência interminável e dia a dia mais trabalhadores se reunirão em torno daquele grande pólo industrial.
— A Federação do Comércio é favorável ao desenvolvimento de pólos industriais orientados, pois só assim poderemos ver a distribuição equilibrada da riqueza e, embora se falasse antes que o projeto da Samarco violentava a faixa radiotiva do Espírito Santo, é bom dizer que esses empreendimentos trazem consigo o progresso e de nada adianta termos uma beira de praia linda se continuamos miseráveis.
O Sr. Hamilton Azevedo Rebello considerou como muito importante a participação da Samarco no processo de desenvolvimento industrial do Estado e que num futuro outros empreendimentos na área siderúrgica serão construídos na orla marítima capixaba e que darão à economia nossa um novo dimensionamento.
Finalizando, disse o Sr. Rebello que o Governo do Estado tem uma grande responsabilidade em abrigar esses empreendimentos industriais, que são realmente os responsáveis por um fortalecimento da nossa economia, que viveu sempre na dependência de quase todos os estados da Federação, inclusive para a sua própria sobrevivência, já que importamos quase tudo.
Rabello: geração indireta de ICM
Questionado sobre o que representa o projeto da Samarco Mineração S.A., em termos econômicos, para o Espírito Santo, o secretário da Fazenda, Armando Duarte Rabello, disse que o volume de produção da usina representará "importante contribuição à elevação do Produto Interno Bruto do Estado (PIE)". Disse ainda que embora indiretamente, trouxe melhorias na arrecadação do Estado.
Para o secretário Rabello, ainda que esteja amparada a por isenção do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias (ICM), além de operar com produto não sujeito a imposto na exportação, a Usina de Ubu contribuirá — como já vem contribuindo desde que começou a investir em obras — com boa parcela para a arrecadação do Estado. Isto — enfatizou — através da geração indireta de ICM resultante de seus dispêndios em mão-de-obra e serviços.
Frisou também que contribuirá para melhoria das condições de vida dos municípios de Anchieta e Guarapari, ampliando as atividades comerciais e de serviços, com reflexos diretos sobre a arrecadação municipal. "Contribuirá, finalmente, para a geração de elevado número de empregos a um nível de remuneração mais elevado do que o do salário mínimo regional", concluiu o secretário Armando Rabello.
A colocação do Sr. Rabello, quanto a elevação do nível de remuneração vem sendo notada, principalmente em Vitória, de onde um grande número de técnicos se deslocaram para Ubu, tendo em vista "melhores ofertas salariais".
Ayub: receita direta de 6 milhões
Falando sobre quais os benefícios financeiros e econômicos que o projeto Samarco trará para o Espírito Santo (notadamente no que diz respeito às operações do sistema portuário na Ponta de Ubu, Anchieta), o superintendente do porto de Vitória, engenheiro Jacob Ayub, disse que o terminal representará uma receita direta de aproximadamente Cr$ 6 milhões por ano.
Essa receita, conforme enfatizou o engenheiro Ayub, beneficia diretamente o desenvolvimento portuário capixaba, "cuja influência estadual e nacional é amplamente conhecida". Ele falou também sobre a importância do terminal no contexto estadual e no complexo portuário do Espírito Santo.
Sobre esse item, Ayub observou que "o grande terminal marítimo da Ponta de Ubu representa uma das mais importantes conquistas do Estado para o seu desenvolvimento. A par de um amplo conceito portuário do mais alto significado, Ubu influenciará diretamente no progresso de uma vasta região, seja comercial, industrial, habitacional e serviços paralelos. Em torno de Ubu vai se formar uma nova comunidade, cujos benefícios o futuro próximo mostrará".
CONTRATO
Para regulamentar as operações do terminal marítimo da Samarco, localizado à cerca de 80 quilômetros de Vitória no sentido Sul, foi firmado um contrato entre o Governo do Estado, a Administração do Porto de Vitória e a diretoria da Samarco. Este contrato é renovável a cada ano e determina a forma de pagamento pela Samarco, à APV, pela utilização portuária, segundo o Decreto 8366, Tabela N.
Embora seja um terminal privativo (único no Estado), o porto de Ubu está na área administrativa do Porto de Vitória. Segundo o superintendente da APV o relacionamento entre a Samarco e o porto de Vitória tem sido, desde o início do projeto, de perfeito entendimento e colaboração, sob a orientação da Portobrás.
Fonte: Complexo Samarco – Suplemento Especial de A Gazeta, 29 de setembro de 1977
Compilação: Walter de Aguiar Filho, março/2015
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