Estradas do ES
O Governador Francisco Rubim compreendeu que o problema da colonização do ES estava intimamente ligado ao do transporte. Inútil seria interiorizar o colono, fazê-lo produzir a abandoná-lo à própria sorte.
A ligação com o centro consumidor ou porto de mar era indispensável à sobrevivência dos que se aventuravam à conquista de novas terras. O interdito paradoxal, que a monarquia portuguesa proclamara contra as estradas de penetração, caira. Já não mais se aplicava o afismo dos retrógrados estadistas colonais do "quanto mais caminhos, mais descaminhos".
D. João recomendava aos Governadores da Capitania que se abrissem estradas e se tornasse navegável o Rio Doce. O intercâmbio entre Minas Gerais e o Espírito Santo assume caráter de imperativo político e econômico.
Depois de pacientes estudos, muitos dos quais feitos pessoalmente pelo próprio Rubim, em agosto de 1814, inicia-se a construção da estrada para Mariana e Vila Rica, numa extensão de 72 léguas. Foi o mais arrojado e temerário empreendimento praticado pela monarquia portuguesa no Espírito Santo. Chefiou o serviço o capitão Inácio Pereira Duarte Carneiro, oficial da tropa de pedestres, sediada em Vitória. Os que conhecem hoje a orografia e, notadamente, a orientação magnética, que norteia o rumo Vitória - Ouro Preto, podem avaliar as dificuldades superadas pela construção. Mata fechada, Serras conjugadas. Vales profundos e retorcidos, por onde botocudos trilhavam em suas astutas caçadas.
A atual rodovia Vitória - Belo Horizonte, BR-262 (antiga BR-31), intercepta-lhe o traçado várias vezes. Chamou-se "Estrada Nova de Rubim". Faz conjeturar a existência de outra anterior, de pior traçado e de pouca penetração. É bem provável que os primitivos colonos, que se dissiminaram pela terras de Cariacica e Mangaraí, tenham dobrado o divisor, em demanda do braço norte do Jucu, ou que os faiscadores de ouro do Caxixe e de Castelo houvessem aberto picadas para encurtar a caminhada até o porto de Vitória. A ocupação das fertilíssimas terras de Cariacica é anterior ao século passado. Depois da Independência, a estrada recebeu o nome de São Pedro de Alcântara em homenagem ao imperador Pedro I. Era um picadão aberto a foice e machado, com estivas e pontes de madeira, algumas importantes, tais como sobre o rio Jucu e José Pedro. A estrada, à medida que avançava, recebia a proteção de pequenos quartéis, distanciados de três em três léguas, guarnecidos de pequena tropa de infantes.
Fonte: Biografia de uma ilha, 1965
Autor: Serafim Derenze
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