O ensino na Província do ES
A correspondência ativa do presidente Inácio Acióli com o governocentral fala bem do carinho que os problemas do ensino mereceram de suaadministração. A coleção de manuscritos do Arquivo Nacional guarda numerososofícios seus sobre a matéria.
É de 1829 – antes de deixar o governo da província(82) – é uma relação das aulasexistentes em todo o território capixaba enviada a José Clemente Pereira, à épocaministro do Império, por Acióli Vasconcelos. O documento revela a existência– em toda a comarca – de vinte e sete estabelecimentos de ensino, dos quaisonze públicos, assim distribuídos: de latim – três, um dos quais vago e o terceirodestinado a meninas; de primeiras letras – oito, dos quais dois vagos e um fechado;os dezesseis particulares compreendiam quinze de primeiras letras e um de latim.
A população escolar subia a setecentos e cinco cabeças, sendo que a maioriacursava as aulas particulares.(83)
No ano anterior, em certo trecho da Memória que tão valiosos informesnos proporcionou, o presidente escrevera que a aula de ensino mútuo contavatrinta e seis alunos “e não obstante a sua excelência nem um tem saído pronto”(84). Na mesma oportunidade, acusou os capixabas de “pouco aplicados àsprimeiras letras”.
NOTAS
(83) - Eis a relação das aulas, segundo o Ms. existente no Arquivo Nacional, coleçãoPresidentes do Espírito Santo, IV, p. 188-90v: “Na Cidade da Vitória: aulas públicas – de latim– uma (está vaga e posta a concurso); de primeiras letras – uma de ensino mútuo, com vintee sete alunos; uma pelo método antigo, com cento e quarenta ditos; dita particular – umapelo mesmo método antigo, com quinze ditos. [Na margem, o seguinte: Todas estão dentroda Capital.] Na freguesia da Serra: de primeiras letras – particular – uma com vinte e sete.
Na Vila de S. Mateus: de primeiras letras – pública – uma (está vaga); particular – uma pelométodo antigo, com dezoito alunos. Na Vila de Nova Almeida: de primeiras letras – pública– uma (está fechada por se achar o professor criminoso); – particular – uma dita com trezealunos. Na vila do Espírito Santo: de primeiras letras – pública – uma, com vinte e dois.
Na vila de Guarapari: de primeiras letras – pública – uma (está vaga); particular – umacom dezenove alunos. Na povoação de Muquiçaba, pertencente à Vila: de primeiras letras– particular – uma com doze ditos. Na Vila de Benevente: de primeiras letras – pública– uma (está vaga); particular – uma com doze alunos. Na Vila de Itapemirim: de primeirasletras – particular – uma com doze alunos. Na Vila de São João da Barra: de primeirasletras – particular – uma com quarenta e dois e uma com dez. Na Vila de S. Salvador: aulas públicas – de latim – uma com vinte e sete alunos; uma de meninas, com cinqüenta e cinco; particular – uma com setenta e oito alunos e uma dita com cinqüenta e cinco ditos.
[Todas estas são dentro da vila, reza uma anotação ao lado, referindo-se às aulas da vila de S. Salvador]. Na freguesia de S. Sebastião: de primeiras letras – pública – uma, com quarenta e sete alunos. Na freguesia de S. Gonçalo: de primeiras letras – particular – uma com vinte; outra com trinta e oito; outra com onze; de latim – particular – uma com cinco alunos.”
(84) - Em 1841, já não funcionava a aula de ensino mútuo e o presidente Machadode Oliveira houve por bem extingui-la. Eis como se manifestou, perante a Assembléia Provincial, sobre o assunto: “Notareis, senhores, na tabela desta epígrafe a supressão da cadeira do ensino mútuo, que tem unicamente figurado nas anteriores depois que deixou de ser funcionada; porque nem ela é pretendida, e nem cumpre por ora provê-la, enquanto se não atinar com os meios mais adequados para firmar este método no Brasil, e torná-lo eficaz.
Não sei por que fatalidade esta planta exótica, de que se têm colhido máximas vantagens no outro hemisfério, tenha deixado de prosperar em um solo como o nosso, tão fecundo em elementos que informam a vida científica” (Fala com que o exmo. presidente da Província do Espírito Santo José Joaquim Machado de Oliveira abriu a Assembléia Legislativa Provincial no dia primeiro de abril de 1841. Tipografia Nacional, Rio de Janeiro, 1841).
Fonte: História do Estado do Espírito Santo, 3ª edição, Vitória (APEES) - Arquivo Público do Estado do Espírito Santo – Secretaria de Cultura, 2008
Autor: José Teixeira de Oliveira
Compilação: Walter Aguiar Filho, maio/2018
Pero de Magalhães de Gândavo, autor da 1ª História do Brasil, em português, impressa em Lisboa, no ano de 1576
Ver ArtigoA obra de Graça Aranha, escrita no Espírito Santo, foi o primeiro impulso do atual movimento literário brasileiro
Ver ArtigoPara prover às despesas Vasco Coutinho vendeu a quinta de Alenquer à Real Fazenda
Ver ArtigoNo final do século XIX, principalmente por causa da produção cafeeira, o Brasil, e o Espírito Santo, em particular, passaram por profundas transformações
Ver ArtigoO nome, Espírito Santo, para a capitania, está estabelecido devido a chegada de Vasco Coutinho num domingo de Pentecoste, 23 de maio de 1535, dia da festa cristã do Divino Espírito Santo, entretanto...
Ver Artigo