O Espírito Santo em 1900
Sua população - 209.783 almas - na quase totalidade empregava-se no trato da terra, dedicando-se, de preferência, às culturas de café, cacau, algodão, cana-de-açúcar, milho e arroz.
O comércio desenvolvia-se, principalmente o de exportação e importação, que já se fazia diretamente com os Estados unidos da América, Europa e Argentina. Dois estabelecimentos bancários funcionavam na capital: o Banco Espírito-Santense e o Banco da Vitória.
O território do Estado estava dividido em vinte e duas comarcas, compreendendo doze cidades - inclusive a capital - e dezessete vilas. Sua representação no Parlamento Nacional era constituída, além dos três senadores, de quatro deputados. Para o Congresso Estadual elegia vinte e cinco representantes.
As principais localidades dispunham de estações de correios e telégrafos. A capital ostentava uma dezena de grandes edifícios, nos quais estavam instalados o governo estadual, o Congresso, a Corte de Justiça e outros serviços, além de um teatro, inaugurado durante a primeira administração Muniz Freire.
A comunidade católica - ou seja, a quase totalidade da população - desde 1895 vira satisfeito antigo anelo, isto é, a criação do bispado local. Naquele ano, aos quinze de novembro, o papa Leão XIII promulgou a bula que instituia a diocese do Espírito Santo, com sede em Vitória, e mandava submeter ao respectivo bispo a paróquia de Veado - atual Siqueira Campos - antes incluída na diocese de Mariana.
O judiciário estadual tinha a sua mais alta instância na Corte de Justiça - sediada em Vitória - e composta de cinco ministros, assistidos pelo procurador geral do Estado.
Bem promissoera a vida associativa, principalmente a profana, que tinha nos Clubes Comercial e Alemão - ambos em Vitória - suas mais altas expressões.
Culturalmente, o Estado fizera apreciáveis progressos. A simples existência, na capital, do bispado, Escola Normal, Biblioteca Pública, dois jornais, permite concluir pela presença de uma numerosa classe de homens de letras e saber. Também o interior podia apontar os seus bacharéis, médicos, professores, juízes e promotores de Justiça, além dos vigários, agentes dos correios e telégrafos, que todos eram elementos vivos de uma cultura algo superior à rotina da maior porção dos habitantes da terra.
Fonte: História do Estado do ES, 1ª edição 1951
Autor: José Teixeira de Oliveira
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