Como se escrevia a história nos tempos de Maria Ortiz - Por Mário Freire
O rigoroso cuidado com que todos procuravam, nos primeiros tempos da colonização, atender aos menores deveres impostos pela igreja, bastaria para justificar o pagamento, pela Fazenda Real, no século XVII, do ordenado dos vigários das vilas do Espírito Santo e de N. S. da Vitória, assim como do coadjutor desta, além da ordinária, isto é, de um auxílio anual em vinho, azeite, cera e farinha do Reino aos vigários; e, em Vitória, também aos franciscanos.
Já mostramos que esses encargos advieram para a Coroa, em conseqüência dos Reis de Portugal terem lançado mão dos dízimos mandados arrecadar, no Brasil, como privilégios outorgados à Ordem de Cristo, e confirmados, em 1551, por uma Bula do Papa Júlio III. Justificavam-se, além disso, essas despesas porque cabiam aos religiosos, naquela época, os cuidados da educação e instrução; árduos trabalhos da catequese dos indígenas, a cargo dos jesuítas; assistência a enfermos, num meio constantemente assolado de epidemias; organização das incipientes culturas; conselhos e pareceres, mesmo em matérias estranhas à Religião, como em questões administrativas; e, sobretudo, porque, nos assaltos ou nas invasões à colônia, os religiosos combatiam defendendo-a muitas vezes ao lado dos moradores, e essa atitude desde logo assegurava o concurso dos índios que lhes obedeciam...
Multiplicaram-se os exemplos da dedicação dos religiosos em momentos difíceis ou trabalhosos.
O jesuíta Domingos Monteiro salientou-se em 1619, quando os aimorés assaltaram esta Capitania, como, no século anterior, Brás Lourenço já se distinguira animando com a bandeira de Santiago a defesa desta primitiva e pequena vila, durante um assalto de franceses.
Intemerato, frei Manoel do Espírito Santo, guardião dos franciscanos, recorda frei Basílio Rower assombrou a todos, trazendo um Crucifixo erguido sobre as trincheiras, quando em 1625 os holandeses tentaram invadir Vitória, onde felizmente estava Salvador Correa de Sá e Benevides, de passagem para a Bahia, além do Donatário Francisco de Aguiar Coutinho, empossado em 1620. O franciscano fez mais: notando que a residência dos moradores começava a enfraquecer em alguns pontos, correu à Matriz, e tocou festivamente os sinos em sinal de vitória... Com esse ardil reanimou a defesa onde se fazia mister, até completa derrota dos invasores...
Não temos certeza, observa Macaulay, de que as melhores histórias não sejam aquelas em que um pouco de exagero de narrativa fictícia se empregue judiciosamente. Alguma coisa se perde em exatidão; mas muito se ganha em efeito. Esquecem-se as linhas mais leves; mas os grandes traços característicos ficam para sempre impressos no espírito.
Por ocasião desse famoso assalto, uma moradora; nascida nesta Capitania, despejou um caldeirão de água fervente, acertando em cheio sobre Pedrid ou Petrid, como era conhecido o Almirante Pieter Pieterszoon Heyn, chefe da expedição. O grotesco dessa inesperada cena provocou a retirada dos últimos inimigos.
Com água e azeite ferventes, os moradores do Rio ajudaram a dominar, em 1710, os franceses de Duclerc.
Aos que julgarem o fato uma lenda imaginada por Brito Freire, repetida pelo carmelitano Giuseppi di S. Teresa e pelo escritor francês Alphonso Bauchamp, poder-se-á contrapor a tradição que conservou o nome da heroína — Maria Urtiz, conforme registrou José Marcelino; ou indicar, ainda hoje, o local da casa, há pouco demolida, na qual residia essa heroína capixaba...
Houve realmente, segundo Netscher, uma tentativa de holandeses, para se apoderarem, por essa época, da pequena vila que ele confunde com a do Espírito Santo. E Brito Freire, que, como Vice-almirante, esteve no Brasil em 1653 é, no conceito de Netscher, o autor de um dos melhores livros portugueses a respeito dos holandeses no Brasil.
Fonte: A Capitania do Espírito Santo, ano 1945
Autor: Mário Aristides Freire
Compilação: Walter de Aguiar Filho/ maio/2015
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